Título Original: The Good, the Bad and the Undead
Autoria: Kim Harrison
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 405
Tradução: Rita Guerra
Sinopse:
A vida é dura para a jovem Rachel Morgan. Caçadora de prémios por profissão e bruxa por vocação, o seu trabalho é percorrer as ruas perigosas de Hollows atrás de criaturas sobrenaturais que ameacem os habitantes mais inocentes e vulneráveis.
Sensual e independente, a jovem consegue lidar com vampiros vestidos de cabedal e até escapar ao ocasional demónio, mas um assassino em série que dá caça aos mais perigosos mestres da magia negra é, sem dúvida, forçar os limites.
Para derrotar um mal assim tão antigo e implacável não basta uma personalidade forte e uma mão cheia de feitiços. E se falhar, mais do que o seu corpo, Rachel arrisca-se a perder a alma.
Opinião:
Uma bruxa brilhante, Rachel Morgan faz, novamente, as delícias de um leitor que indubitavelmente procure uma abordagem diferente do fantástico por forma a satisfazer um desejo que obras mais juvenis não consegue preencher nem domar. Consideravelmente bem mais especulativo e surpreendente, o enredo que perfaz Bruxa e Detetive apresenta-se não só superior ao volume que o antecede, Uma Bruxa em Apuros, como também um ponto bastante interessante de partida e passagem para Antes Bruxa que Morta, deixando algumas situações em aberto e momentos de extremo suspense e curiosidade no ar.
Após toda uma série de problemas e pedras no caminho – ela foi marcada por um demónio, transformada em animal, atirada para as lutas de ratazanas sem dó nem piedade e perseguida um pouco por toda a gente –, Rachel Morgan nunca pensou que, para ter mais um pedacinho de sossego e felicidade, tivesse de passar por tudo outra vez. No entanto, as pequenas alterações de uma nova ronda de contratempos são ainda mais maléficas, perigosas e inconstantes que as anteriores, o que a pode deixar em sérios apuros!
Mantendo o mesmo estilo de escrita e narração, Kim Harrison embala o leitor numa aventura do princípio ao fim, sem pontos mortos. Desde situações hilariantes com ketchup a momentos de pura tensão marcadas por uma profunda vertente mística – ora demoníaca ora vampírica – Rachel Morgan é uma protagonista que está sempre em sarilhos, cativando o leitor a entrar na sua atribulada vida e a não mais de lá querer sair.
Esta simples bruxa da terra está mais atrevida, desengonçada e corajosa que nunca, o que permite ao leitor criar uma empatia muito forte com ela. Pessoalmente, gostei da forma como mostrou audácia em todas as vezes que Ivy perdeu as estribeiras, em como enfrentou os avisos e pedidos de afastamento de Nick e Jenks e em como confrontou os inconvenientes que se interpuseram no seu caminho – nomeadamente, o caçador de bruxas que impera terror entre os da sua espécie. O facto de se ter sujeitado, em inúmeras ocasiões, ao perigo, expondo-se, desse modo, a uma morte quase certa, faz dela uma personagem de peso e decididamente interessante e chamativa, que vale a pena seguir em infinitas peripécias. Apreciei também a forma como ela se relacionou com as restantes personagens – o apoio e cuidado com Ivy, o companheirismo e preocupação com Nick, o desafio, arrogância e mistério para com Trent, a necessidade mostrada a Glenn e a ligação instintiva que partilha com Jenks – e as diversas técnicas e métodos de espionagem encontradas aqui e ali.
Ivy, a vampira, conquistou-me em Bruxa e Detetive. Notei uma maior garra e atrevimento da sua parte e deliciei-me com um controlo que podia ser perdido a qualquer momento e que, por si, exibiu altos picos de tensão. Fiquei ainda visivelmente agradada com a relação familiar que ela tem vindo a desenvolver, ao longo de ambos os livros, com o vampiro mais antigo de Hollows e os riscos que essa afinidade poderá criar tanto para ela como para os seus mais chegados.
Jenks, o pixie, continua a ser uma diversão, principalmente pelo seu carisma irónico. Uma personagem super divertida e hilariante de se acompanhar e que, sem dúvida, ajuda a aliviar um pouco da pressão própria da história.
Nick, o namorado, consegue aqui um papel de destaque. O seu lado mais tenebroso, inconstante, insolente para com o outro lado da eternidade e das linhas ley torna-o igualmente mais atraente ao olho do leitor, que procura mais motivos de arreliação e de suspense.
Trent, o de natureza desconhecida, persiste como uma das minhas personagens de eleição neste universo criado por Harrison. Ele é elegantemente arrogante, misteriosamente sedutor e muito, muito poderoso, inclusive, a um nível inimaginável! A sua essência, neste volume em particular, recaiu no facto de finalmente se ficar a saber a sua origem – ou pelo menos parte dela – e nas consequências que essa descoberta acartará. Constatou-se também um crescimento da própria personagem em termos de personalidade e importância na trama, principalmente tendo em conta a inesperada ligação que acaba por tecer com Rachel, ainda que não directamente.
Deixo ainda uma pequena evidência para Kisten, uma personagem secundária que até demonstra algum relevo no desenrolar da acção e que, em todas as suas aparições, expõe um pouco mais daquilo de que é feito. Às vezes não é só o sangue que um vampiro cobiça...
O enredo, em Bruxa e Detetive, está belissimamente estruturado e pensado. Desde o primeiro capítulo em que Rachel se encontra em plena missão de resgate até ao último momento onde cumpre uma promessa capaz de roubar vários sorrisos ao seu leitor, este é um daqueles livros que, embora seja uma leitura algo morosa face a sua complexidade e maturidade escrita – e também público-alvo –, nenhuma vivalma irá querer largar. Assombrosamente motivante e recheado de acção, as descrições falarão por si ao inebriarem os fãs da autora com esplêndidas narrações tanto do ambiente sentido como da acção em si, tornando-se ora violentas, ora meramente descritivas ou ainda incrivelmente sensuais e persuasivas.
Não restam dúvidas de que esta aposta da feminina Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência, veio para ficar. E uma vez que Antes Bruxa que Morta já pode ser adquirido numa qualquer livraria perto de si, pergunto apenas: já se deixou enfeitiçar pela força desta espectacular bruxa?
Certamente, uma obra que recomendo!
4 comentários:
Oh Pedacinho! Bem, eu estava inseguro em adquirir o segundo volume desta saga, devido ao 'Bruxa em Apuros' não ter atingido as minhas expectativas. Mas, depois de ver uma opinião destas, sem dúvida que vou comprar 'Bruxa e Detetive'. Espero gostar tanto como tu.
Eu também espero que sim, Devil. Gostei imenso deste segundo volume, tem muito mais conteúdo, mais acção e é, definitivamente, mais emocionante e surpreendente. No entanto – e não sei se contigo aconteceu o mesmo – continua a ser uma leitura algo lenta pela complexidade da escrita. O que não invalida, de todo, a sua imensa qualidade. :)
Também gostei imenso deste segundo volume da saga da Rachel Morgan.
O primeiro livro foi fraquinho e nada interessante, mas este segundo ate' um sorriso nos lábios me colocou. As personagens "cresceram" significativamente, principalmente a protagonista.. agora espero deliciar-me também com o terceiro volume :)
Eu até achei o primeiro interessante, miga, acho que o pior foi mesmo o estilo de escrita da autora ou, visto não conhecer o original, a tradução. Sinto sempre alguma dificuldade em ler os livros desta autora embora os adore! Já cá tenho o terceiro e só ainda não lhe peguei porque não calhou... mas estou super curiosa em saber a continuação da história!
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