Título Original: My Lord Scandal
Autoria: Emma Wildes
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 334
Tradução: Maria José Santos
Sinopse:
Apesar da sua beleza, Lady Amelia Patton viveu uma vida protegida entre os seus livros. Quando, de repente, se apercebe que é considerada a beldade do Ton, não fica muito satisfeita. O pai, Lorde Hathaway, deseja casá-la, mas a última pessoa que escolheria para marido dela é o filho do seu pior inimigo...
Alexander St. James é um ladrão de corações, mas não é nenhum assaltante. No entanto, tem de recuperar um objecto que pertence à sua família para evitar um escândalo e, por isso, entra furtivamente em casa de Lorde Hathaway, não estando à espera de deparar com a sedutora Lady Amelia no quarto, usando apenas uma camisa de renda...
Desde o primeiro encontro entre ambos que Alexander deixa Amelia sem fôlego - será de medo ou de excitação? Fascinado com a beleza dela e encantado com a sua inteligência, ignora os mexerico escandalosos, à medida que parte à sedução da mulher dos seus sonhos...
Opinião:
Um romance escandalosamente arrebatador.
Admito ser grande admiradora e adepta deste tipo de narrativas pela estrondosa carga emocional que comprimem. Sendo uma combinação perfeita entre romance e sensualidade erótica – sem se tornar vulgar –, oferece ao leitor uma visão alargada e bem estruturada de uma época mais restrita e preconceituosa, onde um mero título ou um simples nome pode ser um entrave à conciliação de uma união perfeita, tecida com verdadeiro amor. Para além disso, encontro também em obras deste género, a possibilidade oferecida de um afastamento da realidade pelo inevitável entrar numa história de bases sólidas e, ao mesmo tempo, dotada de uma leveza e simplicidade abundantemente apreciadas. Ler Emma Wildes é voar, de volta, a uma sociedade inteiramente diferente da actual, regida por normas bastante lineares e preconceitos prévios. Contudo, é maravilhosa a forma como o leitor se consegue idealizar como uma qualquer personagem – seja o pai descurado que não presta a devida atenção à sua única filha; seja o incrível amante que piamente acredita nunca cair na armadilha do casamento e junção de títulos, devotando-se, por consequência, a uma só mulher; seja o amigo ainda atormentado, embora deveras agradecido, por um passado de guerra e ambivalência numa sociedade autoritária; seja a duquesa já com uma certa idade que, a todo o custo, procura reaver a chave de um enigma familiar secular; seja a rapariga inocente que, pela primeira vez, parte para uma temporada em Londres por forma a encontrar um bom casamento ou, até, a viúva de gosto excêntrico e peculiar que sente que uma união por amor é capaz de ultrapassar qualquer obstáculo –, e como, de uma forma única, o leitor se sente compelido a sonhar e a desejar poder voltar atrás no tempo e experienciar tudo, ao pormenor, e em primeira mão. Quem não gostaria de observar o poder da verdadeira influência, a força dos mexericos, as atribulações e ansiedades da constante procura por uma boa associação familiar ou presenciar a real importância que o dinheiro, um título e uma herança pode diferir...?
Este estilo de narrativa, alvejada para um público tipicamente feminino, permite ainda ao leitor – ou devo dizer leitora? – divagar pelas infindáveis terras dos sonhos onde o ideal de homem pode, muito facilmente, ser encontrado. Com uma atitude algo indiferenciada e intrigante, um ar misterioso e perigoso, um sorriso sensual e perverso e um olhar negro profundo e intenso, Alexander St. James – protagonista masculino deste romance em particular – faz as delicias de qualquer leitor. Ele é tudo o que uma mulher poderia desejar ter na sua cama – e fora dela –, um homem de uma paixão imensa e que não logrará a meios para atingir os seus fins. Custe o que custar.
A intensidade do envolvimento entre as duas personagens, em si, é também um dos pontos altos desta obra. Tanto Lady Amelia como Lorde Alexander são personagens apaixonantes e enamoradas pelas mais diversas particularidades da vida – enquanto Amelia dá preferência à literatura que sempre a acompanhou e aos passeios ao romper do dia, pelos jardins, a cavalo, Alexander presenteia-se com o que de mais aprazível a sua condição lhe pode oferecer; mulheres, boa bebida e imprescindíveis amizades. Porem, é bastante claro, logo desde o primeiro instante, que os dois se complementam um ao outro e que, juntos, formam a união perfeita entre o que é adequado, num relacionamento, e o que é insubstituível. As atribulações, os incompreensíveis e incompletos segredos, o espírito vingativo que sobrevoa ambas as famílias e a impossibilidade de contornar as decisões do destino conferem a, Um Homem Imoral, uma energia e exuberância que não passam despercebidas. Logo com a leitura do Prólogo, o leitor sente-se coagido a continuar e, consequentemente, a não mais largar tão fascinantes, provocantes e estimulantes páginas. O desenrolar do lento desabrochar de Amelia e a compreensão de um amor inevitável por parte de Alexander são momentos que guiam o leitor ao longo de toda a narrativa e que, a cada surpresa e encanto, o deixam ainda mais preso à leitura.
O cenário, tanto deslumbrante como comprometedor, de uma Londres vitoriana de tectos altos e vestidos galantes, oferece ao leitor uma ambiência clara e muito própria de uma sociedade superficial onde os homens detém o poder. Contudo, faculta ainda a perspectiva única de que, muitas das vezes, por detrás de uma grande decisão, encontra-se a vontade de uma mulher. Embora não à vista de todos, a mulher desempenha um papel importante, seja através de um relacionamento aprovado pela igreja ou pelo domínio meramente físico exercido como amante – ou amada –, e que magnificamente se encontra representado em, Um Homem Imoral, através da personagem de Sophia McCay. Penso que a qualidade e a presença que as personagens desta obra – todas elas, sem excepção – é bastante clara. Belissimamente representadas, cada uma desenvolve a sua própria ligação com o leitor, deixando-o completamente arrebatado com cada singularidade inesperada ou acção impulsiva. Ainda a acrescentar, não posso deixar de referir a beleza simples e universal dos diálogos criados por Wildes – ora incisivos ora dotados de uma consciencialização e preocupação admiravelmente embutidas nos vários confrontos e dilemas da narrativa, não poderiam ser mais cheios de sentimentos, de humor e de mistério.
Chamo ainda atenção para o pormenor da fita de cetim que encerra as páginas do livro. Um pormenor delicioso que confere um certo esgar de ser proibido, de se ir desvendar um segredo que somente será revelado ao seu leitor. Um detalhe delicado e altamente feminino que, para além de adornar uma capa estonteante, confere ainda uma certa sensibilidade e afeição à própria obra. De certo que será notado quando alguém, na nossa obscuridade inocente, se atrever a dar-lhe uma curiosa espreitadela...
Um Homem Imoral é uma leitura leve agradável de ser desfrutada em qualquer lugar – seja no calor e imensidão de uma praia acompanhada pelo abismo do oceano, ou recostada num sofá envolta numa manta, diante de uma lareira quente e com um delicioso chocolate. Seja em que sítio for, em que momento for, a que hora for, Emma Wildes é um total e completo deleite. Um romance de se ler e desejar por mais. Envolvente, perspicaz e profundamente apaixonante.
11 comentários:
Ups, já estive com a versão de bolso na mão e não comprei, mas certamente será uma próxima aquisição.
Boas leituras;)
Agora fiquei mesmo com muita vontade de ler :)
Beijinhos*
Estou a ler e custa parar. Até agora a dar uma volta pelos blogs se sinto com vontade de voltar para junto de amélia e alexandre.
A não perder
ainda não li nada da autora, mas ja' estabeleci comprar "uma aposta perversa" ainda este mês :)
olá:) acabei na outra semana de ler "uma proposta perversa" e adorei, foi um romance sensual, extremamente apaixonate e não resisti em comprar mais um da mesma autoria e optei por comprar este, "um homem imoral". espero que seja tão bom como o anterior que li.
beijinhos:)
Olá Patrícia, tudo bem?
Antes demais deixa-me dizer o obvio, que tenhas um 2013 cheio de leituras e de novas descobertas literárias.
Mas o propósito do comentário é outro. Acabei de ler todos os livros em portugues da Emma Wildes, uma descoberta muito recente. Gostava de saber se conheces algum autor do mesmo género para eu preencher o meu tempo enquanto não sair o próximo?
Com desejos do melhor para o novo ano, beijos
Olá, Catarina =)
Vou também constatar o óbvio – que o teu 2013, em termos literários e não só, seja um ano cheio de boas surpresas!
Ena, admito, estou com inveja! Adoro Emma Wildes mas ainda não consegui ler todos os seus livros, ando para ler o mais recente dela há mais semanas do que gostaria, mas acabo sempre por não lhe pegar. =( Quanto ao que perguntas, existem muitas autoras do género... tens, por exemplo, Madeline Hunter ou a Jennifer Haymore (esta ainda não li, mas dizem que é muito boa também). Aliás, as hipóteses são muitas! Mas, pelo que me tenho apercebido, estas duas são as mais parecidas com a Wildes, por assim dizer. Não sei se sabes, mas em Janeiro vai sair outro da Wildes, chamado Sussurros Ousados, o que quer dizer que a espera já não será muito longa. =D
Beijinhos
Obrigada pela prontidão.
A verdade é Pecados Escondidos catvou-me principalmente pela capa e pela sinopse, e comprei por impulso. Desde então foi uma maratona para adquirir e ler todos os outros (que não são muitos em Portugal). O Sussurros Ousados já está reservado ;) Estou ansiosissima... Lol
Relativamente às escritoras, obrigada pelas dicas. Andei a rondar no teu blogue e pareceu-me que julia Quinn seria também uma boa aposta, mas tenho medo que seja mais... digamos, monótono.
Os livros da Wildes são um bálsamo para a alma, é o que são! =) Têm sempre capas apelativas e sinopses giras, que cativam o leitor. Normalmente, o conteúdo corresponde às expectativas, mas como ainda só li dois romances da autora, não vou divagar muito mais sobre este assunto das expectativas. Eheheheh =)
Ah, boa! Afinal já sabias... acho a capa do Sussurros Ousados uma delicia!
Oh, a Julia Quinn é muito, muito boa, Catarina! A sério, é quase um patamar à parte, a questão da Julia é que se centra mais na interacção entre as personagens e deixa a componente sensual um pouco de lado. É uma autora super divertida, é impossível não rir à séria com os livros dela.
A descrição que fazes da Julia fez-me lembrar a Jill Mansell, de quem eu também gosto muito e é muito mais moderada, sensualmente falando, do que Emma Wildes
Sim, talvez um pouco... mas a Mansell é puramente contemporâneo. =) Depende um pouco do sentido de humor, também. Acho Julia bem mais divertida que Mansell, que, embora entretenha – esta última – não acho que seja assim algo de extraordinário. =)
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