quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pecados na Noite, Sherrilyn Kenyon



Título Original: Sins of the Night
Autoria: Sherrilyn Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 244
Tradução: Eduardo Fernandes


Sinopse:

No universo dos Predadores da Noite existe um código de honra que até os imortais mas ousados devem seguir: Não magoar. Não beber sangue. Nunca se apaixonar.
Mas, de vez em quando, um Predador parece achar-se acima do código. É nessa altura que sou chamado. Quem sou eu? Sou a fúria que terá de enfrentar. Nada me pode tocar. Nada me pode deter. Sou implacável e insensível. Ou assim pensava eu, até me cruzar com uma Predadora da Noite conhecida como Danger – e não o é apenas no nome, mas na forma como vive a vida. Não confia em mim. E quem sou eu para censurá-la? Apenas ela sabe que estou aqui para julgar, sentenciar e, muito provavelmente, executar os seus amigos.
Danger St. Richard é uma distracção fatal. Algo nela conseguiu despertar um coração que eu julgava morto para sempre. Nesta corrida contra o mal, a única esperança da Humanidade é que eu cumpra o meu dever. Mas como poderei fazê-lo se isso significa sacrificar a única mulher que alguma vez amei?


Opinião:

Sherrilyn Kenyon deveria de ser uma constante na vida literária de qualquer apreciador de uma fantasia predatória mais sensual. Ela é perspicaz com as palavras, intensa com as ideias e excêntrica com a criação de todo um mundo distinto e completo, como o retratado nesta fabulosa saga dos Predadores da Noite.
Para quem conhece a autora e a sua espectacular forma de escrita, de certo que concordará comigo quando digo que Pecados na Noite não desilude. Constantemente em estado de inovação, Kenyon é uma daquelas raras autoras que tem a capacidade, o dom e o poder de não só manter o leitor completa e totalmente pregado ao seu enredo como de o surpreender repetidamente. Com uma série de si já brilhante e provocadora, Kenyon volta a elevar a fasquia com Pecados na Noite, e se antes me senti algo preocupada por, de repente, ver retratadas duas personagens desconhecidas, entãom após desfrutar de tão deleitoso romance, qualquer receio ou dúvida automaticamente se viu dissipado. Acima de tudo, Pecados na Noite é um volume informativo, que proporciona algumas respostas ao leitor, e é exactamente esse aspecto que o torna essencial na estante de todo o ávido seguidor desta saga.

Após a leitura, os pontos positivos que sobressaem são mais que muitos, a começar pelas personagens. Pela primeira vez, o leitor vê-se deparado com uma perspectiva feminina num papel de protagonismo, enquanto Predadora da Noite. Sendo Danger um dos seres letais escolhidos por Acheron, é extremamente interessante a forma como a autora descreve a sua subtileza e agilidade na luta contra os Daemones, e o carisma e sarcasmo com que encara toda a sua restante imortalidade. O seu par, Alexion, não lhe fica nada atrás. Sendo “outra coisa”, foi incrivelmente divertido vê-lo retaliar e debater-se perante a ousada personalidade de Danger assim como presenciar o crescimento de um amor capaz de quebrar toda e qualquer barreira – até a da morte. Ele é também uma personagem curiosa que permite ao leitor desvendar e descobrir um (ainda) magnífico mundo de novidades surpreendentes.
Stryker foi outra agradável surpresa. Bastante mais manipulativo e vingativo, sempre pronto a entrar em acção e a semear a dúvida naqueles que o rodeiam, toma grande partido da revolta implementada nos Predadores da Noite e que, consequentemente, dá início a toda uma batalha interna e externa tanto no seio dos próprios Predadores como, e especialmente, com Alexion. Ainda referente ao mesmo aspecto literário, o ressurgimento inesperado de uma personagem anteriormente morta foi, de igual forma, um momento de intenso suspense e surpresa. É (também) desta forma que Kenyon demonstra ter ainda muitos trunfos escondidos na manga, prontos para serem lançados e revelados, ao leitor, nos momentos mais oportunos e menos aguardados, revitalizando, de forma constante, uma conduta narrativa já conhecida do leitor.
Finalmente, fiquei deliciosamente agradada com o cada vez maior protagonismo de Acheron. Sendo ele “o pai de todos os Predadores”, e ao fim de oito romances, é normal que muitas das questões formuladas acerca do começo de tudo e até mesmo sobre a própria personagem de Acheron comecem a pesar e a necessitar urgentemente de resposta – ou de reviravoltas – e, desse modo, que seja natural adquirir algum destaque embora não se trate, efectivamente, da “sua” história. E, claro, para quem gosta desta saga tanto como eu, que a encaro como uma lufada de ar fresco, sabe que é sempre um prazer encontrar Acheron nas páginas percorridas.

Em termos não tão positivos posso referenciar, talvez, a certa previsibilidade do romance entre os protagonistas. Só que mesmo assim não é um “não gostar” mas mais um facto de já ser algo que se tem vindo a tornar recorrente, acabando (quase) sempre da mesma forma – ou seja, com um final feliz. No entanto, dou nota positiva à ironia e retaliação, também elas cada vez mais presenciadas e activas, entre o “casal” principal deste volume e que, mesmo sendo esperado, confere um agradável e apreciativo dinamismo, alegria e humor durante toda a leitura.
Confesso não ter ficado totalmente convencida em relação à atitude de Xirena. Conhecemos Simi e aprendemos a adorá-la de livro em livro, mesmo com os seus laivos de criança irritante e acções de compras compulsivas, porque ela é, de facto, ainda uma criança. No entanto, com Xirena, estamos perante um demónio supostamente adulto, indubitavelmente feroz e maquiavélico, mas que rapidamente se sujeita a um comportamento mais infantil e irascível o que, pessoalmente, creio ter destoado um pouco a conduta natural da narrativa.

Pecados na Noite é, sem dúvida, um livro obrigatório para quem gosta e/ou segue esta saga. A quem nunca experimentou digo apenas que não sabe o que está a perder! Sherrilyn Kenyon consegue ser sexy, misteriosa e impulsiva, tudo ao mesmo tempo, e sem nunca descurar as suas personagens ou o seu enredo. Mais uma espectacular adição à estante, com uma capa de fazer arregalar os olhos, como a Chá das Cinco já nos tem vindo a habituar.
Excelente!

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