Título: Alex 9 – A Coroa dos Deuses
Autoria: Martin S. Braun
Editora: Saída de
Emergencia
Nº. Páginas: 288
Sinopse:
Estamos no futuro. Sem
saber porquê, a Tenente-Coronel Alex 9 (da 3.ª Unidade de Comandos de Elite) é
projectada para um planeta parecido com a Terra, onde uma guerra entre impérios
medievais se está a travar. Aparentemente, a chegada da jovem despoleta imensas
consequências politicas que ainda estão longe de fazer sentido.
Duzentos anos antes, na
nossa Terra, os mestres Kaoru e Bach, fugitivos de ambas as partes da Grande
Guerra das Corporações, tentam descobrir o enigma que envolve Alex e que a
levou à Segunda Terra. Mas onde conduzirá esta busca?
Entretanto, nessa Segunda
Terra, o Reino de Brodom foi invadido pelos Salteadores das Tribos do Sul e
pelas forças do Duque Wa-Tsu, o Invencível. Mas o pior são as traições que
ocorrem na própria capital e entre os aliados de Brodom.
Opinião:
Num planeta distante, numa
realidade adversa, contraditória, antiga, uma mulher luta por um povo que viu
em si a ardente centelha da esperança, da luta segura, da batalha por um reino,
uma paz, um tempo de bonança. Mas o perigo é um companheiro próximo, de arma em
riste, de língua provocante, e, por isso, a segurança, o mistério e a dúvida
transformam-se numa constante, numa firmeza única de que nada é fiável, nada é
certo.
Alex 9 – A Coroa dos Deuses trata-se da surpreendente continuação de uma trilogia lusa do fantástico e
da ficção científica, que tem vindo não só a ganhar terreno e diferenciação em
relação às demais obras como, em igual medida, tem vindo a cativar até o leitor
mais céptico, mais reticente.
Martin S. Braun é um autor
com um estilo muito próprio, muito seu. As descrições de uma acção frenética
são pontuadas com uma certa repetição – agora, algo moderada – de modo a
transmitir ainda mais rapidez, mais agilidade, mais perigo. Mas também o seu
desenvolvimento narrativo cresceu, levantando assim um pouco mais do véu
espesso e obscuro que esconde a grande maioria dos mistérios, onde, mesmo
oferecendo algumas respostas, se torna impossível não se gerar ainda mais
perguntas.
Para além de uma escrita
mais cuidada, mais limpa e atenta, é nas personagens que se encontra o
crescimento mais acentuado. Embora estas sejam, agora, mais do que muitas, a
verdade é que se nota, claramente, que cada uma serve um propósito, tem um
objectivo e que, como tal, nenhuma foi criada ao acaso. Assim, a curiosidade e
a vontade em descobrir sempre mais é uma sensação constante, permanente, num
enredo que se distingue pelo contraste entre a tecnologia e as espadas de
ferro, entre o progresso terrestre e a era medieval. Desse modo, o vaivém
desenfreado entre uma época e outra, possibilita a que o leitor se veja numa
posição algo ingrata – mas masoquistamente satisfatória – onde, sempre em
aberto, sempre em suspenso, este se vê obrigado a abandonar um determinado
espaço ou personagem, um determinado culminar de sensações ou uma revelação
secreta, para avançar para outro local diferente, outra questão em aberto.
As lutas, as descrições dos
confrontos entre duas frentes, são primorosas ao ponto de se tornarem
indispensáveis à história. E são estes momentos de acção, de dupla intriga,
estes instantes arrojados no tempo capazes de provocar as alterações mais
estrondosas nas vidas dos seus protagonistas, que enaltecem um enredo de si já
fervoroso e ardente. Não restam dúvidas de que, tanto Alex 9 – A Coroa dos Deuses como o volume que o antecede, são
livros que causam boa impressão, que deixam uma pequena grande marca, e que
provocam uma vontade imensa em se querer ler mais, saber mais, descobrir mais.
Esta pode ser uma obra que,
actualmente, se encontra inserida dentro de uma onda mais teen, mais juvenil, dos amantes de fantasia e ficção científica.
Mas para quem ainda não sabe, foi já anunciado o lançamento do terceiro e
último volume desta trilogia, que contará com a compilação das três
«narrativas» num livro só, assim como se verá incluída na secção adulta.
Não se deixem enganar pela
aparência jovem destas capas, pois estas são histórias que podem não só ser
lidas pelo público menos conhecedor, como por aquele que é, invariavelmente,
mais exigente. Uma boa aposta por parte da Saída de Emergência, em algo
que é, pura e totalmente, nacional.
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