Título Original: Veil of Midnight
Autoria: Lara Adrian
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 362
Tradução: Rita Figueiredo
Sinopse:
Guerreira especialista em balas e lâminas,
Renata é superior a qualquer homem - vampiro ou mortal. Mas a sua arma mais
poderosa é o seu extraordinário dom psíquico - uma dádiva rara e mortífera.
Agora um estranho ameaça a sua independência ganha a custo, um vampiro de
cabelo dourado que a atrai para um reino sombrio… e prazer para lá da imaginação.
Viciado em adrenalina, Nikolai distribui a sua própria justiça pelos inimigos
da Raça - e a sua última presa é um assassino implacável. Uma mulher
atravessa-se à sua frente: Renata, a guarda-costas sedutora e calma. Mas os
poderes de Renata são testados quando uma criança que ama é ameaçada, e ela é
forçada a pedir ajuda a Niko. Quando os dois unem esforços, quando o desejo
alimenta as chamas de uma fome mais profunda, a vida de Renata é cercada por um
homem que oferece o delicioso prazer de um vínculo de sangue… e uma paixão que
pode salvá-los ou condená-los para sempre…
Opinião:
O ataque psicológico é uma arma poderosa,
sublime. Provoca, instiga e, na maioria das vezes, exerce um controlo sem
igual. Mas quando esse assalto aos sentidos, esse espasmo, choque, é
repercutido, as consequências de uma voltagem superior, mais fria e intencional,
arrebatadora, podem ser verdadeiramente desastrosas e... mortíferas.
O Véu da Meia-Noite trata-se de um romance extraordinário na medida em que
contempla, ao longo das suas páginas, a capacidade excepcional, intuitiva, da
surpresa constante. Abordando a árdua demanda entregue a Nikolai, e a evolução
avultada que este sofre com o desenrolar progressivo dos acontecimentos em seu
redor, esta obra mostra-se fabulosa no engenho que proporciona ao enredo e na
intensidade física e emocional que confere às personagens, sejam elas
principais ou secundárias.
Lara Adrian volta a provar o seu talento, a sua
mestria, envolvendo a sua trama com um estilo decididamente urbano, moderno e
atento ao detalhe. Cada som, cada sensação ou cheiro são intensificados ao máximo
devido às capacidades dos protagonistas e à própria sensibilidade da escrita.
Esta, então, é maravilhosa, desenvolta e pontualmente divertida, o que não só
impulsiona à leitura desenfreada como também embala o leitor num ritmo sagaz de
pura adrenalina e medo mutável.
Para os que já seguem a saga há tanto tempo
quanto eu, sabem certamente o que vão encontrar. Por isso não é novidade
nenhuma depararmo-nos com um Nikolai inteligente, extremamente corajoso e
destemido e, encanto dos encantos, até mesmo apaixonado. A relação que
estabelece com Renata é simplesmente adorável, preocupando-se este muito mais
com a segurança dela e com as promessas que lhe faz, do que propriamente com a
sua oportuna vida e estabilidade. Em contraste, temos uma protagonista calculista
mas deveras emocional quando espicaçada sobre um certo assunto, e conhecedora
do mundo que a envolve, do significado da sua marca de nascença e do futuro que
a aguarda. Só esse reconhecimento é um atractivo pois permite à trama
desenrolar-se por caminhos até então pouco ou nada explorados.
Ainda que esta narrativa se encontre povoada de
intervenientes singulares, há outros, para além dos principais, que se destacam
pela sua individualidade, carinho e afectividade. Mira, por exemplo, é um doce
de personagem que, em tão tenra idade, vê a sua vida sofrer uma viragem tal que
nem o seu dom, o seu estupendo e tão desejado dom, será capaz de a manter
segura. Ela é astuta e extremamente afável, e é a sua força interior e vontade
de sobrevivência o que atrai o leitor que nem um íman.
Também Andreas Reichen deixa um gostinho amargo.
O que lhe aconteceu devido a uma ausência programada e a forma como decidiu
lidar com a dor deixam antever um romance que virá para arrebatar, para vingar
e para explodir com preconceitos. Embora tenham sido pequenas as passadas dadas
ao longo da história, todas elas foram especiais, marcantes e certamente importantes
para o que aí vem.
Com uma mudança de cenário inesperada e um
confronto inimigo poderoso e viril, os contornos agressivos e violentos deste O Véu da Meia-Noite não podiam ter sido
melhor explorados ou mais bem conseguidos. Todos os ingredientes para um bom
romance de fantasia urbana estão lá – muito sangue, muitas armas e muito amor.
E embora tenha ficado com a sensação de o envolvimento emocional entre Niko e
Renata ter sido afastado um pouco para segundo plano em detrimento do ambiente
de batalha que os persegue – e que eles perseguem –, a verdade é que esse
distanciamento também permitiu a que os dois crescessem não só individualmente
como em conjunto, estabelecendo fortes laços de confiança e companheirismo, em
muito necessários para o funcionamento perpétuo de uma relação (quase) imortal.
Esta saga é, sem sombra de dúvida, uma das minhas
preferidas dentro do género e grande parte desse favoritismo advém da fabulosa
capacidade de envolvência e ligação com as personagens que a escrita de Adrian
deixa no ar. A minha adoração pessoal por esta série de vampiros inteligentes
manifesta-se, claramente, pelo entusiasmo ganho com o simples virar das páginas
e pelos sorrisos esboçados que, mesmo nas situações de maior perigo, não deixam
de me abandonar.
Embelezados por capas espectaculares, estupendas
e decididamente atractivas ao olhar, estes livros são um bálsamo para estes
dias quentes de Verão ou para nos acompanhar naqueles ligeiramente mais frios e
chuvosos que, de quando em vez, teimam em aparecer. Com a presença da calmitude do mar como pano de fundo ou de uma manta e um chazinho quente, o importante é que não deixem estes
livros escapar e que, principalmente, se agarrem a eles como se deles as vossas
vidas dependessem.
Uma aposta única e fantasiosa por parte da Quinta
Essência, uma editora que acerta sempre e que sabe como agradar o público
feminino com romances de outros tempos e de amores delicados.
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