sexta-feira, 29 de junho de 2012

As Histórias de Terror do Tio Montague, Chris Priestley [Opinião]




Título Original: Uncle Montague’s Tales of Terror
Autoria: Chris Priestley
Editora: ArtePlural
Nº. Páginas: 166
Tradução: Joana Neves


Sinopse:

Edgar não resiste às cativantes histórias de terror que o seu tio Montague lhe conta quando o vai visitar, do outro lado do bosque. Mas qual será a ligação do seu tio a estas histórias sinistras?
Prepara-te para morreres de medo quando descobrires o que o tio Montague é, afinal, o protagonista da história mais terrífica de todas!
Um livro assustador... Terás coragem para o ler?


Opinião:

Bem por baixo, no fundo, do véu espesso, opaco, que caracteriza a mundanidade que julgamos como certa, como verdadeira, existe uma realidade adversa, espectral, repleta de emoções. E essas emoções, originárias da mais delicada e terrorífica profundidade do ser, são as sinceras raízes que, entretecendo-se e recriando passados assolados pela dor e pelo medo, provocam o real e levam-no a perder-se nas suas teias por toda uma eternidade fantasiosa.

As Histórias de Terror do Tio Montague trata-se de uma narrativa breve, mas intensa, que, adornada por tantas outras, no seu conjunto, perfaz uma maravilhosa abordagem aos sentidos, intensificando os pequenos medos e desconfortos que, invariavelmente, o ser humano mais sensível e susceptível – como, por exemplo, eu – não consegue evitar deixar a descoberto.
Chris Priestley descreve, de uma forma magnificamente clara e objectiva, quase em jeito de conversa, todos os contornos aliciantes de uma personagem visualmente estranha e atraente, bizarra, culminando numa revelação estrondosa que, de certo modo, deixa o final deste livro em aberto.

Muitos são os rostos que se mostram ao longo deste enredo, e todos eles são marcantes à sua própria maneira, mas é este tio Montague aquele que ostentosamente seduz, desafia e instiga. Os objectos peculiares que colecciona, a habitação decrépita que partilha e a familiaridade, conforto, que transparece são, no mínimo, fascinantes e a sua voz única e singular de contador de histórias provoca os mais agradáveis arrepios. Mas também Edgar merece referência pela incontrolável curiosidade e vontade de agradar a um tio que adora. O seu fascínio pelas histórias de terror de Montague e a sua insistência para que seja desvendado somente mais um conto sombrio, mais uma explicação para tão invulgar artefacto, são o verdadeiro catalisador à leitura.

Todo o cenário que embeleza a trama é deveras intimidador. Se por um lado temos uma casa meio abandonada, povoada por espíritos irrequietos e pela solidão da eternidade, por outro temos um bosque ameaçador e simbólico, que alberga no seu interior os mais assustadores segredos... e habitantes. Contudo, muitas outras paisagens correm pelas páginas deste livro, fortalecendo a atmosfera sombria e mística, bastante brumosa, que se evapora por cada milímetro de papel, de tinta e de cor. Um ambiente caloroso na sua ânsia, efervescente e calmamente negro.

Intensa provocadora de arrepios, esta é uma narrativa indicada a qualquer leitor mas que, certamente, um curioso mais jovem, na flor da idade, a conseguirá apreciar de uma outra forma, muito mais intensamente. Uma forte e incrível aposta por parte da ArtePlural, num autor que se faz acompanhar por ilustrações magnificas e muito dentro do género e ambiência que o livro emana. Assim, não só ficam os parabéns àquele que deu vida às personagens, como também os deixo ao ilustrador que, sem dúvida, fez um trabalho rudimentarmente impressionante. Simples, bonito e... assustador. Gostei.

2 comentários:

Carla disse...

Olá
Bom tenho este livro mas ainda não li, estou a deixar para ler no período de mais ocupação, por ser um livro de contos.
Boas leituras;)

Pedacinho Literário disse...

É um livro que se lê muito bem e rapidamente, Leitora. Mesmo sendo de contos, estão todos muito bem integrados numa história comum, que os une e que deixa um gostinho doce de curiosidade com o conto final.
Espero que gostes!
Boas leituras :D

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