segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Jogos Secretos, Jill Mansell [Opinião]




Título Original: Good at Games
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 384


Sinopse:

Suzy Curtis é a miúda que tem tudo: emprego de sonho, Rolls Royce vermelho e uma arrebatadora estrela de rock como ex-marido. Mas há dias em que nem ela devia sair da cama: ao tentar desesperadamente fugir a uma multa por excesso de velocidade, conhece Harry e vê-se numa alhada que envolve uma amostra de esperma, um polícia e um copo de batido do McDonald’s.
Harry não é propriamente um caso de amor à primeira vista, mas é um caso sério de atração sexual. O que não vem nada a calhar pois a mãe de Suzy acaba de falecer deixando-a a braços com um segredo de família que promete mudar toda a sua vida…


Opinião:

Num universo ficcional chuvoso e acolhedor onde nada é o que aparenta ser à primeira vista, onde a verdadeira beleza muitas vezes se esconde por entre expressões tímidas e roupas simples e onde a surpresa, o sentido de mudança e o amor se encontram mesmo ao virar da esquina, evitar soltar uma gargalhada, um arrepio ou um suspiro mais profundo torna-se uma tarefa não só árdua, e também, algo impossível...

Jogos Secretos trata-se de mais uma narrativa extraordinariamente divertida e dinâmica sobre as peripécias comuns do coração que afectam um fabuloso grupo de personagens peculiares e deveras excêntricas, ligadas entre si através de estreitos laços de amizade, cumplicidade e intuição. Num romance que se adivinha excepcional em surpresas e gloriosos momentos de partilha de afecto, escolha alguma poderia substituir a leveza, descontracção e naturalidade com que esta autora premeia as suas obras, a um público que não só necessita como igualmente procura um meio de escape face o «complicado» do dia a dia.
Jill Mansell escreve com tal carisma e magnetismo, simplicidade e ternura, afeição, que muito dificilmente o leitor conseguirá colocar os seus romances de lado antes do virar da última página. É magistral a imaginação e cuidado que esta autora emprega aos seus romances, bem como a espontaneidade que confere aos seus diálogos, mas, ainda assim, é o humor característico do seu estilo de escrita o elemento que mais atrai nas suas histórias, e que instiga à leitura desenfreada de todas as suas obras.

Parte do encanto envolvente de tão aclamada autora reside, precisamente, nos intervenientes por ela criados e que, consequentemente, preenchem estas páginas com as mais incríveis e inflamáveis confusões caseiras e amorosas. Desde uma família que luta por assimilar e perdoar a traição descoberta após o falecimento da mãe, a uma ex-estrela de rock que há muito deixou para trás o entorpecimento da bebida e, por isso, também os seus dias de músico e compositor, a um par de irmãos tão competitivo quanto brilhante, passando por um cão de personalidade tresloucada e uma mulher viciada em compras... tenham que personalidade tiverem, joguem que jogo jogarem, guardem que segredo guardarem, as personagens com que o leitor se depara nesta longa aventura por terras britânicas são do mais exímio e perfeito alguma vez realizável, o que, por si só, é já de se louvar.

A par com uma diversidade generosa de cenários e breves locais de passagem, e de uma construção narrativa decididamente curiosa e pontuada pela casualidade da vida, pelos encontros e desencontros que nos tropeçam no caminho, está é uma história divertidíssimo que, com certeza, não só agradará a um vasto público apreciador de bons romances como, em igual medida, a todas as fiéis seguidoras do trabalho inconfundível de Mansell.
A um nível estritamente pessoal, Jogos Secretos foi uma leitura que, de forma gradual, me encheu as medidas. Adorei conhecer personagens únicas e sem igual, como é o caso de Suzy, e não consegui evitar apaixonar-me por um dos homens mais casmurros e, ao mesmo tempo, atraentes do mundo ficcional de Mansell, Leo. O humor está lá, o suspense suave também, mas nada retira o mérito a uma autora que, das formas mais impressionantes possíveis, consegue dar a volta à trama de modo a conseguir juntar aqueles casais indispensáveis e perfeitos à história.

Vindo provar que as boas narrativas não se fazem só de capas bonitas, e de entretenimento garantido, esta é mais uma espectacular aposta por parte da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência, que, sem dúvida, continua a apostar forte no romance feminino. Gostei bastante.

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