Título Original: Good at Games
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 384
Sinopse:
Suzy Curtis é a miúda
que tem tudo: emprego de sonho, Rolls Royce vermelho e uma arrebatadora estrela
de rock como ex-marido. Mas há dias em que nem ela devia sair da cama: ao
tentar desesperadamente fugir a uma multa por excesso de velocidade, conhece
Harry e vê-se numa alhada que envolve uma amostra de esperma, um polícia e um
copo de batido do McDonald’s.
Harry
não é propriamente um caso de amor à primeira vista, mas é um caso sério de
atração sexual. O que não vem nada a calhar pois a mãe de Suzy acaba de falecer
deixando-a a braços com um segredo de família que promete mudar toda a sua vida…
Opinião:
Num universo ficcional
chuvoso e acolhedor onde nada é o que aparenta ser à primeira vista, onde a
verdadeira beleza muitas vezes se esconde por entre expressões tímidas e roupas
simples e onde a surpresa, o sentido de mudança e o amor se encontram mesmo ao
virar da esquina, evitar soltar uma gargalhada, um arrepio ou um suspiro mais
profundo torna-se uma tarefa não só árdua, e também, algo impossível...
Jogos Secretos trata-se de
mais uma narrativa extraordinariamente divertida e dinâmica sobre as peripécias
comuns do coração que afectam um fabuloso grupo de personagens peculiares e
deveras excêntricas, ligadas entre si através de estreitos laços de amizade,
cumplicidade e intuição. Num romance que se adivinha excepcional em surpresas e
gloriosos momentos de partilha de afecto, escolha alguma poderia substituir a
leveza, descontracção e naturalidade com que esta autora premeia as suas obras,
a um público que não só necessita como igualmente procura um meio de escape
face o «complicado» do dia a dia.
Jill Mansell escreve
com tal carisma e magnetismo, simplicidade e ternura, afeição, que muito
dificilmente o leitor conseguirá colocar os seus romances de lado antes do
virar da última página. É magistral a imaginação e cuidado que esta autora
emprega aos seus romances, bem como a espontaneidade que confere aos seus diálogos,
mas, ainda assim, é o humor característico do seu estilo de escrita o elemento
que mais atrai nas suas histórias, e que instiga à leitura desenfreada de todas
as suas obras.
Parte do encanto
envolvente de tão aclamada autora reside, precisamente, nos intervenientes por
ela criados e que, consequentemente, preenchem estas páginas com as mais incríveis
e inflamáveis confusões caseiras e amorosas. Desde uma família que luta por
assimilar e perdoar a traição descoberta após o falecimento da mãe, a uma
ex-estrela de rock que há muito
deixou para trás o entorpecimento da bebida e, por isso, também os seus dias de
músico e compositor, a um par de irmãos tão competitivo quanto brilhante,
passando por um cão de personalidade tresloucada e uma mulher viciada em
compras... tenham que personalidade tiverem, joguem que jogo jogarem, guardem
que segredo guardarem, as personagens com que o leitor se depara nesta longa
aventura por terras britânicas são do mais exímio e perfeito alguma vez
realizável, o que, por si só, é já de se louvar.
A par com uma
diversidade generosa de cenários e breves locais de passagem, e de uma
construção narrativa decididamente curiosa e pontuada pela casualidade da vida,
pelos encontros e desencontros que nos tropeçam no caminho, está é uma história
divertidíssimo que, com certeza, não só agradará a um vasto público apreciador
de bons romances como, em igual medida, a todas as fiéis seguidoras do trabalho
inconfundível de Mansell.
A um nível estritamente
pessoal, Jogos Secretos foi uma
leitura que, de forma gradual, me encheu as medidas. Adorei conhecer
personagens únicas e sem igual, como é o caso de Suzy, e não consegui evitar
apaixonar-me por um dos homens mais casmurros e, ao mesmo tempo, atraentes do
mundo ficcional de Mansell, Leo. O humor está lá, o suspense suave também, mas nada retira o mérito a uma autora que,
das formas mais impressionantes possíveis, consegue dar a volta à trama de modo
a conseguir juntar aqueles casais indispensáveis e perfeitos à história.
Vindo provar que as
boas narrativas não se fazem só de capas bonitas, e de entretenimento
garantido, esta é mais uma espectacular aposta por parte da Chá das Cinco,
uma chancela Saída de Emergência, que, sem dúvida, continua a apostar forte no
romance feminino. Gostei bastante.
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