Título Original: The Island
Autoria: Elin
Hilderbrand
Editora: Contraponto
Nº. Páginas: 384
Sinopse:
Birdie Cousins é uma mulher que se orgulha de estar
sempre preparada para todas as eventualidades, mas o telefonema da sua filha
Chess, a anunciar que rompeu o noivado nas vésperas do casamento, é algo que
nem ela podia prever.
Este é apenas o primeiro sinal de que o verão será um
períoso de grandes revelações, ao qual se seguem notícias bem mais trágicas,
que levam Chess a entrar numa espiral de desespero. Com o intuito de ajuda a
filha, Birdie leva-a para a casa de família na bela e rústica ilha de
Tuckernuck, ao largo da costa de Nantucket, juntamente com a filha mais nova,
Tate, e a sua própria irmã, India.
Aqui, cada uma delas
pensa escapar aos seus problemas; mas quando irmãs, filhas, ex-amantes e
segredos bem guardados se juntam numa ilha remota, o que poderia parecer uma
fuga pacífica transforma-se em algo mais...
Opinião:
Existe sempre aquele lugar especial no mundo que nos faz sentir imbatíveis,
que nos faz sentir em casa. Para quatro mulheres, esse lugar é Tuckernuck, uma
ilha onde somente as comodidades mais básicas são atendidas mas, é também essa dispersão
em relação ao exterior que torna este lugar mágico num local de cura, de
amizade e de família. Quando chegam, cada uma esconde um segredo, o seu fruto
proibido, uma mentira ou omissão que, lentamente, as tem vindo a corroer por
dentro. Quando saem... saem livres.
A Ilha trata-se de uma narrativa extremamente familiar
onde os dramas comuns que assolam a vivência das suas mulheres adultas tomam
contornos devastadores, instigando à sua partida para o único local terapêutico
que possibilita uma reaproximação pessoal. Centrando-se nas ocorrências
infelizes em torno de cada uma destas mulheres, a narrativa desenvolve-se de
forma gradual, prestando a devida atenção aos problemas assim como às
oportunidades de reabilitação.
Elin Hilderbrand é fantástica na forma como caracteriza pormenorizadamente
todas as personagens envolvidas neste romance, tomando o cuidado de lhes dar o
protagonismo necessário, de lhes dar realismo. Também o facto de residir no
local escolhido para a acção faz com que o enredo se torne mais palpável, facilmente
imaginável, e para uma leitura que se afigura progressiva, até algo lenta, no
começo, esse pormenor é sinceramente importante.
Os ódios existem, mesmo dentro do seio familiar. As incompreensões, as
invejas, os gestos fortuitos, as escapadelas aos afectos mais simples mas,
aconteça o que acontecer, são os que mais amamos e os que nos são mais próximos
aqueles que nos auxiliam nos momentos de dor, nos momentos mais difíceis, nos
instantes em que julgamos estar perdidos para o mundo. Durante esta leitura,
para mim, foi isso que Tuckernuck representou. Um lugar construído por
recordações, por uma união familiar ancestral tão intensa e revigorante que
fica impossível escapar à sua beleza, ao seu poder rejuvenescedor. Tuckernuck é
um lugar de sonhos, de desejos, de segredos... mas também um sítio que apela à
libertação, à simplicidade e que alerta para o que é verdadeiramente
importante, necessário, indispensável. Julgo que, em certa medida, a própria
ilha acaba por centrar em si parte do protagonismo deste romance visto encerrar
bem fundo no seu interior a origem de tudo, a origem de um amor escrito nas tábuas
de um barco, de um pedido de perdão embelezado pelas maravilhas naturais da
terra, de um relacionamento que se viu destituído do seu mais belo e quente
fruto e de um passado que pode ajudar à aceitação de um futuro incerto mas, de
certo, apaixonante.
As várias vozes que dão vida a esta obra são absolutamente maravilhosas.
Cada uma com a sua personalidade vincada, cada uma com o seu papel de mãe, de
tia e de irmã, cada uma com a sua beleza inconfundível... mas todas elas num
complemento tão singular, tão detalhado e tão envolvente, sentimental, que se
torna visceral continuar a ler, continuar a descobrir e, finalmente,
percepcionar o final feliz – ou não – que cada uma delas merece.
Numa escrita ora pausada, ora pontuada pela adrenalina do conhecimento e
das sensações, A Ilha transforma-se
numa leitura obrigatória para todos aqueles que pretenderem desfrutar de uma
narrativa diferente, de um romance que alberga em si todos os contornos da
saudade, do amor, da amizade e da dor, numa prosa cadenciada mas genuinamente
fascinante.
Quanto a mim, este foi um livro de deslumbres. Apaixonei-me por uma ilha na
qual, com certeza, não sobreviveria muito tempo. Fiquei encantada com um leque
de personagens que soube como me cativar, como me fazer ceder face a
proximidade e realidade que apresentam. Deixei-me levar pelo feitiço de
relações quebradas e de segredos escondidos, pequenas incertezas comuns do ser
humano quando deparado com a oportunidade única de libertação através da
palavra ou da escrita. E, principalmente, deleitei-me com as mil e uma
possibilidades de desfecho, possibilidades de felicidade ou de sofrimento, de
decisões e escolhas, de construção de um futuro.
Mais do que uma leitura de verão, esta é uma excelente aposta por parte da Contraponto,
numa autora que já faz parte de muitas estantes e que, sem dúvida alguma, não
deixará de surpreender. Gostei.
3 comentários:
Deixaste-me curiosa com o livro :) mas tenho de confessar que essa capa já me deixa com a lágrima da saudade pelo verão e as praias :) ai, ai...
A capa é realmente muito fresca... mas deixa transparecer uma ligeireza narrativa que não se encontra, de todo, no conteúdo do livro. Trata-se de uma leitura bastante interessante, eu gostei. :)
Sim, nem sempre as capas dão uma verdadeira "sensação" do que vamos encontrar no interior :P
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