Título Original: The Casual Vacancy
Autoria: J. K. Rowling
Editora: Editorial
Presença
Colecção: Grandes
Narrativas, N.º 537
Nº. Páginas: 494
Tradução: Alberto
Gomes, Manuel Alberto Vieira, Marta Fernandes & Helena Sobral
Sinopse:
Este surpreendente romance sobre uma pequena comunidade
inglesa aparentemente tranquila, Pangford, começa quando Barry Fairbrother,
membro da Associação Comunitária, morre aos quarenta e poucos anos. A pequena
cidade fica em estado de choque e aquele lugar vazio torna-se o catalisador da
guerra mais complexa que alguma vez ali se viveu. No final, quem sairá vencedor
desta luta travada com tanto ardor, duplicidade e revelações inesperadas?
Opinião:
A revolução inicia-se com o anúncio de uma morte súbita. Após traçada
essa linha, o burburinho torna-se no som reinante em Pagford, uma comunidade
que tanto possui de simples quanto de complexa, e que, numa viragem a
descoberto, se vê assolada pela destruição, pela antipatia e pela mesquinhez,
mas, acima de tudo, pela realidade palpável que transparece. Muitos são os
rostos da violência, os que só se interessam por si, os que buscam uma segunda
oportunidade, mas mais importante que isso, são os segredos, as duplicidades,
as aparências que, com tanta intensidade, simplesmente iludem...
Uma Morte Súbita não é um romance simples, linear. Não é um romance que se leia de ânimo
leve nem um romance para qualquer
leitor. Não é um romance de «meios-termos» e, definitivamente, não é um livro
que cative nas primeiras páginas, que se folhei com rapidez, com sofreguidão,
com desespero. No entanto, é um romance que nada tem a ver com a absolutamente
divinal saga Harry Potter mas que, de uma forma algo distorcida e inexplicável,
possui o seu quê de especial, o seu quê de mágico no que respeita ao modo
como aborda a trama, como elabora as suas personagens, como presta atenção aos
detalhes, aos infortúnios, às desgraças. Sem medos, sem complexos, tanto
apresenta o que de bom existe no ser humano como, em igual medida, mostra todas
as maldades, todas as invejas, todos os egoísmos que transformam esse mesmo ser
humano na pessoa que realmente é.
J. K. Rowling é mestra
na sua arte. E, embora inicialmente não a tenha reconhecido nesta obra, não a
tenha vislumbrado neste texto, ao avançar para o desfecho final, para o
colmatar de tantos acontecimentos marcantes e reais, consegui encontrá-la. Porém, o que surpreende é que Rowling
nunca deixou de lá estar, nunca se escondeu, nunca fez por passar
despercebida... simplesmente mostrou uma outra sua faceta, um seu outro lado
maduro, mais perturbador, mais credível, menos... usual.
Se existe livro em que
as personagens são a verdadeira essência da história, então sem dúvida de que Uma Morte Súbita é esse livro. Como uma
peça de teatro que não sobrevive sem a graça e presença dos seus actores
principais, este é um enredo que, de uma forma ou de outra, se centra
exclusivamente em torno das várias famílias que povoam a narrativa. O que, por sua
vez, se reflecte na fluidez que a própria leitura sente falta. Tratando-se de
uma obra sobre pessoas, sobre uma comunidade disfuncional, a atenção recai nas
caracterizações e personalidades de cada voz peculiar, descuidando assim a acção
repentina e constante que persuade e agarra tanto um leitor experiente como um
mero curioso. Porém, é esse lado mais descritivo, menos apressado e mais
prudente, ponderado, o estigma que transforma esta numa leitura mais pausada e
ousadamente segura.
Outro dos elementos
importantes serve de ferramenta que conduz toda a trama, que elabora cada
possibilidade, que tece cada destino, e esse cinge-se, claramente, aos vários
temas – muitos deles actuais e destrutivos – abordados ao longo da narrativa.
Desde o ciúme ao medo, do uso de drogas ilegais à prostituição, do abuso
parental à negligência, passando pela pedofilia, pela esperança furtada, pela
instabilidade social e política, pela tortura da violação, pelo uso da força,
pela traição... este é um romance que expõe, da forma mais crua e cruel possível,
todas estas situações e muitas mais. Sem preconceitos linguísticos, sem abandonos
de identidade, Rowling escreve aqui, em Uma
Morte Súbita, e atinge de tal forma uma sociedade actual que, no meio de
uma pequena vila inglesa, nada existe que esconda a realidade, a verdade, dos
vizinhos.
Quanto a mim, ainda não
sei bem quais os resistentes sentimentos relativamente a esta leitura. Se, por
um lado, foi um choque a audácia e coragem da escritora ao não ser
convencional, ao ir contra as regras,
contra a corrente, por outro, esta não foi uma história que me tivesse
cativado, que me tivesse deslumbrado e enamorado como Harry Potter o fez. Não
comparar a saga de uma vida com este
novo trabalho, é tarefa impossível, pois as trafulhices daquele jovem feiticeiro foram aventuras que acompanharam a minha
adolescência e que, em última instância, me permitiram, que fizeram apaixonar por
um género que, hoje em dia, persiste em ser o meu favorito – a fantasia. Contudo,
embarcar nesta viagem com uma perspectiva Potteriana,
com uma esperança mágica, é o maior
erro que um leitor poderá fazer – e escrevo-o por experiência própria.
Esta é uma forte aposta
da Editorial Presença, num romance perfeito, diferente, interessante e
com uma perspectiva peculiar para todo e qualquer leitor que desconheça o mundo
encantado de Potter, mas que, de igual modo, poderá seduzir leitores seguidores
de Rowling que, de alguma forma, queiram experimentar algo inteiramente novo.
Para mais informações sobre a obra, consulte Uma Morte Súbita
Para mais informações sobre a obra, consulte Uma Morte Súbita
5 comentários:
Espero que este livrinho venha para casa no Natal, e com a tua opinião ainda fiquei mais entusiasmada
É como disse, ainda não consigo decifrar bem quais as sensações que ficaram da leitura mas sem dúvida que é um livro moroso e atento ao detalhe. Só nas últimas 100 páginas, por assim dizer, é que o ritmo aumenta. Mas é uma leitura diferente. =)
Olá :)
Tens um selo à espera no Refém das Letras.
Boas leituras!
http://refemdasletras.blogspot.pt/2012/12/selo-campanha-de-incentivo-leitura.html
Olá!
Deixei-te um selo no meu blog, aqui: http://quandoseabreumlivro.blogspot.pt/2012/12/campanha-de-incentivo-leitura.html
Feliz Natal :)
Obrigada Vc e Denise! =)
Boas Festas!
Enviar um comentário