Eu percebo, a sério que
sim, mas...
Entendo que A Branca de Neve e o Caçador não seja,
na sua real essência, uma adaptação literal, nem tão pouco linear, da clássica
e enternecedora história d’ A Branca de
Neve e os Sete Anões, mas, ainda assim, não me convenceu. Pelo menos, não
por completo...
Sim, dúvidas não restam
de que existem vários pontos de interesse, diversos aspectos tão belos, tão exímios
e excelentemente concebidos, que alcançam um certo tipo de grandiosidade fílmica
que me transcende. Porém, muitos são igualmente os elementos que se evidenciam
pela negativa e pela abordagem algo comum, algo esperada, que provém já do
conhecimento que o espectador tem sobre o desenrolar da história.
O início é quase
perfeito...
Se a atmosfera
envolvente de um caçador de cerrado sotaque escocês que narra uma vida sua
conhecida, um passado que se mostrou sombrio, sobre como três gotas de sangue
jorradas dos espinhos de uma única, forte e sobrevivente rosa vermelha por
entre imensos flocos de neve acabaram por ser o começo de uma trágica e
comovente história acerca dos indícios e das consequências da beleza eterna, é
a sombra e o espectro curioso que cobre de mistério um espectador atento, a
etérea Snow é a voz, o rosto que, por
mais que tente, por mais que se esforce, simplesmente esmorece as expectativas
e as grandiosas possibilidades que esta película poderia – aspiraria! –
alcançar. É que com uma Charlize Theron impressionante, soberba no seu papel de
eterna Rainha Má, seria de esperar uma igual força da natureza, com uma
presença dominante, para sua adversária. E não consigo encontrar, em Kristen, a
valentia e a credibilidade que essa personagem, essa Snow White, personifica. Sim, a beleza está lá, no interior, na
pureza de coração, na elegância da cura, na alegria que advém da sua presença,
mas a performance que a acompanha, o
rosto que percorre uma muito limitada variedade de expressões, de emoções, de
lágrimas ou sorrisos, não ultrapassa o estigma que, certamente, continuará a
percorrer Stewart (sim, Bella encontra-se bem presente neste filme!). Talvez
esta tenha sido uma escolha calculada – Twilight é um sucesso de proporções gigantescas –, talvez tenha sido uma decisão
precipitada, mas tenha sido o que for, a mim, não me persuadiu (terei sido a
única?).
A componente visual é,
verdadeiramente, o que cativa, o que
prende, o que faz todo e qualquer espectador apaixonar-se perdidamente. Os
efeitos especiais estão spot-on e tendo em conta todas as nuances
encontradas, desde os horripilantes bicharocos e «criaturas» da Floresta Negra
à natureza e fadas da luminosa e brilhante Floresta Encantada, é absolutamente
impressionante e, de se tirar o chapéu,
ao resultado, à combinação, que este filme apresentou.
Também a realização foi
uma surpresa. Rupert Sanders tem olho para o que é belo, e isso nota-se ao
longo de toda a narrativa fílmica. Não só a beleza das paisagens, das
caracterizações, do vestuário real, da contextualização histórica é algo que
surpreende, como a própria efemeridade da imagem em si, do enquadramento, da
sequência dos planos, é sublime.
No fim, ficam os
desejos de algo mais. Fica a vontade
de algo diferente. Fica o vazio de um
conteúdo que não consegue igualar o seu «exterior». Foi agradável presenciar
uma Snow mais destemida, mais
aventureira, guerreira até, assim como uma Ravenna maléfica e maliciosa,
corajosa inclusive, e um Huntsman
robusto, com uma história bem mais profunda e sofredora do que o esperado, mas
um beijo encantado que proveio de um homem que, apesar de querer abalar o
passado, não é nenhum prince charming
(no literal sentido da palavra), uma protagonista que não se mostrou forte o
suficiente, e um leque de momentos que fizeram lembrar tantos outros de tantos
filmes épicos, marcaram uma história, um filme que, a nível pessoal, pouco mais
conseguiu ser que um regalo para os olhos.
Uma pena, na verdade.
5 comentários:
Revejo nas tuas palavras a minha opinião sobre este filme.
É realmente um filme com cenas incríveis e muito boas, mas que peca "no vazio" que se sente na maior parte das cenas com Kristen Stewart. Charlize Theron esteve simplesmente maravilhosa no seu papel e encarnou-o perfeitamente. E por isso, o espectador sente uma enorme diferença entre as duas personagens que deviam estar mais equilibradas na grandiosidade e força que mostram.
Sim, definitivamente um filme que poderia ter sido muito mais...
Partilho totalmente a tua opinião.
Uma Branca de Neve meio apagadita e uma Rainha Má soberba.
Um filme que poderia ser muito mais, revelou-se apenas um bom filme.
Bom ano
bj
Olá!
Já vi este filme e acabei meio desiludida, porque esperava mais.
A Kristen está um bocadinho diferente do que a Bella de Twilight, pois parece ter mais energia e até algumas expressões faciais.
Gostei do papel da rainha, foi a minha personagen favorita. No entanto, esperava mais por parte do caçador.
Realmene os efeitos visuais são atrativos e o filme podia chegar a ser qualquer coisa de fantástico.
Boa semana! Nameless
Olá, meninas =)
A minha opinião, como puderam ler, é a de que realmente o filme tinha – e tem – um potencial fantástico mas que não consegue atingir tudo aquilo que poderia ser. A começar pela escolha de casting e a terminar em algumas opções criativas, a verdade é que muito mais poderia ter sido feito – visto ser uma versão bem mais madura e negra que a «original» –, e não foi. Congratulo o Sanders pelo aspecto visual e cinematográfico do filme, que está lindíssimo, e pela própria realização, com queda para tudo o que é belo, mas... fico-me por aí. A Charlize está um máximo mas todos os outros, fora, talvez, o irmão maluco dela e os anões, estão bem abaixo das expectativas.
Boas Festas =)
Olá!
Tens um selo para ti no meu blog!
Bjs*
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