quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

«A Branca de Neve e o Caçador» [Movie Bites]



Eu percebo, a sério que sim, mas...
Entendo que A Branca de Neve e o Caçador não seja, na sua real essência, uma adaptação literal, nem tão pouco linear, da clássica e enternecedora história d’ A Branca de Neve e os Sete Anões, mas, ainda assim, não me convenceu. Pelo menos, não por completo...
Sim, dúvidas não restam de que existem vários pontos de interesse, diversos aspectos tão belos, tão exímios e excelentemente concebidos, que alcançam um certo tipo de grandiosidade fílmica que me transcende. Porém, muitos são igualmente os elementos que se evidenciam pela negativa e pela abordagem algo comum, algo esperada, que provém já do conhecimento que o espectador tem sobre o desenrolar da história.


O início é quase perfeito...
Se a atmosfera envolvente de um caçador de cerrado sotaque escocês que narra uma vida sua conhecida, um passado que se mostrou sombrio, sobre como três gotas de sangue jorradas dos espinhos de uma única, forte e sobrevivente rosa vermelha por entre imensos flocos de neve acabaram por ser o começo de uma trágica e comovente história acerca dos indícios e das consequências da beleza eterna, é a sombra e o espectro curioso que cobre de mistério um espectador atento, a etérea Snow é a voz, o rosto que, por mais que tente, por mais que se esforce, simplesmente esmorece as expectativas e as grandiosas possibilidades que esta película poderia – aspiraria! – alcançar. É que com uma Charlize Theron impressionante, soberba no seu papel de eterna Rainha Má, seria de esperar uma igual força da natureza, com uma presença dominante, para sua adversária. E não consigo encontrar, em Kristen, a valentia e a credibilidade que essa personagem, essa Snow White, personifica. Sim, a beleza está lá, no interior, na pureza de coração, na elegância da cura, na alegria que advém da sua presença, mas a performance que a acompanha, o rosto que percorre uma muito limitada variedade de expressões, de emoções, de lágrimas ou sorrisos, não ultrapassa o estigma que, certamente, continuará a percorrer Stewart (sim, Bella encontra-se bem presente neste filme!). Talvez esta tenha sido uma escolha calculada – Twilight é um sucesso de proporções gigantescas –, talvez tenha sido uma decisão precipitada, mas tenha sido o que for, a mim, não me persuadiu (terei sido a única?).


A componente visual é, verdadeiramente, o que cativa, o que prende, o que faz todo e qualquer espectador apaixonar-se perdidamente. Os efeitos especiais estão spot-on e tendo em conta todas as nuances encontradas, desde os horripilantes bicharocos e «criaturas» da Floresta Negra à natureza e fadas da luminosa e brilhante Floresta Encantada, é absolutamente impressionante e, de se tirar o chapéu, ao resultado, à combinação, que este filme apresentou.
Também a realização foi uma surpresa. Rupert Sanders tem olho para o que é belo, e isso nota-se ao longo de toda a narrativa fílmica. Não só a beleza das paisagens, das caracterizações, do vestuário real, da contextualização histórica é algo que surpreende, como a própria efemeridade da imagem em si, do enquadramento, da sequência dos planos, é sublime.


No fim, ficam os desejos de algo mais. Fica a vontade de algo diferente. Fica o vazio de um conteúdo que não consegue igualar o seu «exterior». Foi agradável presenciar uma Snow mais destemida, mais aventureira, guerreira até, assim como uma Ravenna maléfica e maliciosa, corajosa inclusive, e um Huntsman robusto, com uma história bem mais profunda e sofredora do que o esperado, mas um beijo encantado que proveio de um homem que, apesar de querer abalar o passado, não é nenhum prince charming (no literal sentido da palavra), uma protagonista que não se mostrou forte o suficiente, e um leque de momentos que fizeram lembrar tantos outros de tantos filmes épicos, marcaram uma história, um filme que, a nível pessoal, pouco mais conseguiu ser que um regalo para os olhos. Uma pena, na verdade.


5 comentários:

Vera disse...

Revejo nas tuas palavras a minha opinião sobre este filme.
É realmente um filme com cenas incríveis e muito boas, mas que peca "no vazio" que se sente na maior parte das cenas com Kristen Stewart. Charlize Theron esteve simplesmente maravilhosa no seu papel e encarnou-o perfeitamente. E por isso, o espectador sente uma enorme diferença entre as duas personagens que deviam estar mais equilibradas na grandiosidade e força que mostram.
Sim, definitivamente um filme que poderia ter sido muito mais...

Clarinda disse...

Partilho totalmente a tua opinião.
Uma Branca de Neve meio apagadita e uma Rainha Má soberba.
Um filme que poderia ser muito mais, revelou-se apenas um bom filme.

Bom ano
bj

Unknown disse...

Olá!
Já vi este filme e acabei meio desiludida, porque esperava mais.
A Kristen está um bocadinho diferente do que a Bella de Twilight, pois parece ter mais energia e até algumas expressões faciais.
Gostei do papel da rainha, foi a minha personagen favorita. No entanto, esperava mais por parte do caçador.
Realmene os efeitos visuais são atrativos e o filme podia chegar a ser qualquer coisa de fantástico.

Boa semana! Nameless

Pedacinho Literário disse...

Olá, meninas =)
A minha opinião, como puderam ler, é a de que realmente o filme tinha – e tem – um potencial fantástico mas que não consegue atingir tudo aquilo que poderia ser. A começar pela escolha de casting e a terminar em algumas opções criativas, a verdade é que muito mais poderia ter sido feito – visto ser uma versão bem mais madura e negra que a «original» –, e não foi. Congratulo o Sanders pelo aspecto visual e cinematográfico do filme, que está lindíssimo, e pela própria realização, com queda para tudo o que é belo, mas... fico-me por aí. A Charlize está um máximo mas todos os outros, fora, talvez, o irmão maluco dela e os anões, estão bem abaixo das expectativas.
Boas Festas =)

Maria disse...

Olá!

Tens um selo para ti no meu blog!

Bjs*

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