Título Original: Ecstasy
Autoria: Bella Andre
Editora: Planeta
Manuscrito
Nº. Páginas: 168
Tradução: Maria das
Mercês de Sousa
Sinopse:
Charles Gibson é um
escritor de êxito, mas devido aos temas que escreve afasta as mulheres e
sujeita-se a blind dates que os
amigos lhe propõem. Candace Whitman, recém-chegada à literatura erótica, tem
encontrado diversos obstáculos pelo caminho. Cansada de ser criticada, decide
ir a uma conferência de escritores com o objectivo de aprender, onde acaba por
conhecer o seu ídolo: Charles Gibson, o autor bestseller de romances eróticos. Charles propõe-lhe cinco lições
para lhe ensinar as noções básicas do erotismo, criação de cenas, ou seja, conselhos
muito válidos para obter bons resultados. Mas o que nenhum dos dois esperava
era que as lições teóricas passassem à prática. Infelizmente, a desilusão de
Candace em relação ao novo romance que está a escrever – no qual Charlie
desempenha o papel principal – ameaça-lhes a possibilidade de desfrutar de um amor
verdadeiro. Conseguirá ela separar a fantasia da realidade?
Opinião:
Podem ser aqueles livros que nos deixam
envergonhadas no metro, ou aquelas histórias
que suscitam a nossa curiosidade quando as vemos passar ao nosso lado, ou ainda
os tais romances que queremos ler...
mas que não temos coragem de pegar na livraria, de folhear em casa com o
namorado, ou de novamente arrumar dentro da mala quando nos é impossível
encontrar a carteira numa qualquer loja de rua. Seja como for, o género erótico
e sensual tem vindo a ser uma presença assídua em muitas estantes e,
tratando-se do típico romance de moda,
não há como lhe conseguir resistir... pelo menos por muito tempo.
Sedução pode parecer
ser mais uma de entre muitas outras obras
que abordam o amor de forma provocadora, carnal e crua, e onde a paixão e a volúpia
tomam o controlo total da narrativa, mas a verdade é que, mesmo em tão poucas páginas,
este consegue ser um enredo que apresenta o seu quê de novidade e sensualidade, adquirindo um erotismo e lascívia
muito próprios de uma escrita que se mostra bem mais simples e directa, áspera,
rude, que o normalmente encontrado.
Bella Andre não
pretende complicar, Bella Andre não pretende elevar o seu sedutor livro ao
estatuto de obra-prima. O que Bella Andre realmente ambiciona é relatar a história
de afecto, a envolvência física e a necessidade básica e emocional existente
entre um casal de protagonistas comum e mostrar, aos seus leitores e ao mundo,
o poder do perdão e a força de um sentimento tão rudimentar e, ao mesmo tempo,
essencial como é o caso do amor.
Embora particularmente centrado
nas acções, desejos e vontades partilhadas por Gibson e Candace e, assim,
desenvolvendo o que de importante e fundamental se vai passando na vida destas
duas figuras, foi, para mim, o casal ficcional do romance de Candace aqueles que realmente me fizeram
palpitar o coração, me apressaram a virar as páginas, me fustigaram a
curiosidade até mais não. É que mesmo tendo Gibson e Candace um relacionamento
bastante activo e criativo, onde se encontram presentes as várias formas de
entrega e confiança, de companheirismo e amizade amorosa, são a inocente Jolene
e o misterioso Zane os intervenientes, ainda que secundários, que elevam o
erotismo e a sensualidade ao seu exponente máximo. As descrições selvagens e
baseadas no instinto que atravessam a mente de Candace até lhe aprontarem os
dedos, e o secretismo, o fruto proibido
e pecaminoso que é escrevê-las, que é imaginá-las uma vez mais, transmitem toda
uma série de sensações que facilmente roçam a adrenalina literária do real e que rapidamente vão de encontro a
um leitor mais sensível e não
preparado.
Outro elemento que
achei interessante recai, precisamente, na vertente romancista que Sedução hospeda nas suas páginas, ao
retratar Candace como uma mulher algo perdida cujo sonho e anseio em se tornar
uma escritora de romances eróticos a leva a uma convenção literária que a mim
muito me agrada no sentido em que se apresenta como um mundo cheio de ideias e livros. É assim que ela vai de encontro
a Charles Gibson, que é referido como um conceituadíssimo autor do género.
Assim, para além da componente romântica que envolve uma relação emotiva criada
através da experiência e da descoberta, da pesquisa factual dos sentidos, vem também a descoberto a real paixão por um género
literário, o embaraço que o mesmo ainda provoca na população em geral e as
dificuldades que a construção de um livro pode acalentar.
Quanto a mim, esta foi
uma trama que fluiu velozmente tanto pelo seu tamanho como pelo interesse e
facilidade que o conteúdo inspira, e que, principalmente, serviu o seu propósito,
que foi o de entreter. Em pouco mais de duas horas estava lido e ainda que não seja
um romance que envolva muita construção narrativa ou a nível das personagens, dúvidas
não existem de que é, e isso sim, bastante provocador. Admito que gostava de
ter presenciado um maior desenvolvimento das ideias da autora, tanto a nível da
história principal como do romance erótico em si, mas esse não foi também um
factor determinante o suficiente para me fazer desgostar do livro.
Uma interessante aposta
por parte da Planeta Manuscrito que, cada vez mais, tem vindo a
conquistar o mercado pela variedade – e qualidade! – das obras que publica. Com
uma capa chamativa e a ser lançado na altura
certa, este é um romance divertido e simples que, certamente, agradará aos
mais curiosos pelo género. Gostei.
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