Título Original: Oceans of Fire
Autoria: Christine
Feehan
Editora: Saída de Emergência
Nº. Páginas: 338
Tradução: Nanci Marcelino
Sinopse:
Sendo a terceira filha
de uma linhagem mágica, Abigail Drake nasceu com uma afinidade mística por água
e dotada de laços particularmente fortes com golfinhos. Ela passou toda a sua
vida a estudá-los, a aprender e a nadar com eles nas águas do mar da sua cidade
natal. Sea Haven...
Até ao dia em que
testemunhou um assassinato a sangue frio na praia à beira-mar e deu por ela a
fugir para salvar a sua vida, indo cair nos braços de Aleksandr Volstov. Ele é
um agente da Interpol a seguir o rasto de antiguidades russas roubadas. Um homem
implacável que obtém sempre aquilo que pretende, e o homem que já destroçou o
coração de Abigail. Mas ele não permitirá que a única mulher que alguma vez
amou fique em perigo, ou que lhe escape por entre os dedos...
Opinião:
Quando o dom que nos
torna especiais, que nos torna únicos, é o ponto de ruptura numa relação que em
tudo se mostrou promissora, a dor do abandono e a mágoa de um amor que não se
revelou verdadeiro, frutífero, é a chama que consome a réstia de esperança cravada
forte no coração. Contudo, ele, esse sentimento incontrolável e perpétuo, mantém-se
próximo, mantém-se alerta, e devido a uma série de circunstâncias pautadas pelo
destino, a possibilidade de uma reaproximação, de uma reconciliação, talvez
seja mais auspiciosa, mais firme, do que o que primeiramente pensado.
Oceanos de Fogo trata-se do
terceiro volume de uma série de sete romances que retrata a passagem emocional
e espiritual de uma irmã – Abigail Drake – face a sua impotência em aceitar a dádiva
que a completa e a sua inabilidade em seguir em frente, em se tornar
independente, dado um acontecimento traumático que a avassalou quatro anos
antes. Duplamente marcada, Abbey esconde-se do amor e deixa-se levar pela falta
de confiança, de determinação, na verdade que constantemente a acompanha.
Centrando-se no visionário desta deusa
da sinceridade, este é um romance que cativa e que se mostra, em tudo, muito
superior aos dois que o antecedem.
Christine Feehan possui
uma escrita bastante aberta, bastante expressiva, no entanto, e talvez por
querer mostrar toda uma série de pormenores importantes à mente imaginativa do
leitor, acaba por sofrer um certo desenvolvimento lento, pausado, que por vezes
se torna um entrave à fluidez da própria narrativa. A mim, isso traduziu-se
numa leitura por vezes difícil, cadenciada, mas não creio que esta seja uma
questão suficientemente robusta ao ponto de retirar o mérito criativo que a
autora, claramente, detém.
Numa série onde cada um
dos embalos femininos, fruto de uma linhagem familiar mágica, é especial à sua
maneira, possuindo dons que visam ajudar na perigosa demanda que é proteger Sea
Haven, não é de admirar que a força e o poder das personagens seja uma das, se
não mesmo a, componentes mais
importantes e imprescindíveis do romance.
Abigail encerra em si,
no seu íntimo, um carisma impressionante, inviolável até, na medida em que a
sua afinidade com uma das criaturas marítimas mais inteligentes e interessantes
– os golfinhos – se torna um atributo integrante da narrativa. Foi realmente
tocante ler a relação tecida entre humana e animais, e o modo como a comunicação
existente entre ambos rapidamente se transformou num bem essencial à vivência
das duas espécies.
Aleksandr, por seu lado
e tendo em conta esta série, é, obrigatoriamente, o meu herói de eleição. A
determinação que o move, o impulso que o arrebata e a voracidade com que lida
com todos os perigos que o levaram a Sea Haven é, verdadeiramente, admirável.
Dono de uma beleza intelectual incrível, esta é uma personagem que agarra de
imediato, que instiga simpatia, e que provoca, num piscar de olhos, os mais
provocadores arrepios.
Para além das atribulações
comuns do enredo, sobressai com igual intensidade a fórmula imutável criada
pela autora, onde não somente o romance detém um papel de destaque como, e também,
a acção e o mistério são temas, sensações, trabalhadas com o intuito de
provocar e prender a atenção e a curiosidade do leitor. Numa mistura altamente
explosiva e com os sentimentos sempre à flor da pele, Feehan elabora, em Oceanos de Fogo, uma trama repleta de
abordagens arriscadas e reviravoltas estonteantes, não se limitando à descrição
dos momentos de maior adrenalina ou magia, mas também captando, com perfeição,
a química existente entre Abbey e Sasha, assim como a hilaridade que a própria
figura de Jonas – principalmente se Hannah se encontrar presente também! –
desperta. A par dos vários momentos descritivos dos múltiplos actos de magia
existentes ao longo da obra, e do quê
e de que modo cada uma das irmãs
contribui para o salvamento, a resolução do/s problema/s assentes com o
desenvolver da narrativa, outro dos elementos mais atractivos emergentes destas
páginas – embora ainda só se tenha tido acesso a um pequeno vislumbre – é Ilya.
Quanto a mim, Oceanos de Fogo traduziu-se numa leitura
bastante mais agradável e estimulante que qualquer um dos dois romances
anteriores, desenvolvendo-se com maior afinco e estabilidade. Ainda que o
estilo de escrita da autora não seja propriamente a minha praia, e um ou dois
elementos mais secundários neste livro em particular mas com grande influência
noutros não tenha aparecido na trama, esta continua a ser uma história
interessante e que, sem dúvida, serve o seu real propósito, que é o de entreter.
Mais uma fantástica aposta
por parte da Saída de Emergência, numa autora que prova o porquê de ser
considerada um fenómeno mundial. Gostei.
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