terça-feira, 13 de novembro de 2012

Oceanos de Fogo, Christine Feehan [Opinião]




Título Original: Oceans of Fire
Autoria: Christine Feehan
Editora: Saída de Emergência
Nº. Páginas: 338
Tradução: Nanci Marcelino


Sinopse:

Sendo a terceira filha de uma linhagem mágica, Abigail Drake nasceu com uma afinidade mística por água e dotada de laços particularmente fortes com golfinhos. Ela passou toda a sua vida a estudá-los, a aprender e a nadar com eles nas águas do mar da sua cidade natal. Sea Haven...
Até ao dia em que testemunhou um assassinato a sangue frio na praia à beira-mar e deu por ela a fugir para salvar a sua vida, indo cair nos braços de Aleksandr Volstov. Ele é um agente da Interpol a seguir o rasto de antiguidades russas roubadas. Um homem implacável que obtém sempre aquilo que pretende, e o homem que já destroçou o coração de Abigail. Mas ele não permitirá que a única mulher que alguma vez amou fique em perigo, ou que lhe escape por entre os dedos...


Opinião:

Quando o dom que nos torna especiais, que nos torna únicos, é o ponto de ruptura numa relação que em tudo se mostrou promissora, a dor do abandono e a mágoa de um amor que não se revelou verdadeiro, frutífero, é a chama que consome a réstia de esperança cravada forte no coração. Contudo, ele, esse sentimento incontrolável e perpétuo, mantém-se próximo, mantém-se alerta, e devido a uma série de circunstâncias pautadas pelo destino, a possibilidade de uma reaproximação, de uma reconciliação, talvez seja mais auspiciosa, mais firme, do que o que primeiramente pensado.

Oceanos de Fogo trata-se do terceiro volume de uma série de sete romances que retrata a passagem emocional e espiritual de uma irmã – Abigail Drake – face a sua impotência em aceitar a dádiva que a completa e a sua inabilidade em seguir em frente, em se tornar independente, dado um acontecimento traumático que a avassalou quatro anos antes. Duplamente marcada, Abbey esconde-se do amor e deixa-se levar pela falta de confiança, de determinação, na verdade que constantemente a acompanha. Centrando-se no visionário desta deusa da sinceridade, este é um romance que cativa e que se mostra, em tudo, muito superior aos dois que o antecedem.
Christine Feehan possui uma escrita bastante aberta, bastante expressiva, no entanto, e talvez por querer mostrar toda uma série de pormenores importantes à mente imaginativa do leitor, acaba por sofrer um certo desenvolvimento lento, pausado, que por vezes se torna um entrave à fluidez da própria narrativa. A mim, isso traduziu-se numa leitura por vezes difícil, cadenciada, mas não creio que esta seja uma questão suficientemente robusta ao ponto de retirar o mérito criativo que a autora, claramente, detém.

Numa série onde cada um dos embalos femininos, fruto de uma linhagem familiar mágica, é especial à sua maneira, possuindo dons que visam ajudar na perigosa demanda que é proteger Sea Haven, não é de admirar que a força e o poder das personagens seja uma das, se não mesmo a, componentes mais importantes e imprescindíveis do romance.
Abigail encerra em si, no seu íntimo, um carisma impressionante, inviolável até, na medida em que a sua afinidade com uma das criaturas marítimas mais inteligentes e interessantes – os golfinhos – se torna um atributo integrante da narrativa. Foi realmente tocante ler a relação tecida entre humana e animais, e o modo como a comunicação existente entre ambos rapidamente se transformou num bem essencial à vivência das duas espécies.
Aleksandr, por seu lado e tendo em conta esta série, é, obrigatoriamente, o meu herói de eleição. A determinação que o move, o impulso que o arrebata e a voracidade com que lida com todos os perigos que o levaram a Sea Haven é, verdadeiramente, admirável. Dono de uma beleza intelectual incrível, esta é uma personagem que agarra de imediato, que instiga simpatia, e que provoca, num piscar de olhos, os mais provocadores arrepios.

Para além das atribulações comuns do enredo, sobressai com igual intensidade a fórmula imutável criada pela autora, onde não somente o romance detém um papel de destaque como, e também, a acção e o mistério são temas, sensações, trabalhadas com o intuito de provocar e prender a atenção e a curiosidade do leitor. Numa mistura altamente explosiva e com os sentimentos sempre à flor da pele, Feehan elabora, em Oceanos de Fogo, uma trama repleta de abordagens arriscadas e reviravoltas estonteantes, não se limitando à descrição dos momentos de maior adrenalina ou magia, mas também captando, com perfeição, a química existente entre Abbey e Sasha, assim como a hilaridade que a própria figura de Jonas – principalmente se Hannah se encontrar presente também! – desperta. A par dos vários momentos descritivos dos múltiplos actos de magia existentes ao longo da obra, e do quê e de que modo cada uma das irmãs contribui para o salvamento, a resolução do/s problema/s assentes com o desenvolver da narrativa, outro dos elementos mais atractivos emergentes destas páginas – embora ainda só se tenha tido acesso a um pequeno vislumbre – é Ilya.

Quanto a mim, Oceanos de Fogo traduziu-se numa leitura bastante mais agradável e estimulante que qualquer um dos dois romances anteriores, desenvolvendo-se com maior afinco e estabilidade. Ainda que o estilo de escrita da autora não seja propriamente a minha praia, e um ou dois elementos mais secundários neste livro em particular mas com grande influência noutros não tenha aparecido na trama, esta continua a ser uma história interessante e que, sem dúvida, serve o seu real propósito, que é o de entreter.
Mais uma fantástica aposta por parte da Saída de Emergência, numa autora que prova o porquê de ser considerada um fenómeno mundial. Gostei.

Sem comentários:

2009 Pedacinho Literário. All Rights Reserved.