Título Original: A Summer to Remember
Autoria: Mary Balogh
Editora: ASA
Nº. Páginas: 368
Tradução: Margarida
Luzia
Sinopse:
Kit Butler é atrevido, perigoso, e um dos mais afamados solteirões
de Londres, daí que casar seja a última coisa que lhe passa pela cabeça. Mas a
sua família tem outros planos. Para contrariar o casamento que o pai lhe
arranjou, Kit precisa de encontrar uma noiva... e depressa. Entra em cena Miss
Lauren Edgeworth.
Lauren foi abandonada em pleno altar pelo seu noivo,
Neville Wyatt. Destroçada, decide que não voltará a passar pelo mesmo: nunca
casará. O encontro entre estas duas forças da natureza é tão intenso como uma
tempestade de verão... e ambos engendram um plano secreto. Lauren concorda
alinhar na farsa em troca de um verão recheado de paixão e aventura. No final,
ela romperá o noivado – o que afastará possíveis pretendentes – deixando-os a
ambos livres. Tudo corre na perfeição, até que Kit faz o impensável:
apaixona-se por Lauren. E um verão já não é suficiente para ele. Mas o tempo não
pára e Kit sabe que terá de apelar a mais do que as suas vulgares armas de
sedução para conseguir convencer Lauren a entregar-lhe o seu coração... na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, para o resto das suas vidas.
Opinião:
A dor é uma arma
poderosa, um casulo que nos esconde do mundo, que nos camufla na multidão e que
nos permite reservar o que de melhor temos, o que de melhor somos, para aquelas
pessoas, raras excepções, que acreditamos serem verdadeiras. Mas é o ressentimento,
que nem bala cortante, o que nos realmente corta a voz, o que nos transforma em
meros corpos desprovidos de vida, desprovidos de vontade, desprovidos de amor e
alegria...
Um Verão Inesquecível trata-se de uma apaixonante narrativa de amor sobre duas almas gémeas,
duas mentes concordantes, que ao cruzarem um olhar tímido e revelador numa ocasião
de pouco decoro, para sempre marcaram a sua posição de futuros amantes, de
futuros parceiros. Expectante, de uma elegância extrema e indiscutivelmente
divertido, este é um belíssimo romance de época onde a paixão, a descoberta e a
aceitação do passado são o que de mais importante e evidente se poderá
encontrar.
Mary Balogh é impecável
no seu género, absolutamente divinal, e esse seu talento, essa sua mestria torna-se
evidente no decorrer das páginas, no desenrolar singular de uma relação
ardente, contratual, onde as cicatrizes do outrora ganham contornos ultrapassáveis
e o controlo do futuro rege as decisões do presente.
A simplicidade e
espontaneidade com que a autora agracia o seu enredo é um dos factores mais
aliciantes para quem, pela segunda vez em terras lusas, desfruta de mais uma
inteligente e perspicaz história sobre um poderoso afecto gerado pelo tempo e
pela amizade inesperada, entre um cavalheiro de reputação duvidosa e uma dama
marcada pela traição e pelo abandono. É bastante natural e indiscutível a afeição
que Lauren e Kit acabam por partilhar um pelo outro mas se, ao início, algumas
eram as dúvidas presentes quanto à capacidade de Lauren se acomodar, se dedicar
e abrir para com um Kit talentoso na arte da sedução, com o desenvolver dos
acontecimentos, clara ficou a relação de cumplicidade e estima gerada entre os
dois. Para mim, foi esse crescimento gradual na teia que os envolveu, esse avançar
lento e progressivo pelos vários estádios da amizade e do amor, da paixão e da
ternura, do desejo, o que se evidenciou em melhoria relativamente ao romance
anterior.
O tom cómodo, afectuoso
e pontuado pela ligeireza do sorriso é outro notável acrescento neste segundo
romance de Balogh. A personalidade vibrante, solarenga e divertida de Kit
torna-se incrivelmente palpável para o leitor, assim como o sofrimento que este
guarda no íntimo pela deformação do irmão e pelo repúdio do pai. No entanto,
Kit torna-se uma pessoa melhor, um homem melhor, quando Lauren está a seu lado,
e é essa percepção, essa luta pelo carinho e pela eternidade ao lado de uma
mulher bela tanto por dentro como por fora, o que torna esta personagem
deliciosamente cativante, um verdadeiro conquistador. No outro extremo, Lauren
não só é uma lady por excelência,
dotada de uma inteligência sem limites, como também o seu exterior se afigura
em sintonia com a imagem que ela, enquanto batalhadora, enquanto convicta dos
seus ideais, pretende transmitir à sociedade – a de uma mulher resoluta e
destemida, implacável. Contudo, restaurar a felicidade pode não ser tarefa fácil
mas é, claramente, uma meta possível de se atingir e é com um verão inesquecível,
aventureiro, recheado de gargalhadas e paixão, que ela conseguirá encontrar a
força que a levará a empurrar a inamovível pedra que se encontra estagnada no
seu caminho.
Quanto a mim, se, com Uma Noite de Amor, me apaixonei por um
casal excepcional de personagens e por uma autora que me abalou por inteiro,
com Um Verão Inesquecível essa admiração
foi elevada a um outro completo e novo nível. Dentro do Romance Histórico mais
suave, menos emblemático em cariz sensual, Balogh é uma autora que me avassalou
e a qual espero continuar a seguir assiduamente. Adoro o seu estilo narrativo
sempre assertivo, sempre sincero. Prezo o brilhante equilíbrio que consegue
criar entre herói e heroína, entre salvador e salvadora. E contemplo, com
grande apreço, o modo como ela constrói o seu enredo, as suas histórias, em
torno de um relacionamento poderoso, indestrutível e extremamente perceptível. Uma
escritora fantástica.
Como já é esperado,
esta trata-se de mais uma extraordinária aposta por parte da ASA, num
estilo histórico ficcional bem romântico e caloroso, perfeito para aquecer
nestas longas noites que se apresentam cada vez mais frias. Recomendo Balogh não
somente a todas as apaixonadas por uma boa e inteligente história de amor, mas
também a todos os outros que nunca experimentaram o género e pelo qual nutrem
curiosidade. Não se irão arrepender, prometo.
2 comentários:
Também acho que é uma boa aposta começar com Mary Balogh. Não é das melhores, mas também não é má. Eu gostei muito mais deste do que do 1º. Gostei tanto da Lauren, eu adoro personagens assim, adoro!
Excelente opinião, como sempre ^^
beijinhos
Assim dentro de um estilo mais suave, com menos sensualidade, acho que a Balogh acerta mesmo não ponto. =) A Lauren e o Kit formam uma dupla absolutamente fantástica! Eheheheh
Beijinhos
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