segunda-feira, 8 de outubro de 2012

21.12, Dustin Thomason [Opinião]




Título Original: 12.21
Autoria: Dustin Thomason
Editora: Editorial Presença
Coleccção: Grandes Narrativas, Nº. 532
Nº. Páginas: 352
Tradução: Maria Eduarda Colares


Sinopse:

Um caçador de tesouros descobre um códice precioso, preservado durante séculos nas ruínas de uma cidade maia e leva-o consigo para os Estados Unidos. Entretanto a curadora de um museu, perita em inscrições maias, e um médico que está a cuidar de um desconhecido que sofre de uma doença misteriosa, chegam à conclusão de que podem estar a lidar com uma pandemia precursora da catástrofe anunciada numa antiga profecia e que, segundo o rigoroso Calendário Maia, poderá ocorrer no dia 21 de dezembro de 2012, uma data demasiado próxima dos acontecimentos narrados neste thriller...


Opinião:

Quando a possibilidade de um desfecho universal ganha formas e contornos imperturbáveis, impossíveis de esquecer ou decifrar, o pânico é a sensação que se propaga pela comunidade habitacional provocando o alastrar de uma doença mortal e de um medo palpável de não se encontrar uma solução a tempo, uma cura que impeça o fim da humanidade e o fim do mundo.

21.12 trata-se de uma narrativa verdadeiramente vertiginosa sobre uma descoberta essencial para a contínua persistência da raça humana. Viajando por cenários exóticos e místicos, Thomason cria um enredo empolgante cheio de mistério onde, com real mestria, conjuga duas perspectivas aparentemente distintas, isoladas, formando assim uma dupla de protagonistas imparável e altamente heróica e nobre.
Dustin Thomason é excepcional com a palavra escrita. Numa estreia pessoal absolutamente impetuosa, este é um autor que ora apresenta um discurso científico e histórico extremamente importante para a criação de uma boa dosagem de veracidade no romance, ora mostra um lado mais simples e fluente que permite cativar um maior número de leitores sem descurar uma boa porção de bons momentos descritivos e de diálogo.

Num vaivém impressionante de páginas, a curiosidade empolgante provocada por uma sinopse de grande interesse intensifica-se face o real encontro com o conteúdo deste livro. Se, por um lado, presenciamos – ainda que externamente – uma batalha voraz contra uma epidemia fulminante, por outro somos confrontados com uma profecia antiga que anuncia uma catástrofe, ou desaparecimento, de proporções gigantescas numa data que se avizinha mais próxima que o desejado. Gabriel Stanton e Chel Manu, tão diferentes mas tão iguais, são duas personagens ditosamente inteligentes que, mesmo defrontadas com valores éticos e morais, não se deixam abalar nem tão pouco afastar do caminho que traçaram para a possível salvação da humanidade. Destemidos, bravos mas sempre humanos, estes são dois dos elementos mais criativos, carismáticos e facilmente apreciáveis de todas as componentes que transformam este romance numa aventura deliciosamente temerária e de luta contra o tempo.

Outra das fortes características de 21.12 e, quem sabe, talvez a que mais leitores agarre às suas teias de palavras misteriosas e sabedoras é, sem dúvida, a aproximação ao real desta data fatídica assim como a existência da profecia em questão. Ler sobre algo desastroso, funesto até, que pode vir a acontecer num futuro muito breve, muito próximo, deixa sempre uma sensação borbulhante, pulsante, no leitor aquando do impulsivo virar das páginas. E acredito que seja essa clareza, essa possibilidade de «acontecer», de «existir», que torna esta leitura verdadeiramente arrepiante e compulsiva, quase necessária. É importante saber o desfecho deste romance, é importante não nos deixarmos levar pelo suspense do desconhecido, pela eliminação que outrora teve lugar na nossa sociedade, mas mais importante ainda é manter aquela réstia de esperança que, num sussurro atraente e conhecedor, deposita a fé, a confiança de que esta não passa de mais uma profecia de entre muitas que nunca chegará a realizar-se.

Quanto a mim, esta foi uma leitura bastante singular no sentido em que aborda várias temáticas pelas quais nutro uma curiosidade sem limite. Gostei particularmente dos conhecimentos históricos em torno da civilização Maia e respectiva profecia, dos problemas que podem surgir de uma das mais básicas privações possíveis – a do sono –, assim como a ligeireza com que o autor construiu e aprofundou as suas personagens principais de modo a arquitectar uma obra completa e que visa agradar a um vasto leque de leitores. Uma mistura muito interessante entre realidade e ficção, medo e esperança. 

Uma excelente aposta por parte da Editorial Presença, num romance que certamente gerará furor tendo em conta o tempo que falta até à chegada de tão assustadora data no calendário. Recheado de adrenalina, enigmas e muito, muito suspense, esta é uma leitura obrigatória para todos aqueles que, como eu, se deixam fascinar pelas complexidades das várias culturas, profecias e mistérios que o mundo – e os seus povos – tão sabiamente guardam.

Saiba mais sobre esta obra, aqui: «21.12»

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