sábado, 27 de setembro de 2014

A Caminhar para o Desastre, Jamie McGuire [Opinião]




Título Original: Walking Disaster
Autoria: Jamie McGuire
Editora: Planeta Manuscrito
N.º Páginas: 400


Sinopse:
Travis Maddox perdeu a mãe quando ainda era criança. O conselho que lhe deu na hora da despedida foi: «Ama intensamente... Luta ainda mais intensamente...»
Travis Mad Dog Maddox é um lutador clandestino, oriundo de uma família de vários irmãos, mais velhos e duros. Mau rapaz por definição, todas as noites leva para casa uma rapariga diferente. Até conhecer Abby Abernathy...
Mal-afamado em todo o campus devido às suas relações com as mulheres, não é de surpreender que Abby rejeite os avanços de Travis; o máximo que aceita é ser sua amiga. No entanto, Travis está decidido a lutar pelo seu coração...


Opinião:
Travis Maddox. Lembram-se dele?
Impulsivo. Rebelde. Um tanto ou quanto mulherengo — okay, extremamente mulherengo. Agressivo. E perdidamente apaixonado por Abby Abernathy. Diz-vos alguma coisa?
Se Um Desastre Maravilhoso foi um autêntico, e excitante, e extraordinariamente deslumbrante cataclismo de se ler, A Caminhar para o Desastre oferece o que muitos leitores desejaram ao virar da última página do livro que se lhe antecede — a perspectiva de Travis naquele que é um dos mais belos e tenazes pedaços de história da sua vida.

As linhas temporais e narrativas que compõe este romance new adult desenlaçam-se pelos acontecimentos já previamente retratados em Um Desastre Maravilhoso, desta feita com a visão, pensamentos e dilemas de Travis Mad Dog Maddox ao invés da intervenção, na primeira pessoa, de Abby. O que Jamie McGuire também presenteia ao leitor, e que rapidamente se transforma em algo inteiramente novo, são uns quantos pequenos momentos mais pessoais, íntimos e conflituosos de Travis e do seu dia-a-dia com Shep, Mera ou mesmo Trenton, que possibilitam então ao leitor melhor compreender algumas das atitudes mais irascíveis e tresloucadas desta personagem em relação a Abby e a umas tantas figuras mais secundárias como, por exemplo, Parker Hayes. Assim, o submundo das lutas, a inconstância das apostas, a loucura das festas e do álcool, e a inquietude dos muitos erros de julgamento, das intermináveis discussões e dos eternos momentos de tensão carnal entre Travis e Abby continuam a ser o pano de fundo deste romance, com o acréscimo de uma muito apreciada entrada livre na mente da personagem que fez um incontável número de leitoras suspirar, eu incluída — Travis.

Não é novidade alguma que gostei imenso de Um Desastre Maravilhoso, e por isso é-me absolutamente impossível não sentir o mesmo tipo de emoções e sensações em relação a este A Caminhar para o Desastre. Mesmo com todas as suas falhas de carácter, Travis persiste em ser uma personagem pela qual nutro um carinho enorme, e são precisamente todos os seus pequenos grandes defeitos que o tornam, efectivamente, perfeito aos meus olhos — e aos de Abby. Muitas das suas acções, no decorrer do momento, não são, de todo, passíveis de ser justificadas mas uma vez que se entra no mecanismo da sua mente, e se percebe as suas intenções e tudo o que se encontra por trás da várias nuances da sua personalidade não há como não o aceitar pelo que verdadeiramente é — um brutamontes impulsivo com um coração de ouro.

Outras das surpresas deste romance — e que me fez, por completo, as delícias — foi o epílogo que Jamie McGuire apresenta no fim do livro, e que mostra um pequeno momento repleto de significado onze anos mais tarde. Um presente que vem espicaçar a curiosidade do leitor, ao mesmo tempo que o sossega pelo futuro que as duas personagens construíram juntas. Agora fica a vontade de continuar a ler mais da autora — que tem uma escrita incrivelmente encantatória e viciante —, seja no mundo dos irmãos Maddox, com A Beautiful Wedding ou Beautiful Oblivion, seja num universo à parte, com Red Hill. Tudo o que sei é que quero mais. Muito, muito mais.

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