Título Original: Beautiful Disaster
Autoria: Jamie McGuire
Editora: Planeta
Manuscrito
Nº. Páginas: 340
Tradução: Maria das
Mercês de Sousa
Sinopse:
A Boa Rapariga:
Abby Abernathy não bebe, não pragueja e trabalha muito.
Está enterrada no nefasto passado, mas, quando entra no colégio, os seus sonhos
de um novo começo sofrem um desafio numa noite.
O Mau Rapaz:
Travis Maddox, sensual, atlético e coberto de tatuagens é
exactamente o que Abby precisa – e quer – evitar. Ele passa as noites a ganhar
dinheiro num clube de combate e os dias no colégio Lothario.
Desastre Iminente? …
Intrigado pela resistência de Abby ao seu charme, Travis
entra na sua vida por uma aposta. Se perder, deverá viver em celibato durante
um mês. Se Abby perder, terá de viver no apartamento de Travis por um período
semelhante.
…Ou o Princípio de Algo Maravilhoso?
…Ou o Princípio de Algo Maravilhoso?
Travis não faz ideia de que encontrou uma parceira de
jogo à altura. Ou será o princípio de uma relação obsessiva que irá conduzi-los
a um território inimaginável…
Opinião:
Quando, quase por
acidente, tropeçamos num romance capaz de nos tirar, em absoluto, o fôlego, o
que fazer para recuperar, novamente, a sanidade que nos foi roubada?
Este livro é um vício
autêntico, um diamante eximiamente lapidado de forma a mostrar, ao leitor, uma
história quase encantatória de uma relação problemática que poderia,
claramente, ocorrer não só nos dias de hoje—muito para além do papel—como, e
também, entre duas pessoas nossas conhecidas. Descrevendo situações delicadas e
temas actuais, esta é uma leitura obrigatória dentro do novíssimo género NA—New Adult—que tem vindo, cada vez mais,
a dar que falar.
Um Desastre Maravilhoso é como uma borboleta monarca que outrora foi uma simples e singela lagarta
solitária, mas que agora se exibe num reino de completa excelência e deslumbre,
através de uma ligação memorável entre dois seres que partilham um sentimento
em comum—amor. Uma viagem arrepiante, mas inesquecível, aos meandros
clandestinos dos combates ilegais e das dúvidas internas que não cessam devido
a um passado que luta por não ser esquecido.
Jamie McGuire não só
apresenta uma abordagem fresca e diferente ao romance contemporâneo, como
igualmente foca assuntos pertinentes da sociedade actual sem nunca descurar a
ficção que torna estas histórias tão atractivas ao leitor—e neste aspecto, em
particular, refiro-me à componente romântica que fortemente pontua o texto. Com
um estilo narrativo fluído e acessível, esta é uma autora que dá primazia aos
sentimentos e às consequências que daí podem advir. E mesmo com alguns momentos
descritivos de maior intensidade, esta é uma leitura absolutamente encantadora
na medida em que nada é deixado ao acaso e tudo é transmitido, com clareza, ao
leitor.
Uma aposta. É uma mísera,
irreflectida aposta a alavanca necessária que dá origem a toda uma série de
problemas e conflitos pessoais entre duas pessoas desconhecidas até ao momento
em que decidem, por obra do destino, partilhar um mesmo espaço durante um mês.
Mas o conforto que advém da companhia mutua rapidamente se transforma num
sentimento, numa ligação mais profunda, e embora a amizade seja algo imprescindível
e que nenhum dos dois está disposto a abdicar, o coração não resiste a bater
mais forte e, assim, a despertá-los para todo um renovado mundo de experiências
e vivências em conjunto.
Travis Maddox não é,
claramente, o tipo de personagem que se consegue esquecer com facilidade. Ele é
duro e cru, arrogante e impulsivo, mas há qualquer coisa nele que, ao mesmo
tempo, se mostra delicada e frágil, como uma faceta única e íntima que se
encontra resguardada por baixo da máscara agressiva que criou para si mesmo. E
esse seu lado mais sensível e carente, mais carinhoso e protector tanto pode
ser uma benesse como, e isso está bem presente ao longo do livro, uma maldição
e uma receita para o desastre. Abby Abernathy, ou, para alguém especial, Pidgeon, por seu lado, é uma personagem
que se encontra a passar por uma fase algo perturbadora, transformadora até, da
sua vida, pois mesmo tendo consciência das várias inconsistências, a nível
psicológico, que a sua possível relação com Travis possa e, certamente, iria
originar, ele é um rapaz, o rapaz, que lhe roubou a clareza de pensamento e,
como tal, fácil não será nenhuma das escolhas—principalmente as decisivas—que
terá pela frente. Mas como resistir ao
irresistível?
America e Shepley são,
em igual medida, personagens geniais e extremamente bem caracterizadas e
inseridas na história. A relação que partilham entre si é do mais bela e
afectuosa possível, mesmo quando pontuada por altos e baixos. Para Abby,
America é a amiga que sempre a apoio e que nunca a deixará na mão, e para
Travis, Shep é o primo que não o deixa fugir da pessoa que este está destinado
a ser. Quase como a sua consciência em forma física, Shep é, também, e
juntamente com America, muita da força que une este casal volúvel e improvável.
Narrativamente falando,
Um Desastre Maravilhoso detém uma
espontaneidade impressionante e que em muito atrai o leitor, pois este acaba
por nem dar pela passagem das páginas. Com momentos de adrenalina pura, de
intensidade romântica e de ciúme extremo, esta é uma trama que apresenta uma
versatilidade gigantesca de emoções e características e que, em muito, se deixa
levar pela surpresa do que irá acontecer a seguir.
Pessoalmente, adorei
este livro. A forma como a história se inicia captou, por completo, a minha
atenção, pela estranheza—em termos de ambiência—de um cenário e acção
absolutamente inovadores neste género de romance. E mesmo tendo passado já
algum tempo desde esta minha leitura, muitos são os momentos que guardo com
estima—como, por exemplo, o incêndio ou a reunião em casa dos Maddox.
Uma capa maravilhosa
com um interior de proporções desastrosas, esta é uma aposta brilhante por
parte da Planeta Manuscrito, num estilo de literatura adulta sem
demasiada sensualidade ou drama. Aconselho vivamente.
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