domingo, 26 de maio de 2013

Um Desastre Maravilhoso, Jamie McGuire [Opinião]




Título Original: Beautiful Disaster
Autoria: Jamie McGuire
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 340
Tradução: Maria das Mercês de Sousa


Sinopse:

A Boa Rapariga:
Abby Abernathy não bebe, não pragueja e trabalha muito. Está enterrada no nefasto passado, mas, quando entra no colégio, os seus sonhos de um novo começo sofrem um desafio numa noite.
O Mau Rapaz:
Travis Maddox, sensual, atlético e coberto de tatuagens é exactamente o que Abby precisa – e quer – evitar. Ele passa as noites a ganhar dinheiro num clube de combate e os dias no colégio Lothario.
Desastre Iminente? …
Intrigado pela resistência de Abby ao seu charme, Travis entra na sua vida por uma aposta. Se perder, deverá viver em celibato durante um mês. Se Abby perder, terá de viver no apartamento de Travis por um período semelhante.
…Ou o Princípio de Algo Maravilhoso?
Travis não faz ideia de que encontrou uma parceira de jogo à altura. Ou será o princípio de uma relação obsessiva que irá conduzi-los a um território inimaginável…


Opinião:

Quando, quase por acidente, tropeçamos num romance capaz de nos tirar, em absoluto, o fôlego, o que fazer para recuperar, novamente, a sanidade que nos foi roubada?
Este livro é um vício autêntico, um diamante eximiamente lapidado de forma a mostrar, ao leitor, uma história quase encantatória de uma relação problemática que poderia, claramente, ocorrer não só nos dias de hoje—muito para além do papel—como, e também, entre duas pessoas nossas conhecidas. Descrevendo situações delicadas e temas actuais, esta é uma leitura obrigatória dentro do novíssimo género NA—New Adult—que tem vindo, cada vez mais, a dar que falar.

Um Desastre Maravilhoso é como uma borboleta monarca que outrora foi uma simples e singela lagarta solitária, mas que agora se exibe num reino de completa excelência e deslumbre, através de uma ligação memorável entre dois seres que partilham um sentimento em comum—amor. Uma viagem arrepiante, mas inesquecível, aos meandros clandestinos dos combates ilegais e das dúvidas internas que não cessam devido a um passado que luta por não ser esquecido.
Jamie McGuire não só apresenta uma abordagem fresca e diferente ao romance contemporâneo, como igualmente foca assuntos pertinentes da sociedade actual sem nunca descurar a ficção que torna estas histórias tão atractivas ao leitor—e neste aspecto, em particular, refiro-me à componente romântica que fortemente pontua o texto. Com um estilo narrativo fluído e acessível, esta é uma autora que dá primazia aos sentimentos e às consequências que daí podem advir. E mesmo com alguns momentos descritivos de maior intensidade, esta é uma leitura absolutamente encantadora na medida em que nada é deixado ao acaso e tudo é transmitido, com clareza, ao leitor.

Uma aposta. É uma mísera, irreflectida aposta a alavanca necessária que dá origem a toda uma série de problemas e conflitos pessoais entre duas pessoas desconhecidas até ao momento em que decidem, por obra do destino, partilhar um mesmo espaço durante um mês. Mas o conforto que advém da companhia mutua rapidamente se transforma num sentimento, numa ligação mais profunda, e embora a amizade seja algo imprescindível e que nenhum dos dois está disposto a abdicar, o coração não resiste a bater mais forte e, assim, a despertá-los para todo um renovado mundo de experiências e vivências em conjunto.
Travis Maddox não é, claramente, o tipo de personagem que se consegue esquecer com facilidade. Ele é duro e cru, arrogante e impulsivo, mas há qualquer coisa nele que, ao mesmo tempo, se mostra delicada e frágil, como uma faceta única e íntima que se encontra resguardada por baixo da máscara agressiva que criou para si mesmo. E esse seu lado mais sensível e carente, mais carinhoso e protector tanto pode ser uma benesse como, e isso está bem presente ao longo do livro, uma maldição e uma receita para o desastre. Abby Abernathy, ou, para alguém especial, Pidgeon, por seu lado, é uma personagem que se encontra a passar por uma fase algo perturbadora, transformadora até, da sua vida, pois mesmo tendo consciência das várias inconsistências, a nível psicológico, que a sua possível relação com Travis possa e, certamente, iria originar, ele é um rapaz, o rapaz, que lhe roubou a clareza de pensamento e, como tal, fácil não será nenhuma das escolhas—principalmente as decisivas—que terá pela frente. Mas como resistir ao irresistível?

America e Shepley são, em igual medida, personagens geniais e extremamente bem caracterizadas e inseridas na história. A relação que partilham entre si é do mais bela e afectuosa possível, mesmo quando pontuada por altos e baixos. Para Abby, America é a amiga que sempre a apoio e que nunca a deixará na mão, e para Travis, Shep é o primo que não o deixa fugir da pessoa que este está destinado a ser. Quase como a sua consciência em forma física, Shep é, também, e juntamente com America, muita da força que une este casal volúvel e improvável.
Narrativamente falando, Um Desastre Maravilhoso detém uma espontaneidade impressionante e que em muito atrai o leitor, pois este acaba por nem dar pela passagem das páginas. Com momentos de adrenalina pura, de intensidade romântica e de ciúme extremo, esta é uma trama que apresenta uma versatilidade gigantesca de emoções e características e que, em muito, se deixa levar pela surpresa do que irá acontecer a seguir.

Pessoalmente, adorei este livro. A forma como a história se inicia captou, por completo, a minha atenção, pela estranheza—em termos de ambiência—de um cenário e acção absolutamente inovadores neste género de romance. E mesmo tendo passado já algum tempo desde esta minha leitura, muitos são os momentos que guardo com estima—como, por exemplo, o incêndio ou a reunião em casa dos Maddox.
Uma capa maravilhosa com um interior de proporções desastrosas, esta é uma aposta brilhante por parte da Planeta Manuscrito, num estilo de literatura adulta sem demasiada sensualidade ou drama. Aconselho vivamente.

Sem comentários:

2009 Pedacinho Literário. All Rights Reserved.