quarta-feira, 8 de maio de 2013

Beijo, Jill Mansell [Opinião]





Título Original: Kiss
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 368


Sinopse:

Izzy um dia vai ser famosa. A indústria da música é que ainda não a descobriu. A irrepreensível Izzy tem um talento fascinante, dois namorados perfeitos e uma filha para lhe organizar a vida. Basicamente, uma vida de sonho.
Já a vida de Gina não podia ser mais infernal. O cretino do marido acaba de fugir com a amante grávida. E ela sente-se destroçada quando derruba acidentalmente Izzy da sua moto. Porém, não é propriamente o fim do mundo, pois não? Apenas uma perna partida.
Mas o mundo de Gina, como ela o conhece, está prestes a ficar de pernas para o ar. Izzy e a filha Kat foram catapultadas para dentro da sua vida, antes tão metódica. Pior, Izzy está de olho no melhor amigo de Gina, Sam, que é lindo de morrer. Como acabará tudo? Numa torrente de lágrimas ou num beijo inesquecível?


Opinião:

Não há alma terrena que resista a um bom romance com a dose certa de humor, mistério e enganos amorosos, pior ainda se tiver muitos, e muitos beijos à mistura. Mas Jill Mansell é mestra na sua arte de criar enredos interessantes e super divertidos, e em cativar os seus leitores com personagens interior e exteriormente bonitas, pelo que, aos que já a conhecem, esta é uma leitura obrigatória, e aos que se mantém no desconhecido, este é um livro que suscitará curiosidade, aposto.

Beijo é mais um romance contemporâneo sobre vidas enriquecidas por atribulações acidentais, de uma escritora cujas obras são já presença mais do que obrigatória na minha estante. Com personagens que enfeitiçam ao primeiro diálogo, e situações que tanto fazem parar um coração romântico como acalentam, com igual intensidade, gargalhadas rápidas, estas várias histórias que se interligam por experiências inimagináveis são já energias que depressa exigem ser devoradas.
Jill Mansell traduz-se sempre em momentos (literários) bem passados, na companhia de narrativas absolutamente divertidas, e fortemente pontuadas por sorrisos breves e cúmplices. A sua escrita é fácil e bastante expressiva, apelando a uma qualidade cinematográfica que, pessoalmente, aprecio muito. Trata-se ainda de uma autora que sabe ser descritiva quando necessário mas que, na sua essência, se expõe e se caracteriza pelos diálogos de excepcional qualidade que apresenta.

Quando a personagem principal de um romance feminino é uma mãe eternamente jovem, há algo em mim que entra, imediatamente, em êxtase, e a curiosidade sofre logo uma subida alucinante. O único senão de Izzy é acreditar que a fama é um objectivo ainda passível de alcançar, o que faz com que Kat, a sua filha adolescente, assuma o papel maternal de cuidar da casa, de si, e da própria mãe. Mas Gina tem também a sua quota-parte no problema que arrombou, de súbito, a segurança desta mãe e filha, e as três, numa junção completamente imprevisível e de loucos, vão ser mestras na arte de divertir qualquer tipo de leitor romântico.

Irreverente, e até algo sensacionalista, esta é uma autora que recria, com exímio divertimento, uma verdade um pouco peculiar da actualidade mas onde o leitor, rapidamente, consegue encontrar ligações ao seu próprio real, através das excentricidades das personagens ou dos pequenos encontros e desencontros amorosos que vão surgindo ao longo da trama. A fórmula utilizada por Mansell persiste, e talvez por isso me seja mais fácil apegar às diversas figuras que povoam o enredo da autora, ao invés de ficar surpreendida pelos caminhos ou escolhas que esta tece em forma de destino e finais felizes. Assim, ainda que alguns momentos chave da narrativa surjam com uma certa dose de previsibilidade, o dom natural que a autora possui no modo como faz sobressair o que de melhor existe nas pessoas e nas situações por estas experienciadas, acaba por se sobrepor a qualquer outro elemento mais saturado ou calculável.

Existe um certo encanto no texto de Jill que não me é, de todo, indiferente. As suas histórias podem, por vezes, conter algumas surpresas inesperadas, mas a verdade é que é o seu lado mais divertido, humorístico, e absolutamente jovial a componente que continua a chamar-me para as suas loucas espirais de vidas extraordinariamente singulares. Gosto muito da forma como as protagonistas nunca são mulheres comuns, aliás, é perceptível um lado malicioso e astuto em cada personalidade vincada, e todas elas são divinais quando enquadradas num enredo recheado de personagens diferentes e inteiramente especiais e únicas. Contudo, ao fim de tantas leituras da autora que já me passaram pelas mãos, começa a ser complicado encontrar algo particularmente excepcional e ímpar. É uma escrita que gosto, sem sombra de dúvida, e com a qual criei uma familiaridade forte, mas começo a ansiar por algo mais quando me debruço sob os seus livros, algo que ousasse quebrar as regras e a fórmula.

Uma boa aposta por parte da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência, numa autora que, com certeza, já se tornou querida e obrigatória para um grande leque de leitoras portuguesas que procuram, nas suas histórias, as narrativas de amor e de sorrisos secretos e amigos que somente conhecem em sonhos.

2 comentários:

Diana disse...

O primeiro livro que li foi paixões à solta e desde aí que fiquei fã da autora, passou a ser das minhas preferidas!

Pedacinho Literário disse...

O primeiro que li foi Romance Atribulado. Desde então li todos os que saíram, após esse, e quero ver se leio os anteriores. É uma autora muito interessante, com um humor leve e descontraído, mas ao fim de tantos livros, tantas leituras, acho que a fórmula começa a cansar-me um pouco. Tens de ler o Pura Malícia, é dos meus favoritos. =)

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