Título Original: A Kiss to Remember
Autoria: Teresa
Medeiros
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 331
Tradução: Carmo
Vasconcelos Romão
Sinopse:
Laura Fairleigh precisava de um marido. Se quisesse
manter um teto sobre a cabeça dos irmãos, a orgulhosa filha do reitor teria de
casar até ao dia do seu vigésimo primeiro aniversário. Ao encontrar
inconsciente na floresta um misterioso desconhecido de rosto angelical e corpo
de Adónis, que não se lembrava do nome e do passado, decide reclamá-lo como
seu. Mal sabia ela que aquele anjo caído era afinal um demónio disfarçado.
Sterling Harlow, o famoso devasso conhecido como o «Demónio de Devonbrooke»,
acorda com o beijo encantador de uma formosa jovem que lhe confessa ser ele o
seu prometido. Com as faces beijadas pelo sol e sardentas, Laura é uma jovem
inocente apesar do encanto feminino das suas curvas. Quando lhe garante ser ele
um perfeito cavalheiro, Sterling pergunta a si próprio se, para além da memória,
terá perdido o juízo. Juraria não ser homem para se satisfazer apenas com
beijos - principalmente os da doce e sensual Laura. Tentando descobrir a
verdade antes da noite de núpcias, um beijo inesquecível ateia a paixão que
nenhum deles alguma vez esquecerá.
Opinião:
Por entre paredes que
espelham uma casa vivida, escondem-se três corações palpitantes que buscam o
impossível. Um, sonha com o crime perfeito, aquele do qual sairá impune e que o
ajudará a levar para a realidade todas as histórias que somente leu no papel.
Outro, deseja ser o homem que ainda não é, o sustento que não pode ser, e o árbitro
de uma «vingança» que não poderá ser impedida. Por fim, temos o terceiro coração.
O mais quente dos três, o mais sozinho. O que pede aos céus, o que promete vitórias
e triunfos, em troca de uma fortuna que o salve, que o guarde, e que o ame.
Um Beijo Inesquecível é muito mais que uma capa bonita. É uma história cativante, sobre um amor
improvável, que chega ao coração dos leitores como nenhuma outra. É um conto
sobre a força de vontade de uma mulher para proteger aqueles que lhe são mais
queridos, e sobre a ruptura abrupta de um muro emocional que uma personagem, um
homem, construiu em seu redor dado uma infância que em nada, sentimentalmente, lhe
foi abonatória.
Teresa Medeiros não era
um nome totalmente desconhecido para mim, mas finalmente ter a oportunidade de
desvendar a sua escrita transformou-se numa experiência incrível e irrepreensível.
É verdade que, de quando em vez, este é um género que me cansa pela facilidade
na construção do enredo, mas Medeiros tem uma escrita tão singular, e um humor
tão pecaminosamente delicioso, que rapidamente me vi rendida às suas palavras
e, principalmente, à sua história.
Leve e gracioso mas com
um ritmo muito próprio, permitindo transparecer, ao leitor, todas as pequenas
nuances de um amor disfuncional devido à disparidade das classes sociais da
altura, características vitais nos romances de época, esta é uma história que
enternece pela beleza de um acto impulsivo, impensado, mas que visa salvar
vidas, e pela auto-descoberta e auto-conhecimento que duas personagens acabam
por encontrar, desvendar uma na outra. Seja na pele de Nicholas ou no ímpeto de
Sterling, este «Demónio de Devonbrooke» é uma força da natureza que não só se
traduz num regalo aos olhos e a todos os outros sentidos, como igualmente
exerce um encanto do outro mundo pela personalidade vincada e persistente que
nunca o abandona, mas que, numa dada situação imemorável, lhe possibilita abraçar
um outro lado seu, mais carinhoso, mais ternurento, que de outra forma poderia
passar despercebido, talvez até a ele mesmo, para sempre. No extremo oposto,
Laura, de uma delicadeza e bondade impressionantes, encontra-se uma
protagonista que não se deixa levar pela ingenuidade comum dos seus pares, e
que, mesmo indo contra todas as regras, mesmo indo contra a lei, de tudo fará
para não ver aquele que foi o seu lar, o seu refúgio, ser-lhe arrancado do coração.
Este é, para mim, um
romance feito de pormenores. Desde as infinitamente profundas e íntimas frases
que iniciam cada capítulo e que, no seu todo, representam um dos elementos mais
importantes da narrativa, ao gatito amarelinho que despoleta toda uma série de
sensações familiares numa mente esquecida pelo desastre, passeando ainda por
uma personalidade de criança maliciosa que, das formas mais extraordinárias
possíveis, tenta levar a sua avante, e por toda uma vila pontuada pelo conforto
da modéstia, sem dúvida de que são singelos momentos como estes, de entre
tantos outros, o que torna este livro tão especial. Aliás, este romance é um
autêntico mimo. O bálsamo perfeito para qualquer alma romântica. A frescura
rejuvenescedora e absolutamente hilariante, divertida, para estes dias quentes
que se aproximam. Uma leitura irresistível para qualquer coração apaixonado, e
para qualquer mente sonhadora. Muitos serão os desejos enamorados após findo
este folhear de páginas, e ainda mais serão os sorrisos satisfeitos, carinhosos
e conhecedores a avivar o rosto daqueles que se deixarem perder na aventura
inesquecível, irresistível, completamente louca de Laura Fairleigh. Se antes
pensava saber já tudo sobre o amor, engana-se. De certeza que nunca leu uma
história assim.
Uma aposta a não
perder, por parte da Quinta Essência que, uma vez mais, mostra o seu
lado mais feminino e romântica num romance de época que retrata os ideais da
altura de forma perfeita. Gostei muito e mal posso esperar pela publicação de
mais obras da autora.
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