Título Original: Fever
Autoria: Lauren
DeStefano
Editora: Planeta
Manuscrito
Nº. Páginas: 231
Tradução: Nuno Daun e
Lorena
Sinopse:
Rhine e Gabriel fugiram da mansão, mas o perigo nunca
ficou para trás.
Para Rhine de dezassete anos, a arriscada fuga do casamento polígamo parece ser o princípio do fim. A evasão leva Rhine e Gabriel a uma armadilha sob a forma de uma feira popular, cuja dona mantém várias raparigas prisioneiras, Rhine acaba de fugir de uma prisão dourada para se meter noutra ainda pior.
Para Rhine de dezassete anos, a arriscada fuga do casamento polígamo parece ser o princípio do fim. A evasão leva Rhine e Gabriel a uma armadilha sob a forma de uma feira popular, cuja dona mantém várias raparigas prisioneiras, Rhine acaba de fugir de uma prisão dourada para se meter noutra ainda pior.
A jovem acaba por percorrer um cenário tão sombrio como
o que deixou há um ano - que reflecte os seus sentimentos de medo, desespero e
desesperança.
Com Gabriel a seu lado está decidida a chegar a Manhattan para se encontrarem com Rowan, o irmão gémeo, mas a viagem é longa e perigosa e o que Rhine espera que seja uma segurança relativa revelar-se-á muito diferente.
Com Gabriel a seu lado está decidida a chegar a Manhattan para se encontrarem com Rowan, o irmão gémeo, mas a viagem é longa e perigosa e o que Rhine espera que seja uma segurança relativa revelar-se-á muito diferente.
Num mundo onde as raparigas só vivem até aos vinte anos
e os rapazes até aos vinte e cinco, o tempo é precioso e Rhine não tem como
escapar nem iludir o excêntrico sogro Vaughn, que está determinado a levá-la de
novo para a mansão... a todo o custo.
Nesta sequela de Raptada,
a heroína tem de decidir se a liberdade vale a pena, pois tem mais a perder do
que nunca.
Opinião:
Estou ainda tão
desolada, tão assoberbada de emoções contraditórias, pensamentos insinuantes e
reflexões perdidas acerca deste livro que, por mais incrível que pareça, não
estou certa de saber o que escrever sobre ele. Não vos quero estragar a imensa
surpresa que é esta continuação, depois de um primeiro volume tão
espectacularmente bom, mas a verdade é que sei não existirem palavras
suficientes para descrever o que este livro, o que esta obra é na sua real essência.
Por isso, se ainda não percorreram as fatídicas páginas da trilogia de Lauren
DeStefano, encarem esta minha opinião como um convite a fazê-lo, um convite a
perderem-se num mundo tão sujo, tão poluído mentalmente, que ser-se mulher é o
maior perigo que se pode, alguma vez, enfrentar.
Delírio é como um
devaneio constante, como uma febre que não mata mas desgasta, consome toda e
qualquer réstia de esperança, de felicidade, que existe no universo medonho e
claustrofóbico de uma personagem inconformada com o seu próprio destino. Delírio é a ferida que não sara, a cabeça
que não cessa de rodopiar, a visão turva que não recupera da nauseante sensação
de perda de controlo, perda dos sentidos. Delírio
é o meio que oferece algumas respostas, que destila tantas outras perguntas e
que permite, ao leitor, fazer uma escolha—a de querer mesmo, ou não, saber a
verdade escondida para lá de uma nação perdida, e de uma mansão assombrada pela
morte que percorre cada um dos seus corredores.
Lauren DeStefano
expressa a sua incalculável imaginação e criatividade de um modo tão natural e
apelativo, que rapidamente se torna tarefa impossível colocar a sua narrativa
de lado. A sua escrita é fresca e absolutamente empática—algo fabuloso no que
diz respeito à transmissão, para o leitor, de todos os receios e desejos
sentidos por parte das personagens—, mas também o seu estilo é intrigante ao
conferir a dose certa de suspense e
intriga a uma história que, por si só, tem já tanto para dar.
Nada poderá, alguma
vez, ser fácil, num mundo onde a Nova Geração se vê persistentemente
confrontada com a iminência da morte e com o aparecimento repentino,
insuspeito, dos primeiros sintomas do vírus, e talvez seja por isso que a
jornada encetada por Rhine e Gabriel seja tão impressionantemente devastadora.
E é este pequeno elemento de falsa esperança e constante movimento que
transforma Delírio numa leitura
alucinante, pelos meandros de uma feira das vaidades opressiva e desafiadora, e
pelo regresso a um dos locais mais assustadores e odiados pela nossa
protagonista.
Rhine continua a ser
uma figura que transmite força e esperança, e que se deixa levar pela preocupação
genuína que sente pelos outros, mas nem o seu intelecto díspar e coragem sem
igual a livram de quaisquer fragilidades, e é por isso que esta é a personagem
que mais impressiona e mais cresce quando quebrada pelo choque do nada, do
desaparecido. Mas Gabriel, mesmo não conhecendo o mundo exterior, mesmo não
sendo detentor da firmeza de Rhine, é um porto seguro, um conforto que não
amolece e uma companhia que se aprende a amar, e que de tudo fará para proteger
os que mais lhe são queridos. De cada vez que relembro todos aqueles momentos
de tortura física e psicológica, e do apoio que cada um prestou, nunca
abandonando o outro, nunca desistindo daquele que se transformou no mais precioso
de todos, é um sorriso que sinto aflorar-me os lábios e uma fé, uma esperança
que penso, que acredito de que tudo vá ficar bem.
Oh, tantos são os
elementos que permitem esta obra brilhar no meio de tantas outras distopias, e
isso deve-se também, em parte, aos intervenientes secundários que enriquecem a
narrativa despoletando algumas das situações mais inebriantes e perigosas.
Nunca esquecerei a destemida Lilac que roubou um pedaço do meu coração, nem tão
pouco a sua querida e pequena Maddie, portadora de uma inteligência aguçada
mesmo quando retardada por algumas, poucas, malformações; nunca esquecerei
Claire pelo carinho que nutre por cada uma das suas crianças, nem de Silas pela
aparência enganadora que emana, principalmente quando o seu interior é tão, tão
doce; e muito menos esquecerei Deirdre ou Cecily, Linden ou Vaughn.
Também as mensagens e
temas abordados são factores de extrema importância—e até algo ambiciosos—para
o desenrolar da história. E se a narrativa em si não for suficiente para impressionar,
com certeza que a imensidão conflituosa de temáticas surpreenderá e, acima de
tudo, fará o leitor pensar e reflectir em tudo o que leu e desvendou. Desde a
pobreza extrema à revolução de uma sociedade que está em guerra consigo mesma,
passando pela perseguição desenfreada e pela exploração, sem quaisquer pudores,
do sexo feminino, estes são somente alguns dos elementos explorados neste
romance distópico e que deixará muitos dos seus leitores com pele de galinha.
Adorei, adorei este
livro—nota-se, certo?—e a verdade é que mal posso esperar por deitar as mãos ao
terceiro e último volume desta trilogia que já me cativou por completo—aliás,
espero que a Planeta não demore muito a lançá-lo.
Toda a ambiência
sinistra e obscura que envolve a mansão de Vaughn e as experiências que ele faz
nos corpos das suas empregadas e das noivas de Linden, todo o perigo envolvente
da Feira Popular com as intenções dúbias de uma Madame que, no seu íntimo, é incapaz de amar e confiar, e todos os
sintomas e consequências provocados pelo Sangue-de-Anjo
e por uma doença inteiramente desconhecida retratam alguns dos meus momentos
favoritos não somente em termos de acção mas, e principalmente, em termos
emocionais e psicológicos. E é por instantes narrativos como estes que a minha
admiração pelo género e, aqui, em particular, por Lauren DeStefano é tão grande
e especial.
Uma aposta
absolutamente brilhante e peculiar por parte da Planeta Manuscrito, num
estilo que se encontra em actual expansão e que já conquistou uma enorme
parcela de fãs, e numa história perfeita para os fãs de obras como Cinder, de Marissa Meyer ou Desaparecidos, de Michael Grant. Cinco
estrelas!
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