Título Original: Midnight Awakening
Autoria: Lara Adrian
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 339
Tradução: Filipa Aguiar
Sinopse:
Parte humana, parte extraterrestre, a raça vive entre a humanidade há milhares de anos, mantendo uma paz provisória baseada no sigilo, no poder e na justiça feita pelos formidáveis guerreiros da Ordem.
Com uma adaga na mão e a vingança na mente, a bela Elise Chase percorre as ruas de Boston em busca de vingança contra os Renegados que lhe arrebataram tudo o que amava. Fazendo uso de um extraordinário dom psíquico, ela localiza as presas, consciente de que o poder que possui pode destruí-la. Tem de aprender a dominar o seu dom, e para isso pode apenas pedir ajuda a um homem: Tegan, o mais letal dos guerreiros da Raça.
Tegan, que não é alheio à perda, conhece a dor de Elise. Sabe o que é a fúria, mas quando mata os inimigos só há gelo nas suas veias. É perfeito no seu autodomínio até que Elise lhe pede ajuda para a sua guerra pessoal. Forja-se entre eles uma aliança – um vínculo que os unirá pelo sangue e que os mergulhará numa tempestade de perigo, de desejo e das mais sombrias paixões do coração.
Opinião:
Uma capa bonita; um nome sonante; um título curiosamente dark e um enredo de ler e chorar por mais... com toda uma combinação e primeira impressão visual como esta quem será capaz de lhe resistir?
Lara Adrian tornou-se uma das minhas autoras favoritas não só por escrever com clara paixão e empenho mas, também, por abordar de forma inteligente uma temática de que gosto (bastante!) – vampiros – e transformá-los nas armas mortíferas que verdadeiramente o são, em detrimento dos eternos adolescentes atormentados por uma existência mundana que por aí andam... Com um toque adulto e irreverente, Adrian selecciona, logo à partida, o seu público alvo e atinge-os com uma força selvagem ao transportá-lo para um novo e real mundo repleto de perigo, sedução e muito, muito sangue.
O Despertar da Meia-Noite começa da melhor forma possível, apresentando uma justificação bastante plausível dos sentimentos e pensamentos que penetram o íntimo de Elise Chase, através das suas acções fatais. Sem medos ou constrangimentos, Elise coloca-se diariamente em risco ao perseguir Renegados em busca de um pouco de vingança – e paz de espírito – e do cumprimento de uma “velha” promessa. Destroçada com a morte do seu companheiro e, mais recentemente, do seu único filho, Cam, Elise abandona a segurança do Refúgio e procura um outro tipo de aconchego em qualquer morte merecida e por si executada. Todas as suas decisões e determinações servem para mostrar ao leitor uma faceta mais forte e resistente da sua personalidade em contradição de uma certa (e natural) fragilidade encontrada no volume anterior desta fabulosa série, O Beijo Carmesim.
Sendo uma personagem já conhecida do leitor e, acima de tudo, estando de igual modo dentro do universo nocturno e vampírico que rege as vidas daqueles que foram agraciados com um dom único e especial, o grande maioria dos clichés inevitavelmente descobertos ao termos uma protagonista que se apaixona por um impiedoso sugador de sangue e que, por isso, decide fugir colocando-se em perigo mas que depois, milagrosamente, é salva por ele e, assim, toma consciência de que o seu amor persiste são imediatamente colocados de lado e, consequentemente, o leitor sente-se mais facilmente ligado à própria trama visto ser instantaneamente absorvido para o interior misterioso desta. Desse modo, o drama romântico é submetido para segundo plano e, em evidência, surge uma narrativa intensa, intricada e imensamente recheada de reviravoltas e momentos inesperados. Dado a acção ser constante, assim como as surpresas, torna-se complicado, para o leitor, colocar o romance de lado. A verdade é que Lara Adrian volta a superar todas as expectativas ao presentear o leitor com uma obra ainda mais completa, persuasiva e sedutora que as duas anteriores. E o melhor de tudo é que Adrian oferece informação sobre os imprescindíveis acontecimentos dos romances passados para a total compreensão do actual permitindo assim ao leitor desfrutar de uma leitura agradável sem ter, necessariamente, de ler a série pela sua ordem normal.
Quanto a Tegan, a atracção é inegável. Um dos motivos pelos quais gostei tanto deste livro cinge-se a isso mesmo – Tegan. Sendo este um dos meus guerreiros de eleição foi um gigantesco prazer folheá-lo. Ele é arrogante, insensível e simplesmente fatal e, no entanto, com Elise consegue mostrar um lado mais calmo e acometido, um lado pouco usual mas inexoravelmente apreciado num guerreiro tão solitário e flagelado como ele. A construção do romance em si, entre as duas personagens, é espantoso e, em última instância, incrivelmente intenso e credível. O tormentoso passado que envolve a existência de ambos e o início de um caminho face a sobriedade e a felicidade do amor açoita-os ao ponto de nenhum querer dar o primeiro passo. No entanto, sendo ambos viúvos à sua maneira, torna-se inevitável (e provavelmente esperado desde O Beijo Carmesim) o ajuntamento e apoio que acabam por exercer um no outro. Ainda assim, não deixa de ser uma relação complicada, com os seus altos e baixos, inicialmente fomentada num vínculo forçado mas que, progressivamente, caminha a passos largos em direcção ao verdadeiro amor e solidariedade.
A apresentação de novos personagens é mais um dos trunfos deste livro. Aparecem dois novos guerreiros da Ordem, Kade e Brock que, embora não desempenhem um papel muito activo neste livro, deixam a porta aberta para futuras (e presumivelmente muito boas) intervenções. O leitor é também agraciado com um, ainda que algo superficial, ajustamento de Stearling Chase ao grupo de guerreiros e com a brutalidade e indiferença emocional com que este enfrenta as diversas situações dirigidas à morte de Renegados (e esbirros). Ainda a referir fica o nome de um outro ser nocturno que muitas promessas deixou no ar... Andreas Reichen. Sem dúvida uma personagem a lembrar futuramente. Quanto a personagens já nossas conhecidas, fiquei siderada com o reaparecer de Rio. O seu desenvolvimento pessoal e mudança de perspectiva inicia-se precisamente neste livro, seguindo caminho para o volume seguinte em que lhe tomará as rédeas como protagonista masculino principal.
Outro dos pontos de relevo em O Despertar da Meia-Noite refere-se ao envolvimento e intervenção (mais ou menos explícita) de todas as Companheiras de Raça ligadas aos guerreiros da Ordem – e também de Elise – não só na percepção da peça chave para o problema maioritário especificamente deste volume como de igual modo para a identificação de novos esconderijos de Renegados. Resumidamente, todas as quatro mulheres desempenham um papel importante na conclusão de um dos elementos fulcrais e mais emblemáticos e misteriosos deste romance. O que me leva à descoberta final e posterior surpresa no que diz respeito às histórias que estão ainda por contar. Com a eliminação de um componente crucial no crescimento numérico do perigo, Adrian não deixa a sensação de “e tudo vai ficar bem” durar muito tempo, inserindo rapidamente, e mesmo na recta conclusiva da obra, um factor assustador e, ao mesmo tempo, intrigante e do qual o leitor não estava à espera.
Em suma, O Despertar da Meia-Noite é, claramente, a melhor e mais perspicaz das três obras até então publicadas em Portugal. Dotado de uma ambiência obscura e envolvente, embriagando o leitor não só de sensualidade (e sexualidade) como também de adrenalina, suspense e um número incontável de quebras de fôlego. Tegan faz jus à sua reputação mas Elise não se deixa ficar atrás, concluindo assim mais uma união perfeita e harmoniosa. Com muita acção e muito, muito sangue, O Despertar da Meia-Noite é a continuação que qualquer amante da fantasia sensual não quererá perder.
Perigosamente delicioso!
3 comentários:
Oi, eu também li esse livro e AMEI!!! Posso dizer que estou quase a morrer por não ter o proximo que será do Rio.. Ele merece ser feliz, não?
Já agora, não sei se leste, mas às de dar uma espreitada à saga da Irmandade da Adaga Negra. Os livros são parecidissimos. Podes procurar lá no meu blog, Books and Books, a autora é J.R.Ward. Eu por vezes no inicio dos livros tenho de tentar separar as duas sagas, mas ambas são muito boas, e apesar de parecidas seguem rumos diferentes.
Bj AMB
esta saga parece quase um plagio da irmandade da adaga negra, ate as personagens são parecidas, embora se leia bem
Volturi, concordo contigo. Lê-se muito bem mas também é igualmente semelhante ao estilo de Ward. Não sei qual das duas escreveu primeiro, gosto de ambas, muito, mas a verdade é que nos EUA este género vende incrivelmente bem e por isso é normal que se encontre várias autoras a escrever dentro do mesmo estilo. Não penso que uma descredite a outra, por isso, continuo a ler as duas. :)
Obrigado pelo comentário.
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