quinta-feira, 7 de julho de 2011

Conspiração 365 - Livro 6: Junho, Gabrielle Lord



Título Original: Conspiracy 365 – June
Autoria: Gabrielle Lord
Editora: Contraponto
Nº. Páginas: 191
Tradução: Carla Alves


Sinopse:

Cal consegue escapar por pouco do fogo que deflagrou quando o Orca Ormond se despenhou. Enquanto helicópteros sobrevoam os céus, os bandidos de Oriana perseguem-no em terra. Não há tempo para lamentar a morte do tio-avô – Cal tem de se esquivar dos polícias e dos bandidos, e regressar à busca pela Jóia de Ormond.
Convencido de que Sligo tem a Jóia, Cal embarca numa perigosa missão para a reaver. Ele espera assim obter as respostas de que tanto precisa, mas e se apenas lhe for revelado outro ameaçador mistério? Roubar dos seus inimigos pode vir a ser um erro fatal...
O relógio não pára...
Cada segundo pode ser o último...


Opinião:

Uma série empolgante que prenderá qualquer um do primeiro volume, em Janeiro, ao último!
Conspiração 365 prima pelos mais variados motivos: conjuga, de forma brilhante, acção com medo e mistério; apresenta, em praticamente todos os livros (até agora) algumas pitadas de romance por forma a conferir uma certa frescura e ambiência própria da idade dos intervenientes principais; mostra-se, visualmente, extremamente interessante e apelativa – a contagem decrescente das páginas, a localização e horas precisas dos inúmeros acontecimentos que perpassam a atarefada vida de Cal, a regularidade do lançamento, etc.; estende-se, com relativa facilidade, não só a um público alvo mais jovem como também à camada mais adulta que, sentido algumas saudades dos seus tempos de outrora, se deixa debruçar numa aventura infinita e sem limites; e, claro, faz uso, eximiamente, de um dos mais importantes componentes activos de um livro: as personagens. No fundo, reúne todos os ingredientes chave para um estrondoso sucesso...

No mês de Junho em particular, deliciei-me duplamente com o magnífico regresso de uma série de personagens secundárias que não só obtiveram uma importância tremenda no decorrer da narrativa como ganharam um reconhecimento e enaltecimento ligeiramente mais elevado que em volumes anteriores. Foi com um sorriso bem aberto nos lábios que dei as novas boas-vindas a intervenientes como Griff, o traiçoeiro amigo, Sligo, o bandido sem escrúpulos e Repro, o mãozinhas ágeis – apenas para nomear alguns – e que assisti ao percorrer de caminhos tão sinuosos quanto dramáticos e arriscados. Espero, sinceramente, ver alguns deles novamente.
Em termos comparativos, enquanto que em Maio – talvez um mês mais calmo na vida de Cal – a necessidade de encontrar um tecto e um posto de abrigo não se tenha mostrado tão urgente, em Junho, esse factor percorre com bastante intensidade toda a história. A força que o protagonista demonstra e a determinação que o transformam no jovem rapaz corajoso e incrivelmente interessante a nível literário que é, abarcam-no numa consciência e vitalidade mental fora do normal e que o manterá concentrado na procura e consequente achado de todos os meios indispensáveis à sua sobrevivência – mesmo que por apenas mais alguns dias... – e contra a vontade, cada vez mais recorrente, de pura desistência.

Numa perspectiva inovadora e totalmente inesperada, a estranha e algo repentina familiaridade e estado de confiança entre Boges e Winter deixou-me não só curiosa como imensamente ansiosa pelo desenrolar e posterior descoberta do como e do quando terem chegado, estas duas personagens, ao estado actual de amizade. A ajuda de cada um deles e, por vezes, de ambos é tão preciosa quanto inimaginável e não restam dúvidas de que sem estes dois amigos Cal já teria sucumbido à tempo.
Com Boges a convivência e aproximação são naturais. De certo modo, sente-se um intensificar do relacionamento entre ambos durante todo o livro – e série –, alcançando um estatuto de real e verdadeira família à qual Cal não consegue evitar sentir saudade e nostalgia, contudo, com Winter o caso é um pouco diferente. Foi interessante assistir ao desenrolar das intenções, dúvidas e receios tanto de Cal como dela mesma. A insegurança que emana de uma jovem mulher tão desenvolta e cheia de vida é o puro e perfeito disfarce que, muitas vezes, encontramos nos adolescentes nos dias de hoje. Uma consciencialização subtil que, de certo, afectará e captará a atenção de muitos leitores. Encarar Conspiração 365 como uma mera viagem pelos confins do perigo e da adrenalina seria errado e pretensioso pois estamos perante uma série que tem muito, muito mais para oferecer...

Conspiração 365 – Junho deixa no ar incontáveis questões e ambiguidades, espicaçando o leitor a debruçar-se o quanto antes no volume seguinte – Julho. O final não só eleva as expectativas do leitor a um novo nível de altitude como transmite a sensação de que ainda há muito mais para vir... muito mais para descobrir. 
Não se deixe enganar pelo design jovem e pela premissa aparentemente aventureira, Conspiração 365 é a série perfeita para introduzir os mais jovens na literatura e para permitir a um leitor mais graúdo a possibilidade de algumas horas confortáveis de resistência e incredulidade. 

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