Título Original: Conspiracy 365 – May
Autoria: Gabrielle Lord
Editora: Contraponto
Nº. Páginas: 185
Tradução: Carla Alves
Sinopse:
Ouve-se gritos por todo o lado. Cal foi internado num manicómio sob outra identidade e não faz ideia de quem o levou para ali. Como os médicos estão convencidos de que Cal – Ben Galloway – está a delirar, não fazem qualquer tenção de o libertar... e o perigo espreita dos dois lados das grades.
Preso numa camisa-de-forças, Cal vê-se impedido de se encontrar com o tio-avô Bartholomew ou de resolver o Mistério Perigoso dos Ormond... Ninguém acredita numa palavra do que ele diz – nem mesmo a verdade pode salvá-lo agora.
O relógio não pára...
Cada segundo pode ser o último...
Opinião:
Uma corrida imparável contra o tempo...
... capaz de roubar o fôlego a qualquer um!
Gabrielle Lord deve ser das poucas autoras que efectivamente consegue manter o leitor entusiasmado e desesperadamente impaciente ao longo de todos os meses do ano. Com uma revelação literária extraordinária, a autora apresenta um protagonista improvável de ser caracterizado como herói – pelos mais variados motivos – e cuja capacidade de sobrevivência se encontra ainda algo enferrujada devido à tenra idade mas que, surpreendentemente, guia o leitor numa aventura viciante e impossível de largar.
O sucesso desta colecção mensal deve-se a uma série de componentes muito bem conjugados, entre eles a inovação na criação do perigo e de todas as mortes iminentes – e praticamente dadas como certas – pelas quais Cal obrigatoriamente se vê forçado a passar. É com engenho que a autora conjuga belissimamente o factor da sobrevivência inconstante e dura que tropeça nos pés de Cal a praticamente cada passo dado com a profunda avidez de descoberta – tanto dentro como fora das obras – e destreza, coragem até, que tornam Callum Ormond o protagonista destemido, intrigante e cativante que é. A escrita é, sem sombra para dúvidas, outro dos elementos que transformam Conspiração 365 num must read para todos os jovens e graúdos. Sempre ágil e energética, Gabrielle Lord mostra ao leitor uma versão mais juvenil de um equilíbrio perfeito entre um romance de aventura e um romance de acção, dotada de uma linguagem super acessível e moderna, com fortes laivos adultos mas sem nunca perder a noção do seu público alvo e da essência pessoal do seu protagonista.
Em Conspiração 365 – Maio as revelações e surpresas são infinitas. Tanto finalmente se vê algumas perguntas respondidas, com regressos improváveis, como se depara com mais questão levantadas e ligações por encontrar. É exemplo a reviravolta dos acontecimentos que a narrativa sofre, proporcionando ao leitor verdadeiros momentos de puro stresse e angústia envolvidos por um inconfundível e misterioso clima de descoberta – um passo de cada vez – de mais algumas partes integrantes do segredo num todo que habita a linhagem Ormond.
Tendo Callum terminado o volume de Abril enclausurado num manicómio, a divisão da história em duas partes distintas – instituição mental e «Kilkenny» – proporciona ao leitor uma perspectiva ligeiramente diferente daquela a que foi habituado nos anteriores volumes. Havendo dois locais de destaque, o desenvolvimento da narrativa dá-se num ambiente mais preciso, concreto, e, ainda que recheado de acção, num espaço mais limitado sem as usuais corridas e escapadelas constantes por parte de Cal. Estas persistem, claro, mas num número levemente reduzido.
O manicómio em si foi uma surpresa. Toda a incerteza, busca por possibilidades de fuga, procura pela transmissão da verdade em prol de uma identidade claramente falsa e orquestrada... todo o cenário algo louco e incontrolado, com pacientes instáveis e agressivos, mostrou ao leitor um linear mais cru e demarcado de um mundo onde nem a verdade nem a mentira serão suficientes para fazer Cal ganhar terreno – e mais alguns dias de vida. «Kilkenny» proporcionou ainda um panorama diferente e apelativo. A personagem de Bartholomew, para além de incrivelmente excêntrica e divertida a um nível de humor negro, acarreta uma importância elementar no desenrolar e avançar na procura pelas respostas certas às perguntas infinitamente formuladas. Em adição, as descrições da zona rural acompanhadas por um estilo muito peculiar e rudimentar de vida e armazenamento de memórias possibilitou ao leitor a percepção de uma visão mais humanizada e completa. O relacionamento crescente entre Cal e o seu tio-avô, visível ao leitor, adquire uma sensibilidade e união familiar à muito precisa na perigosa demanda do nosso protagonista. É desta forma que, inevitavelmente, o leitor se vê inundado por uma sensação de esperança e delírio que, até ao final do livro, poderá sempre ser rapidamente dilacerada.
Fiquei ainda enamorada com o ressurgimento de algumas personagens – mais ou menos recentes, mais ou menos activas – no decorrer da história. Por exemplo, foi bastante agradável reencontrar a personalidade de Melba Snipe, uma simpática e afável senhora que deteve um papel determinante na sobrevivência de um atormentado Cal no passado volume de Abril.
Conspiração 365 – Maio é, no fundo, mais um complemento às dificuldades de uma personagem adolescente na busca de um pouco de sossego e paz familiar. Os problemas não cessam de surgir e as soluções apresentam-se cada vez mais difíceis e complicadas de realizar, no entanto, é a força de Cal que fará o leitor prosseguir viagem por um universo de grupos mafiosos, mistérios indescritíveis e amizades ilimitadas. Acima de tudo, Conspiração 365 é uma série ousada e proeminente, que faz uso de uma linguagem simples mas apelativa, e que facilmente converterá qualquer leitor – jovem ou adulto – aos segundos contados da vida de Callum Ormond.
Já só faltam 215 dias... terá o pior passado? Seriamente, duvido.
1 comentário:
Está excelente a crítica miga :)
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