Título Original: Daughters of Fortune
Autoria: Tara Hyland
Editora: Porto Editora
Nº. Páginas: 520
Tradução: Isabel Alves
Sinopse:
As filhas de William Melville são herdeiras de um dos mais importantes impérios da moda. Mas por detrás da fachada de glamour, cada uma delas esconde um segredo que ameaça lançar a discórdia no seio familiar.
Elizabeth, a filha mais velha, é uma mulher ambiciosa, cuja beleza e inteligência despertam a atenção de todos, excepto da pessoa que mais lhe importa: o pai. Delicada e doce, Caitlin, a filha ilegítima, esforça-se por singrar num mundo de privilégios, mantendo-se fiel aos seus princípios. Caprichosa e rebelde, Amber parece ter uma tendência natural para se envolver em situações desastrosas, mas é muito mais frágil do que parece.
Por entre cidades tão fascinantes como Londres, Tóquio e Nova Iorque, as irmãos irão procurar o seu próprio caminho. Mas à medida que velhas feridas reaparecem, ameaçando destruir os alicerces do império Melville, as suas vidas voltarão a cruzar-se. Serão elas capazes de se unir e juntar forças em nome da família?
Opinião:
Há já algum tempo que andava à procura de um romance profundamente poderoso e comovedor; um livro que me levasse numa viagem incontornável pelos caminhos da amargura, do desespero, da necessidade e do amor. Filhas da Fortuna é tudo isso e muito mais. Incrivelmente astuto e atento aos pormenores, é uma autêntica surpresa do princípio ao fim. Retratando uma história envolvente, cativante e enternecedora, Filhas da Fortuna leva o seu leitor a estar constantemente a emocionar-se, a revoltar-se com algumas das decisões e acções levadas a cabo pelas personagens e a revitalizar-se com o desenrolar e desabrochar inesperado dos acontecimentos... que surgem num magnífico catapultar de emoções e sensações. Tara Hyland não se podia ter estreado em Portugal com melhor obra, mostrando assim um romance não só verosímil como ricamente caracterizador de um drama familiar que, sem dúvida, ocorre nas vidas de muitos dos seus leitores.
O ponto forte deste livro é tanto a narrativa em si como as personagens principais. As três irmãs são fantásticas, carismáticas e decididamente muito diferentes entre si, tornando-se cada uma delas perfeita à sua própria maneira. Elizabeth, a filha mais velha, extremamente pragmática e autoritária e vista como uma pessoa extremamente fria e decidida, apresenta-se com uma certa vulnerabilidade atraente e notória, um ponto fraco recorrente em famílias com mais do que um irmão. Constantemente em busca de apoio e do orgulho do pai, ela vê-se instintivamente arrastada para uma vida de trabalho árduo e descuido familiar... até que uma ruptura emocional a levará a cometer a maior das atrocidades, uma escolha que poderá, muito bem, colocar a sua posição pessoal, familiar e profissional em alto risco. Com Caitlin, a filha do meio ilegítima, quis o destino ser diferente e, uma vez adulta, facultar-lhe um número infinito de possibilidades e oportunidades. No entanto, o facto de se ter visto afastada do seu próprio mundo e conforto e arrastada para o seio dos Melville aquando dos seus quinze anos e após a morte prematura da sua mãe, rapidamente se transformou no tipo de pessoa recatada, intelectualmente criativa e desejosa de independência. Quanto a Amber, a sua necessidade de atenção e infância mimada deixou que, através dos seus próprios meios e escolhas, optasse por um caminho conturbado de drogas e sexo desprendido, arrecadando não só uma má imagem para a grande empresa de moda que a Melville representa como igualmente o esgotar das possibilidades de estrondoso sucesso que, enquanto provocadora e sóbria, viu aparecer umas atrás das outras. Efectivamente, são estas as três figuras de autoridade e fios condutores que permitirão um desenrolar apelativo e sedutor de uma trama coberta de reviravoltas, conflitos internos e familiares e, acima de tudo, de um enredo que fortemente se cinge às ligações tecidas diariamente tanto entre diferentes graus de parentesco como com terceiros e que, inevitavelmente, regem as suas vidas e moldam-nas no e em quem são.
Acompanhadas por um vasto e diversificado leque de personagens secundárias que ajudam a dar vida a uma narrativa incrivelmente bem construída e entusiasmante como, por exemplo, Lucien, Cole ou o próprio William Mellvile, Filhas da Fortuna mostra-se como um romance sem igual, cuidadoso até ao mais pequeno e ínfimo pormenor e que relata, de forma credível e consciente, todo um intenso drama familiar capaz de alterar rumos de vida. Serão as experiências ganhas em cidades de luxo como Nova Iorque ou Tóquio em consonância com as diferentes e distintas personalidades, valores morais e objectivos futuros das personagens que prenderão o leitor numa trama divertida, vertiginosa e motivadora. Ao ler Filhas da Fortuna, quem não gostaria de experienciar, em primeira mão, a perspectiva boémia dos bairros de Paris? Ou o forte conceito de trabalho e inovação de Tóquio? Ou, ainda, a eterna busca pela fama presente em Los Angeles? Melhor... depois de tudo isto, quem não gostaria de voltar para uma Londres simbolizada pelo conceito de casa e aconchego?
Filhas da Fortuna não se deixa somente envolver pelo significado literal do romance. Com ingredientes vários como mistério, intriga e muitos, muitos segredos, este é um livro que não quererá perder. Abordando de forma brilhante as relações que vivemos no nosso dia-a-dia, os medos sentidos e as dúvidas constantes, Tara Hyland mostra todo o seu potencial e mestria na narração de uma história comovente e, ao mesmo tempo, complicadíssima de largar. É um livro com 520 páginas... e depois? Se tivesse mais continuaria a ser impressionante, pois cada página tem um propósito, uma finalidade que, no fim de contas, não deixará de surpreender e deixar o leitor com um sorriso nos lábios e com um profundo sentimento de saudade. Recomendo vivamente!, mais uma excelente aposta da Porto Editora.
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