sexta-feira, 22 de abril de 2011

Reencontros, Cathy Kelly



Título Original: Homecoming
Autoria: Cathy Kelly
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 494
Tradução: Ana Glória Lucas


Sinopse:

Eleanor Levine deixou a Irlanda há setenta anos, levando consigo pouco mais do que uma mala e o livro de receitas escritas à mão pela mãe. Agora, depois de toda uma vida, regressa de Nova Iorque com uma sabedoria duramente adquirida e memórias suas. Psicanalista conceituada, Eleanor sabe que existe uma última viagem que tem de fazer...
A jovem a adorável actriz Megan Bouchier não precisava de correr atrás do sucesso, pois este chegava sem esforço. Fama foi o que ela sempre quis, até que um caso de amor desastroso lhe valeu os cabeçalhos que ela não queria. Agora, Megan precisa de um lugar para se esconder...
A bela morena Rae é uma esposa maravilhosa, uma amiga leal e uma voluntária empenhada dentro da sua comunidade. No Salão de Chá Titania’s, distribui chá e simpatia por toda a gente, até que um segredo doloroso do passado ameaça tudo o que mais ama...
A professora Connie O’Callaghan, um coração de ouro, desistiu do amor. Alegremente, aproxima-se dos quarenta, mas porque não encontra nenhum homem igual aos heróis dos romances de amor de que tanto gosta?
Enquanto Eleanor relê as palavras reconfortantes da mãe e observa o desenrolar da vida através da sua janela da bonita Golden Square, em Dublin, começa lentamente a envolver-se nas vidas de Megan, Rae e Connie. Mas será que a sabedoria acumulada e transmitida de mãe para filha ainda é relevante nos dias de hoje? E quais são os ingredientes para uma vida bem vivida?


Opinião:

«Todas as mulheres necessitam da sua hora Cathy Kelly...», e após terminar este fabuloso romance, não poderia estar mais de acordo. Cathy Kelly é incrivelmente poderosa com a sua escrita, envolvendo o leitor numa atmosfera de intimidade e conforto incrivelmente inteligente e motivadora. Ao percorrer as páginas de Reencontros, senti-me como uma confidente que guarda os segredos de cada uma destas maravilhosas personagens femininas, acompanhando-as durante todo o processo de cura e de dor, absorvendo cada sentimento de culpa, perda de controlo, assombro e, ainda que nem sempre, felicidade. Afirmar que esta obra é divinal, é pouco. Somente lendo e desfrutando plenamente de uma história que nos abraça logo desde os primeiros parágrafos e que nos apresenta personagens tão distintas e magníficas, envoltas em problemas comuns e em diferentes etapas da vida, que tão facilmente poderíamos confundir com um familiar ou amigo, é que o leitor conseguirá verdadeiramente ter acesso àquela essência mágica e única que a própria obra livremente liberta.

Eleanor Levine é a personificação por excelência da avozinha perfeita (ainda que de excelente saúde!). Profissional reformada, inteligente e extremamente bondosa, é ela quem conduz a narrativa com o precioso auxílio de algumas entradas do diário escrito, anos antes, pela sua mãe. Desgostosa e em busca de algum consolo e refúgio, Eleanor abandona a família em Nova Iorque e parte para a Irlanda, o seu país natal, onde acredita ser capaz de lidar com a profunda dor da perda do seu marido de forma mais racional e menos destruidora. É na acolhedora Golden Square, em Dublin, onde encontra alojamento, que Eleanor irá ser como um pilar de força e consciencialização interna que unirá um pequeno grupo de três mulheres incríveis, diferentes entre si mas que partilham um denominador comum – todas elas foram ou estão magoadas e afectadas por acontecimentos do passado e confusas e duvidosas com problemas do presente e futuro próximo. Embora interligadas entre si e profundamente enraizadas umas nas outras, não é fácil a tarefa de finalmente se encontrarem e tomarem conhecimento de tudo o que as preocupada e de qual a melhor forma de solucionar esse/s problema/s. 
Eleanor procura algum tipo de alivio na aceitação e compreensão da morte; Megan, uma jovem lindíssima que se vê catapultada para as capas das maiores revistas de mexericos devido à sua profissão de actriz de cinema, esconde-se num local que acha seguro, junto da sua tia Nora que a criou desde muito nova e onde crê ter a oportunidade de se afastar de todo o alarido provocado por um engano do coração; Rae, uma mulher aparentemente feliz, com um emprego estável onde distribui tantos sorrisos quanto chás, e acompanhada por um marido compreensivo e prestável, busca incessantemente o momento em que conseguirá perdoar-se por um erro do passado do qual não teve inteira culpa mas com o qual encontra dificuldade em sobreviver; e, finalmente, Connie, professora estimada e devota, que conheceu o verdadeiro amor mas que foi abandonada muito próxima do casamento, sendo assim quase impossível ultrapassar o pensamento de que algum outro homem alguma vez poderá ter algum interesse por si. Quis o destino unir estas mulheres para não só lhes apresentar obstáculos normais do percurso da vida como, de forma milagrosa e belissimamente escrita, oferecer momentos de pura amizade, satisfação e reconforto.
Reencontros não se limita a ser apenas mais um romance na prateleira. Muito pelo contrário. Reencontros é uma obra completa, onde o leitor sente cada sentimento e cada sensação tanto destas quatro personagens principais como de muitas outras igualmente fascinantes – deixo o exemplo da mãe de Eleanor que, com o seu diário de receitas, não só transmite conhecimentos culinários da sua época como, de uma forma deliciosa, mostra o que é viver, sonhar, aprender e sobreviver; assim como Ella, a pequena criança que, com a sua jovialidade e sarcasmo inocente, consegue arrancar os mais preciosos e sinceros dos sorrisos por parte do leitor. Cathy Kelly tem uma força extraordinária, sabendo exactamente que caminhos seguir e decisões tomar, por forma a ir directamente ao mais íntimo do coração das suas leitoras. Ela escreve enquanto mulher, sobre mulheres e, principalmente, para mulheres, e sendo eu do sexo feminino, não vejo melhor maneira de encarar tão excelente e rica história que não de coração aberto e predisposto a albergar vidas exóticas e dores excruciantes.

Intensamente caloroso e belo, Reencontros foi uma leitura que me preencheu e que me deu imenso prazer desfrutar. Foi um livro que quis folhear com calma de forma a absorver todo o seu significado e profundidade. Cathy Kelly arrebatou-me por completo com a sua escrita fervorosa, simples e quase cinematográfica, deixando cá bem no íntimo uma vontade devoradora de encontrar e ler os seus outros dois romances publicados em Portugal, também pela Quinta Essência, Alguém como Tu e Uma vez na Vida.
Uma leitura que aconselho a toda a mulher. Um presente perfeito para o Dia da Mãe, que se aproxima. Uma história sobre reencontrar-se a si mesma e deixar-se reencontrar pelos outros. Sem dúvida, uma obra que deixará marcas no coração. 
Um livro magnífico, precioso. 

4 comentários:

Paula disse...

Já tinha visto este livro à venda e chamou-me a atenção :)
Fiquei muito curiosa agora com o teu comentário. Parece-me uma leitura que deixa uma marca, uma saudade.

cris disse...

Ganhei este livro à pouco tempo num passatempo... gostei da tua opinião, tenho de o ler! Bjs
http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com

Anónimo disse...

A Capa deste livro foi o que me captou inicialmente a tenção! É lindíssimo sem dúvida alguma!!

Agora a crítica ainda me chamou mais a atenção :D

Bjs*

Anónimo disse...

tenho bué vontade de ler algum livros desta autora, parece ser encantadora! :)

Beijinhos! ;*

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