sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Volta Para Mim, Mila Gray [Opinião]




Título Original: Come Back to Me
Autoria: Mila Gray
Série: Come Back to Me, #1
Editora: Editorial Presença
Colecção: Grandes Narrativas, N.º 613

Sinopse
Regressado de uma missão em Cabul, o marine Kit Ryan sente-se perigosamente atraído por Jessa, irmã do seu melhor amigo. Mas Jessa parece ser a única rapariga que ele não pode ter. Kit, porém, não deixa que nada se interponha entre ele e Jessa, e ela rende-se irresistivelmente. O que começou por ser um namoro de Verão, em breve se transforma numa relação que altera radicalmente o mundo de ambos. Kit tem de partir de novo, mas está disposto a sacrificar tudo por Jessa. Ela dispõe-se a esperar por Kit, aconteça o que acontecer. No entanto, para além da distância e do tempo, algo mais os separa... 


Opinião
Para mim não há nada como um bom romance contemporâneo. Adoro uma história que me faça sonhar com amores impossíveis, paixões avassaladoras e instantes, no tempo, capazes de moldar, para todo o sempre, uma vida. Volta Para Mim é uma abordagem suave a uma dessas narrativas intemporais que retratam, de forma agressiva e bela, realidades que muitos de nós, marcados pelas mesmas, gostaríamos que não existissem. Este não foi um enredo que me tocou, bem lá fundo, no âmago, mas tenho de admitir que me fez verter algumas lágrimas, assim como esboçar uns quantos sorrisos. 

Jessa não se recorda de um único momento no seu passado em que não tenha amado Kit. Melhor amigo do seu irmão mais velho, assim como seu companheiro de armas, Kit é uma força da natureza que Jessa anseia poder domar. Mas para Kit, Jessa sempre foi a irmã mais nova de Riley, até que um Verão mudou tudo. 
O relacionamento que estes dois protagonistas acabam por desenvolver, ao longo do livro, não é nada fácil, e encontra-se fortemente pontuado por obstáculos. Mas o maior medo está ainda por vir, quando Kit e Riley são destacados para o Afeganistão, de onde, somente um, voltará inteiro – e esse é, precisamente, o hook perfeito que manterá o leitor expectante e num compulsivo virar de páginas. 

Gostei particularmente do crescimento de Jessa que, nos seus inocentes dezoito anos, se via ainda demasiado embriagada pelos infinitos e se mas que, nos meses seguintes à partida de Kit e especialmente após aquele acontecimento chave na trama, mostrou uma garra e confiança mais saudáveis, embora sofregamente marcadas pela dor e pelo desconhecido. 
Em relação a Kit, gostava que o seu psicológico tivesse sido mais intensamente explorado após a sua última missão em zona de guerra – a nível puramente pessoal, tudo o que envolva forças especiais e locais como Cabul e traumas de guerra fascina-me dada a carga emocional que envolve e as lesões, tantas vezes não físicas, que nunca desaparecem. Ainda assim, Kit foi dono de uns quantos diálogos de sonho e uns tantos outros momentos de cortar o fôlego e por isso mesmo permaneci uma leitora feliz. 

Quanto à construção da narrativa em si, tenho a dizer que Volta Para Mim não oferece nada de novo. Mila Gray tem um estilo de escrita interessante, que apela aos sentidos e flui com naturalidade, mas a história que decidiu contar não mostra nada que o leitor já não tenha apreciado em tantas outras obras do género. Porém, estes foram clichés que não souberam como clichés – desde o primeiro instante que soube, com exactidão, o que ia acontecer e mesmo assim vi-me agarrada à leitura, incapaz de não querer presenciar mais o florescer do amor entre Jessa e Kit, incapaz de não querer ter a certeza sobre as minhas previsões, incapaz de não estar mortinha de curiosidade por saber como é que ambos iriam reagir àquilo que eu estava certa que iria acontecer. 

A minha passagem favorita foi, justamente, os instantes e acontecimentos que deram resposta à questão que o primeiro capítulo deixa no ar. Confesso que mal consegui respirar e que rapidamente vi as lágrimas a subirem-me aos olhos, absolutamente impossibilitada de as travar, enquanto percorria frase sob frase em busca daquilo que no intimo já sabia mas que não queria acreditar que Gray tinha mesmo escrito. A partir desse momento para a frente, nunca mais consegui parar a leitura. 

Volta Para Mim é um romance contemporâneo new adult que facilmente poderia ser um young adult não fosse, suponho eu, a carga sexual que contém. Fora isso, os temas fortes estão lá – traumas de guerra, pais com mãos de ferro, perdas que não deviam, nunca, de ter acontecido, ódios que não são logo explicados ao leitor... –, a escrita simples está lá e a carga emocional, que por vezes desejei ser ainda mais intensa, também está lá. Uma história com um fim agridoce e que, a nível inteiramente pessoal, julgo que poderia ter sido mais aprofundada, que fará, certamente, as delicias dos adeptos de romances contemporâneos. 

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