Título Original: The Murder Complex
Autoria: Lindsay Cummings
Série: The Murder Complex, #1
Editora: Saída de Emergência
N.º Páginas: 352
Sinopse
Meadow Woodson, uma rapariga de 15 anos que foi treinada pelo seu pai para lutar, matar e sobreviver em qualquer situação, reside com a sua família num barco na Florida. O Estado é controlado pelo Complexo Assassino, uma organização que segue e determina a localização de cada cidadão com precisão, provocando o medo e opressão em absoluto.
Mas tudo se complica quando Meadow conhece Zephyr James, que é – embora ele não saiba – um dos assassinos programados do Complexo. Será o seu encontro uma coincidência ou parte de uma apavorante estratégia? E conseguirá Zephyr impedir que Meadow descubra a perigosa verdade sobre a sua família?
Opinião
Já fez algum tempo desde que folheei as páginas desta aventura pelo campo da distopia e escusado será dizer que não me poderia estar a ser mais difícil, impossível até, encontrar as palavras certas para a descrever. Aproveitei todo e cada momento desde o virar da última folha para ponderar, de forma justa e cuidada, acerca das emoções e marcas que fui guardando ao longo da leitura, e por mais qualidades gerais que consiga encontrar, e apontar, em O Complexo dos Assassinos, os pormenores, esses, apresentam demasiadas falhas. O conceito da história é muito bom, inovador e peculiar, com um ou outro elemento repleto de originalidade, mas a execução é, na minha opinião, fraca – excessivamente fraca.
Em linhas simples, a narrativa de Lindsay Cummings conta a história de dois protagonistas que poderiam ter tudo em comum não fosse a disparidade circundante do mundo em que cada um luta por sobreviver. Meadow Woodson é das poucas residentes marítimas da Florida, onde partilha um barco com o seu pai e irmãos. Zephyr James é um trabalhador entre tantos outros que tenta passar despercebido ao levar as suas tarefas a cabo o mais perfeita e rapidamente possível. Meadow foi treinada para matar desde muito nova, e para vencer o teste a que a sua tenra idade obriga e que trará uma certa estabilidade e conforto à sua família. Zephyr esconde memórias que não compreende, e um passado que não sabe como decifrar. O caminho destas duas personagens está destinado a cruzar-se – e irá moldá-los, aos seus objectivos, crenças e sentimentos, para todo o sempre.
É com muita pena que digo que O Complexo dos Assassinos tinha tudo para dar certo, para se tornar um enorme sucesso entre os seus pares, e para se destacar, de forma gloriosa, dentro do género da distopia. Porém, Cummings, talvez pela sua ainda tenra idade, não teve a postura narrativa necessária para elevar o seu romance ao extremo sangrento que promete, e tantas vezes entrega de forma provocante, em todos os outros campos que não envolvam, directa ou indirectamente, a morte. Este é um livro violento – disso não me restam dúvidas – e o seu real poder reside precisamente na visualização de cada uma dessas cenas chocantes e estimuladoras, mas tudo o resto, desde a construção narrativa ao desenvolvimento das personagens, fica demasiado aquém.
Meadow poderia ser uma figura fascinante, verdadeiramente especial, não fosse o seu ‘romance’ com Zephyr. O seu potencial é gigantesco – os vislumbres iniciais da sua personalidade prometem uma protagonista determinada, forte e capaz de tudo pelos que ama – mas a partir do momento em que Zephyr entra na equação Meadow transforma-se em alguém fraco, susceptível a uma paixão que não só surge do nada como não tem bases para crescer ao ponto que Cummings quis mostrar. Já Zephyr, como interveniente masculino, pouco tem a oferecer de interessante. As particularidades envolventes das suas memórias e passado são a única componente a seu favor, pois tudo o resto expande-se à volta do tal romance com Meadow e do Complexo Assassino que poderia ter sido algo tão, mas tão bom e que acabou por não criar o impacto, o sufoco desejado.
Também a escrita da autora peca pela falta de maturidade. Nota-se uma certa influência infantil na abordagem ao romance – ao ponto de transmitir a sensação de que este só existe porque todas as outras obras dentro do género ‘têm’ um –, e uma falta de desenvoltura na construção das personagens enquanto indivíduos. Em termos descritivos, Cummings apresenta um estilo fácil e até algo fluido o que permite uma leitura rápida mas quando se foca em algo concreto, em algo que envolva uma personagem ou uma emoção, é como se estivesse a faltar alguma coisa. As partes sangrentas e de violência extrema continuam a ser as minhas favoritas, assim como a ideia base da história – e nisso Cummings é muito boa –, somente tenho pena que a sua criatividade, enquanto escritora, se fique pelo imaginário e não pela execução. Irei ler a obra que se segue, The Death Code, apenas porque se trata de uma duologia e a parte curiosa em mim quer saber como tudo isto termina.
Ainda assim, esta é uma história que recomendo aos leitores mais jovens do sector YA e que estejam a dar os primeiros passos no género.
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