quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Eu Dou-te o Sol, Jandy Nelson [Opinião]




Título Original: I’ll Give You The Sun 
Autoria: Jandy Nelson
Editora: Editorial Presença
Colecção:  Diversos Infantis e Juvenis, N.º 312
N.º Páginas: 336


Sinopse
Jude e o seu irmão gémeo Noah são inseparáveis. Aos 13 anos, Noah é um jovem tímido e solitário que adora desenhar. Jude, pelo contrário, é extrovertida, tagarela e sociável. Três anos mais tarde, tudo se altera. Jude e Noah mal falam um com o outro. Um trágico acontecimento afetou os gémeos de forma dramática… Até que Jude conhece Guillermo Garcia na Escola das Artes, um escultor ousado e bem-parecido que vai ter um papel determinante na vida dos irmãos. O que os gémeos não sabem é que cada um deles conhece somente metade da história das suas vidas e, se conseguirem reaproximar-se, terão a oportunidade de reconstruir o seu mundo.


Opinião
Literariamente falando, existem, a meu ver, cinco tipos diferentes de livros – os que não são bem o estilo do seu leitor e que, por isso, se tornam um pouco insignificantes na estante; os que são bons e servem, com agrado, o propósito de entreter; os que são mesmo muito bons e apresentam uma abordagem distinta e um trato natural; os que são puras obras de arte ao invocar emoções e ao pintar imagens eternas no seu leitor; e Eu Dou-te o Sol, de Jandy Nelson. 
Tenho perfeita noção de que por diversas vezes dissertei sobre não ter, em mim, palavras suficientes para descrever uma leitura que me encheu por completo as medidas... mas Eu Dou-te o Sol é um caso ainda mais extraordinário, de uma magnificência e riqueza supremas, e de uma originalidade, tom e aproximação com o real sublimes. 

Em linhas simples, esta é uma história centrada em duas figuras que embora gémeas em tudo são o oposto uma da outra. De um lado temos Noah, nos seus treze anos e meio, que lida com um espírito artístico rebelde e impulsivo, deveras consumidor, e do outro temos Jude, nos seus dezasseis anos, acometida por assombros imaginários, superstições quiméricas e uma enorme vontade de fazer o que está correcto, de emendar os seus erros e de salvar o que o passado, o seu eu passado, tanto lhe deu quanto lhe tirou. Juntos, Noah e Jude são a dupla perfeita – o yin negro, passivo e reconfortante do yang brilhante, quente e vibrante – mas separados, no reverso, são o desastre completo, o desequilibro, a inconstância. 

Não vou dar largas ao conteúdo deste livro pois, tal como foi comigo, quero que partam para a sua leitura a saber muito pouco, ou quase nada, acerca do mesmo. Creiam somente que Eu Dou-te o Sol trata-se de uma narrativa excepcionalmente bem escrita, com duas vozes distintas e singulares, duas personagens de peso, ricas em experiências, e sentimentos, e emoções, em descobertas, e enganos, e explosões internas, e de abordagens temáticas tão incrivelmente reais, e palpáveis, que atingem o leitor que nem uma bala. Atrevo-me ainda a dizer que Eu Dou-te o Sol não é um YA para ser lido uma única vez, e sim para ser saboreado ocasionalmente, retirando pequenas pérolas e ensinamentos de cada leitura, particularidades que ganham um novo encanto e estima – acreditem que ainda nem ia a meio deste livro e já tinha vontade de voltar ao início!

Noah foi amor à primeira página. Não me sinto capaz de vos explicar coerentemente o quão especial é esta personagem – sem dúvida uma das minhas favoritas dentro dos protagonistas masculinos. Os seus treze anos são divinos. A arte que vive esplêndida. Os riscos que corre – emocionais, familiares, pessoais – belissimamente asfixiantes. A sua visão para com o mundo é brilhante – dificilmente esquecerei como é regatear as árvores, os oceanos, as estrelas e o sol, até mesmo as flores, por um desenho recheado de significado. Noah é, todo ele, incrível. Todo ele luz. Todo ele arte, e cores, e carvão. E embora os seus dezasseis anos sejam imperfeitos, e tenebrosos e tão repletos de mágoa, e incerteza e culpa, a sua beleza interior permanece intacta, assim como o seu espírito ímpar.

Jude foi uma amizade que se transformou em carinho – forte, pulsante – e que depois virou amor. Aos dezasseis anos a sua alma não é mais inocente, a sua veia artística parece destinada ao fracasso e nem mesmo a bíblia da avó Sweetwine dá ares de vir a ser grande protecção contra um irmão que parece, por vezes, voar e que desafia a mortalidade a uma velocidade diária, e um rapaz de olho verde e olho castanho que inexplicavelmente lhe é familiar. Jude é extravagância, excentricidade. É o Oráculo – à disposição de qualquer um – que mesmo em termos vagos é certeiro. É uma laranja saltitante de proporções épicas e vestidos, criações espantosas na parede. Jude é paixão escondida e segredos guardados. É uma versão diferente, mais madura, mais conscienciosa, dos seus treze anos e meio de pertinácia. 

Adorei todo e cada momento desta leitura. Jandy Nelson passou para o meu top de autoras sobrenaturalmente incríveis e invulgares e mal posso esperar pela oportunidade de devorar a sua outra obra, de estreia por sinal, The Sky is Everywhere. Eu Dou-te o Sol tornou-se um dos meus romances favoritos, dentro e fora do género young adult, e um livro que espero – ou melhor, tenho a certeza de que irei - ler novamente. Uma aposta por parte da Editorial Presença que deveria de figurar na estante de todos os apaixonados por livros, além de que é a leitura perfeita para o Verão – ou para o Outono, ou para a Primavera, até mesmo para o Inverno... 


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4 comentários:

Jardim de Mil Histórias disse...

Olá!
Gostei muito da opinião! Tenho muita curiosidade com este livro!
Parece bom!
Beijinhos e boas leituras

Femme Trivial disse...

Não conhecia de todo este livro e deixaste-me com uma vontade enorme de o ler!!

Pedacinho Literário disse...

Olá, Isaura
Obrigada! O livro é mesmo muito bom, um dos preferidos do ano. Acho que devias de o espreitar eheheheh
Beijinhos*

Pedacinho Literário disse...

Olá, Femme
Fico contente em saber! Vai espreitá-lo, é daqueles mesmo muito bons. ;)

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