Título Original: Cress
Autoria: Marissa Meyer
Colecção: Crónicas Lunares, #3
Editora: Planeta Manuscrito
N.º Páginas: 504
Sinopse
Neste terceiro livro de Marissa Meyer, Cinder e o capitão Thorne estão escondidos com Scarlet e Wolf. Juntos, conspiram para derrubar a rainha Levana e impedir o seu exército de invadir a Terra.
A sua melhor esperança é Cress, uma jovem presa num satélite desde a infância e que apenas tem os netscreens como companhia. Todo este tempo passado a olhar para os ecrãs fez dela uma excelente hacker. Mas infelizmente, é obrigada a trabalhar para a rainha Levana, e recebeu ordens para localizar Cinder e o seu bonito cúmplice. Quando o ousado resgate de Cress corre mal, o grupo desmembra-se. Cress obtém por fim a liberdade, mas com um preço mais elevado do que jamais pensou. Entretanto, a rainha Levana não vai deixar nada impedir o seu casamento com o imperador Kai. Cress, Scarlet, e Cinder podem não ter sido designadas para salvar o mundo, mas são a única esperança do mundo.
Opinião
Quando jurava, a pés juntos, que era absolutamente impossível, impensável, Marissa Meyer me surpreender e fazer apaixonar, ainda mais perdidamente, pelas suas personagens e histórias... aparece Cress.
Tanto há a escrever sobre este que é o terceiro volume da fantástica e distópica série Crónicas Lunares que, enquanto reviewer, me confesso assustada – sei que tenho por hábito dizer este tipo de coisas mas, desta vez é diferente, e não poderia estar a ser mais sincera ao afirmar não haverem palavras suficientes para descrever o quanto adorei, o quanto amei, esta obra. Cress é tudo o que Cinder e Scarlet foram para mim e muito mais – narrativas peculiares, com personagens extraordinariamente ricas e complexas, reviravoltas de suster a respiração e uma dose de humor capaz de meter inveja a qualquer comédia (por vezes até romântica) que se preze.
Cress viveu toda a sua vida num satélite. Da pequena janela para o exterior, ela consegue ver a Terra – um local que nunca conheceu mas que os seus sonhos e netscreens mostram ser paradisíaco. A sua maior ambição, e desejo, é encontrar o Capitão Thorne, um fugitivo de beleza incomparável e por quem ela tem assim... um grande fraquinho. Mas mal sabe Cress que os conhecimentos que acumulou na sua prisão viriam a tornar real o que não passava de mera imaginação. Cress é uma peça importante na salvação do mundo, e Cinder, acompanhada de Thorne, Scarlet, Wolf e Iko, fará de tudo salvar Kai, e a Terra, das garras de Levana... nem que para isso tenha de atravessar o Espaço e raptar a espiã de Luna – Cress.
Nem sei por onde começar... pois são tantos os feels!
Penso que não existe nenhuma outra série no universo literário young adult que mexa comigo ao mesmo nível, e com a mesma intensidade, das Crónicas Lunares. Marissa Meyer é uma autora indiscutivelmente fabulosa, com uma imaginação fértil que combina, na perfeição, com todos os toques de contos de fadas que ela insere, e explora, nas suas histórias. A cada volume Meyer apresenta uma nova heroína, uma nova donzela em apuros sem nunca descurar os intervenientes das obras anteriores, nem tão pouco a linha condutora da narrativa que quer contar, e se querem saber a minha opinião, nenhuma nem ninguém se compara a Cress. Gosto muito – mas muito mesmo – de Cinder e Scarlet detém o lado corajoso e destemido do meu coração mas Cress... Cress é como as flores que brotam na Primavera, ou como o aconchego de uma manta e de um chocolate quente no Inverno, ou o calor que assombra a pele e o mar que refresca o espírito no Verão... Cress é um mundo em si e uma protagonista deliciosa em todos os sentidos – ela é inocente, apaixonada, divertida mas também uma hacker perturbadoramente boa e objectiva. Não tenho palavras para descrever o quanto me senti em sintonia com esta protagonista – nem tão pouco para demonstrar a hilaridade que a sua paixão por Thorne confere a toda a obra.
O desenrolar da acção ao longo destas páginas é outro dos grandes chamativos de Cress. Marissa Meyer foi extremamente inteligente ao alargar os horizontes narrativos e apresentar novas facetas da Terra, assim como de Luna. Pisar o templo de Levana pela primeira vez, ver os seus soldados em treino, perceber a hierarquia da sua monarquia foi algo que nunca pensei vir a ter acesso tão detalhadamente. Assim como autênticos desertos terrestres, povoados tanto por humanos como por conchas, que partilham entre si uma realidade devastadora. Muitos são os acontecimentos que se sucedem em catadupa nesta terceira obra, originando momentos de pura tensão, romantismo, bravura e divertimento – no que diz respeito a esta última componente, é-me impossível não destacar o relacionamento de Cress e Thorne, que é maravilhoso! Mas também a questão política, as pressões por parte de Levana e Luna, no geral, o dramatismo em redor da potencial união de Kai, tudo o que esta obra oferece é um assombro para os sentidos e o remédio mais do que essencial para uma leitura compulsiva.
Depois de tudo o que aconteceu em Cress e de tudo o que ficou por explicar, confesso-me uma leitura deveras ansiosa pelo lançamento de Winter, o quarto e último volume de uma série que vou ter pena ver terminada. Marissa Meyer tem um estilo único, que apela aos sentidos e mexe com as emoções, que descreve belissimamente momentos de medo e de alegria, e que enceta diálogos do mais brilhante que se pode encontrar neste tipo de literatura – e uma imaginação tão fértil, tão poderosa que as suas histórias arrebatam corações. Adoro as suas personagens. Adoro o seu mundo. Adoro a sua escrita. Adoro. Tudo. E não poderia recomendar mais fervorosamente.