segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Avozinha Gângster, David Walliams [Opinião]




Título Original: Gangsta Granny
Autoria: David Walliams (com ilustrações de Tony Ross)
Editora: Porto Editora
N.º Páginas: 256


Sinopse:
O nosso herói, Ben, adormece só de pensar que tem de ficar em casa da avó. Que seca! É a avozinha mais aborrecida de sempre: só pensa em jogar jogos de tabuleiro e comer sopa de couve. Mas há dois segredos que Ben desconhece:

• A sua avozinha é uma famosa ladra de joias.
• E toda a vida sonhou roubar as Joias da Coroa inglesa, e agora precisa da ajuda de Ben…


Opinião:
Adoro uma boa história intemporal — seja porque as suas páginas me levam à nostalgia do passado, seja porque o seu conteúdo narra, de forma simples e harmoniosa, uma verdade comum, uma acção palpável e concreta. Estas histórias tão especiais tendem, muitas vezes, a encontrar-se em livros direccionados para os mais jovens, para aqueles que ainda lutam contra a inevitabilidade do crescimento, contra a perda da inocência e contra a consciência dos actos. Avozinha Gângster será, certamente, uma obra divertida para os mais pequenos, recheada de sentimentos partilhados e gargalhadas felizes, mas para aqueles que se aventurarem por estas páginas com uma maturidade diferente, mais robusta, mais patente, então não somente os sorrisos serão uma certeza, quanto a reflexão sobre aqueles momentos passados com os mais velhos, com os pais, ou os avós, ou os bisavós, tornar-se-ão uma análise constante, numa digestão das traquinices, dos bons e dos maus momentos, e de todos os erros que, enquanto outrora jovens, cometemos para com essas pessoas que tanto amamos.

As linhas narrativas que perfazem esta história não poderiam ser mais simples — Ben é um jovem rapazito de onze anos que tem de ficar em casa da avó sempre que os seus pais, obcecados por um programa televisivo sobre danças de salão, têm de se ausentar de casa. O problema de Ben é que a sua avó não poderia ser mais aborrecida — de cabelo grisalho, dentes falsos e uma paixão louca por couve, nada há mais que fazer na sua casa que não jogar Scrabble e comer couve a todas as refeições (sopa de couve, quiche de couve, tudo e mais alguma coisa de couve). Mas a avó de Ben esconde um segredo... e esse mistério, envolto numa caixa de jóias que Ben encontrou por acaso, será o factor que unirá, com laços muito fortes, estas duas personagens.

As ilustrações de Tony Ross são maravilhosas, o que proporciona um toque muito próprio ao livro. Através delas o leitor é capaz de visualizar, ainda com maior certeza, todos os pequenos pormenores que fazem de Ben e da sua avó figuras tão absolutamente únicas. O diálogo de David Walliams é, igualmente, uma componente forte e muito interessante, dissertando, entre a leveza e a seriedade, o que de melhor existe nos laços familiares, e o que de pior se pode encontrar no alheamento das pessoas enquanto indivíduos. A escrita deste autor é muito boa, assertiva e inteligente, perfeita para os mais pequenos, mas também para os adultos é algo de peculiar e único.

Os temas que Walliams aborda podem parecer algo comuns e superficiais de início, mas não esquecendo que esta é, efectivamente, um livro para crianças, o que qualquer leitor mais graúdo tem de ter em mente é que por entre as levianas linhas de texto se encontram mensagens universais. Mensagens que o vão fazer pensar, e o vão fazer querer mudar.
Avozinha Gângster trata-se de um daqueles livros visualmente extraordinários que são excelentes para se ler aos mais pequenos antes do deitar. Trata-se de um livro que visa criar laços, não só na narrativa, entre Ben e a sua avó, mas também na vida real. Para Ben a sua avó transformou-se numa outra pessoa, numa heroína dos seus contos de diabrura, quando descobriu que esta era uma ladra de jóias, e foi no trespassar dessas histórias da juventude da sua avó, que o fascínio verdadeiramente se manifestou. Mas nem sempre as avós são aquilo que dizem aos netos, embora, numa constante, façam tudo e atravessem qualquer adversidade por eles, e é precisamente aí, nesse exacto ponto, que se encontra a beleza deste livro. Foi uma leitura muito especial, e ternurenta, e nostálgica para mim.

2 comentários:

Jardim de Mil Histórias disse...

Olá!

Gostei muito da opinião. Já tive imensas vezes com este livro na mão para o trazer comigo. Deixei-o sempre na loja.

Acho que agora vai ser desta :)

Beijinhos e boas leituras!

http://jardimdemilhistorias.blogspot.pt

Rita Verdial disse...

Eu confesso que quando este livro saiu me senti atraída por ele, mas como era para miúdos não o comprei (acabei foi por fazer os meus pais comprarem para oferecer ao meu primo que está na idade hehe).

Entretanto saiu o "Doutora Tiradentes" do mesmo autor e aí sim não resisti! Tive de mostrar à minha mãe que mo foi logo comprar hehe Isto porque apresentei a minha tese de mestrado quando o livro saiu e dei por concluído o meu curso de Medicina Dentária (está explicado todo o interesse e o pretexto) ^^
Só tenho a dizer que adorei o livro! Ri-me imenso ao longo de toda a leitura (aliás li o livro em voz alta para a minha mãe, o que foi um momento de leitura tipo hora do conto muito engraçado). Se achei tanta piada com 25 anos, só sei que teria adorado ter todos estes livros quando era miúda.
Se alguém tiver que oferecer um presente a uma criança crescidinha/pré-adolescente e estiver sem ideias, tem aqui uma bela dica ;)

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