Título Original: To All the Boys I’ve Loved Before (To All the Boys I’ve Loved Before #1)
Autoria: Jenny Han
Editora: Topseller
N.º Páginas: 272
Sinopse:
«Guardo as minhas cartas numa caixa de chapéu verde-azulada que a minha mãe me trouxe de uma loja de antiguidades da Baixa. Não são cartas de amor que alguém me enviou. Não tenho dessas. São cartas que eu escrevi. Há uma por cada rapaz que amei — cinco, ao todo.
Quando escrevo, não escondo nada. Escrevo como se ele nunca a fosse ler. Porque na verdade não vai. Exponho nessa carta todos os meus pensamentos secretos, todas as observações cautelosas, tudo o que guardei dentro de mim. Quando acabo de a escrever, fecho-a, endereço-a e depois guardo-a na minha caixa de chapéu verde-azulada.
Não são cartas de amor no sentido estrito da palavra. As minhas cartas são para quando já não quero estar apaixonada. São para despedidas. Porque, depois de escrever a minha carta, já não sou consumida por esse amor devorador. Se o amor é como uma possessão, talvez as minhas cartas sejam o meu exorcismo. As minhas cartas libertam-me. Ou pelo menos era para isso que deveriam servir.»
Opinião:
Não há, para mim, nada melhor que o aconchego de uma leitura ternurenta e rica em afectos e dilemas românticos adolescentes — principalmente se o dia lá fora se mostrar frio e chuvoso. É absolutamente maravilhoso, uma sensação inebriante até, encontrar histórias que marcam pela desigualdade das personagens, pela beleza e simplicidade da escrita, e pela peculiaridade dos temas abordados — ou, pelo menos, do momento inesperado em que tudo muda. A Todos os Rapazes que Amei é tudo isto e muito, muito mais — uma narrativa impressionista que aborda o comum de forma insigne, sem nunca perder o rumo do que é verdadeiramente importante, e do que todos nós, bem no íntimo, procuramos um dia encontrar.
Amar alguém distante é sofredor — Lara Jean sabe-o melhor do que ninguém. E é por isso que escreve as suas cartas de (des)amor sempre que se apaixona por um rapaz que deseja não mais sentir afecto por. Através da eternidade da tinta, Lara Jean coloca todos os seus sentimentos e emoções no papel, e assim que sela as suas promessas em envelopes simples endereçados a destinatários que nunca as verão, guardando-os na sua caixa de chapéus, a paixão que nutria por essas pessoas extingue-se. Mas e se, num acto de pura surpresa, essas cartas secretas e íntimas chegassem ao seu real destino? Como seria ver no rosto de todos esses antigos enamoramentos a reflexo e consequência das suas palavras?
Jenny Han tem uma escrita muito, muito inteligente — e o seu imaginário não se fica atrás. A forma como entrelaça todas as pequenas e deliciosas peças de um puzzle adolescente de proporções astronomicamente desastrosas é deveras impressionante, o que se traduz num romance divertido, leve e, sem dúvida, perfeito para leitores de corações quentes. As suas personagens são singulares e muito bem trabalhadas, ao mesmo tempo que o seu tom jovial e quase de confidência embala o leitor num percorrer de páginas veloz. As temáticas que discute são, também elas, uma componente atractiva — impopularidade, amores não correspondidos, incompatibilidades fraternais, ausência parental, vinganças levadas a cabo pelo calor do momento, amizades turbulentas e ausência familiar são, somente, alguns dos pontos tocados por Han, e parte do motivo pelo qual tão rapidamente me apaixonei por este livro.
Quanto às vidas que fazem pulsar de entusiasmo esta obra do contemporâneo, Lara Jean foi, para mim, quem mais se destacou e quem acabou por ser uma enorme surpresa. Adorei todas as suas pequenas particularidades — tanto a nível de feitio como de hábitos pessoais — que a transformaram numa personagem não só complexa como completa. A sua personalidade é embriagante e marcada por certos rasgos de genialidade, e a forma como se nota o seu crescimento ao longo do romance — o seu desabrochar para algo que começou como um contrato — é maravilhoso.
Também Josh e Peter K. foram figuras que me tocaram, dentro das personagens masculinas, assim como o pai de Lara Jean. Josh pela sua garra, impulsividade e persistência — mesmo perdendo, ainda que muito ligeiramente, o rumo dos seus sentimentos —, Peter pela novidade que oferece à trama e pela forma como encara a sua situação com Lara Jean, e o pai da nossa protagonista pelo carinho, dedicação e amor que demonstra, numa constante, ter pelas filhas.
Dizer que gostei muito de A Todos os Rapazes que Amei é um eufemismo. Estas páginas fizeram-me as delicias, encheram as minhas tardes de alegria e perpetuaram um sorriso carinhoso nos meus lábios. Muito possivelmente um dos melhores romances do contemporâneo young adult que li este ano — é deslumbrante a esse ponto! E deixem-me que vos diga que mal posso esperar pela continuação, que se chamará P. S. – Ainda te Amo, e que a Topseller já prometeu publicar em 2015 (previsão: Novembro).
2 comentários:
Gostei muito de ler a sua opinião e faz-me querer comprar esse livro.
Bjs
http://omeuoutroladoeu.blogspot.pt/
Excelente opinião!
Já andava curiosa com este livro, agora tenho mesmo de o ler! :D
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