Título Original: Lies
Autoria: Michael Grant
Editora: Planeta
Manuscrito
Nº. Páginas: 336
Tradução: Victor
Antunes
Sinopse:
Sete meses passaram
desde que todos os adultos desapareceram da ZRJ (abreviatura de Zona Reactiva
Juvenil).
Tudo agora vai acontecer
numa só noite.
Uma rapariga que tinha
morrido circula agora entre os vivos. Zil e o Bando dos Humanos incendeiam
Perdido Beach; entre o fumo e as chamas, Sam entrevê a silhueta da pessoa que
mais teme: Drake.
Mas Drake morreu. Sam e
Caine venceram-no, assim como à Sombra. Pelo menos assim pensavam.
Enquanto Perdido Beach
arde, a batalha também está acesa: Astrid contra o conselho municipal; o Bando
dos Humanos contra os mutantes; e Sam contra Drake, regressado do reino dos
mortos e desejoso de acabar com aquilo que ele e Sam deixaram por concluir.
Entretanto, e à semelhança
do próprio fogo, há boatos que alastram, espalhados pela Profetisa, Orsay, e
pela sua companheira, Nerezza. Afirmam que a morte é um meio de fugir da ZRJ.
As condições são piores
do que nunca, e os jovens estão desesperados por sair.
Mas estarão suficientemente desesperados para acreditarem que a morte
os poderá libertar?
Opinião:
A possibilidade de
sobrevivência pode ser uma incerteza constante, mas enquanto a vontade
persistir, qualquer problema, qualquer situação inesperada e aparentemente
impossível de solucionar será tratada com toda a força, toda a garra essencial à
subsistência numa terra que de alegria, de segurança e de amor, pouco tem a
oferecer.
O medo é uma sensação
certa, recorrente, palpável no ar, mas a união e o desejo de se ser melhor, de
se ser mais, de se ajudar e de lutar, será o ponto chave que poderá, ou não, mudar
o rumo altamente destrutivo e violento que se aproxima, vindo de um futuro
muito, muito próximo.
Mentiras trata-se de um
romance do fantástico e da ficção científica que aloja em si a agressiva, a
extraordinária capacidade de não só impressionar o seu leitor como, e acima de
tudo, surpreender a cada página lida onde um enredo, repleto de potencial,
atinge calamidades tais que o fôlego é cortado e a pele fica completamente
arrepiada.
Michael Grant pode não
ser um escritor de grandes descrições, mas a verdade é que até as pequenas
notas, frases soltas aqui e ali, são suficientemente precisas, correctas e
exigentes ao ponto de, também elas, se tornarem afectáveis. Quanto aos diálogos,
e às emoções, não há como esconder, não há como fugir. Sentindo tudo à mais
leve brisa, à flor da pele, o autor consegue o feito de conjugar todas as
componentes narrativas de forma exímia e bastante perturbável, o que contribui
para o seu enorme sucesso.
Numa obra feita de
pequenas grandes personagens, estas permanecem como um dos pontos focais, mais
importantes e comoventes, não só deste livro em particular como de toda a série.
Cada vez mais torna-se impossível, altamente improvável, eleger somente um ou
dois intervenientes como aqueles que sofreram, enfrentaram ou lutaram as
maiores e mais compactáveis, complexas batalhas, pois a verdade é que todos
eles, no seu conjunto, são especiais, são únicos, são... valorizados. Até
aquela presença quase insignificante, quase invisível pode ser o catalisador
preciso numa ou noutra dada situação, e é esta reverência, esta atenção dada às
personagens, por parte de Grant, que permite ao leitor emocionar-se e
arrepiar-se com tudo o que de desumano, de desastroso e desesperante se passa
na ZRJ, e no que a rodeia.
O cenário continua inconstante,
instável, sofredor. As perseguições mantém-se, o Bando dos Humanos teima na sua
demanda de erradicar todos os anormais, todos aqueles que detém, em si, o poder
de algo brilhante e incompreensível, os mortos erguem-se das suas sepulturas e
vagueiam arduamente pelos sinuosos caminhos da vingança, e até aquelas amizades
profundas, extremamente carecidas, exigidas, reclamáveis, sofrem alterações,
danos que poderão ser fatais.
Não restam dúvidas de
que Grant criou, com esta série, uma história onde os rodeios, os floreados, são
prontamente colocados de parte. A escrita é rigorosa, destorcida, provocadora.
O leitor não tem outra solução que não a de seguir as inúmeras acções presentes
ao longo da trama, insuportavelmente sequioso por uma resposta, por uma réstia
de esperança, uma pequena, mesmo ínfima, luz ao fundo do túnel. E é esta impotência,
esta fraqueza, esta impossibilidade de nós, enquanto meros espectadores,
alterarmos o rumo da história, que torna a leitura viciante.
Uma grande aposta por
parte da Planeta Manuscrito, numa série que não só tem todos os
ingredientes certos para se transformar num inabalável sucesso, como também
possui em si o dom de agradar a um vasto e diversificado leque de leitores. É
que o facto de retratar a vivência e os problemas de um grupo de crianças e
adolescentes, não é motivo nem razão para que um público mais adulto coloque os
livros de lado... aliás, estas são personagens maduras, que se viram obrigadas
a crescer quando deveriam de estar a passar os melhores anos das suas vidas.
Gostei.
6 comentários:
Vai ser a minha próxima leitura. Já está na estante à espera que eu acabe de ler o 3o dos jogos da fome.
Por acaso acho estranho que considerem a saga dos desaparecidos como literatura infanto-juvenil. Tenho estômago forte e sou fã de filmes de terror, mas as partes em que os miúdos se matam uns outros, se exploram ou matam gatos para sobreviver leva-me a pensar que de infantil não tem nada. As crianças não têm maturidade para isto.
Anyway... Adoro a história! ^^
Estou completamente de acordo contigo, Zaahirah! De infantil e, até juvenil, pouco ou nada vejo nesta série. Mas sabes, penso que a categorizam assim devido à idade dos protagonistas, ainda que a mentalidade dos mesmos esteja a anos luz de distância! Por isso é que acho importante frisar que este – e os outros – é um livro que pode e deve ser lido por adultos. Eu sou facilmente impressionável e estes livros fazem-me arrepiar toda!
«Os Jogos da Fome» é muito bom! Ainda só li o primeiro... mas espero pegar nos seguintes muito em breve. :D
Agora é que fiquei mesmo com vontade de ler a serie.
Olá, Arttemizza
Obrigada pelo comentário! Fico muito contente em saber que espicacei ainda mais a tua curiosidade. :) A série é extremamente interessante, com um conceito inovador e... bastante arrepiante. Espero que gostes!
Ola! Tenho 15 anos e acabei agora mesmo de ler o 'Desaparecidos' e já encomendei o volume seguinte 'Fome'. Estou completamente fascinada com o primeiro e acho que será irresistível continuar a ler esta serie até ao final, é simplesmente cativante e o perigo e incerteza deixa-nos ainda com mais vontade de ler ler e ler. A escrita de Grant é imprevisível e de forma concisa e direta ele fascina-nos e nunca mostra o que virá a seguir, é fantástico.
Disseram acima que o livro não era apropriado para a minha idade, pois eu não concordo! Era de uma revolução assim que estava a precisar a categoria de livros juvenis. Um abraço!!
Olá, Maria =)
Deixa-me muito contente encontrar uma leitora tão jovem e tão entusiasmada! Quanto ao que referes, pessoalmente, acredito que é um livro muito violento e pouco próprio para idades tão jovens, mas, claro, a mentalidade conta e muito e, por isso, acredito em igual força que existem jovens – como tu – que conseguem distinguir a ficção da realidade. Espero que desfrutes ainda mais de FOME.
Um beijinho,
Patrícia
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