sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A Culpa é das Estrelas, John Green [Opinião]




Título Original: The Fault in Our Stars
Autoria: John Green
Editora: ASA
Nº. Páginas: 253
Tradução: Ana Beatriz Manso


Sinopse:

Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita. 

Opinião:

Este não é um livro fácil, simples.
Não é um livro onde o mundo é pintado a cor de rosa, onde as barreiras da comunicação, da clareza e da vivência são transponíveis, são destruídas num piscar de olhos. No entanto, é, certamente, um livro marcante. Um livro que nos suspende o fôlego, que nos aperta o coração, que nos faz derramar mil e uma lágrimas rebeldes de compaixão, de dor e agonia, de revolta. Esta é uma leitura incrível, extremamente emocional, extremamente carismática na sua abordagem crua a um tema tão real, tão complexo, tão pouco falado desta forma. Uma leitura que ficará... para sempre.

A Culpa é das Estrelas trata-se de uma narrativa transcendente sobre um pequeno grupo de personagens peculiares, invulgares em coragem e determinação, que batalham, diariamente, contra o alastrar de um mal real, de um mal perceptível, corrosivo. Pungente, emotiva e primorosa, esta é uma obra audaz no que diz respeito à perspectiva oferecida ao leitor, por parte de um autor ousado e supremamente inteligente, e sensitiva pela carga emocional que transmite, que perdura ao longo de todo o folhear das páginas, umas vezes camuflada por atitudes destemidas, outras bem à frente dos olhos em acções compassivas, mas sempre, sempre presente.
John Green, atrevo-me a dizer, escreve com o coração, mexe com os sentimentos e brinca com a ironia das situações mais críticas, dos momentos mais graves, instantes ténues, que se atravessam no longo – embora, por vezes, algo curto – caminho que é a vida. Green não simplifica, Green não esconde, somente opta por outras vias, percorre outras estradas, outras linhas de pensamento, de descrição, de diálogo para ir de encontro, isso sim, a um final comum que se mostra absolutamente extraordinário.

As mais insólitas surpresas são aquelas que se encontram mesmo ao virar da esquina ou, neste caso em particular, no interior de um Grupo de Apoio aos Miúdos com Cancro. E a única forma de nos passarem ao lado, de as perdermos, a essas oportunidades sem igual, é se nos recusarmos a olhar. Se insistirmos em não sentir, se acreditarmos imperiosamente de que não somos merecedores delas. Durante parte da leitura, foi assim que encarei Hazel – uma jovem excepcional, de uma inteligência apaixonante, que não se deixava abrir, que não deixava ninguém entrar com medo de se tornar um estorvo emocional. Mas Augustus é de uma beleza intelectual incrível, e os seus encantos, o seu dom de excelência com a palavra, foram a ruptura no casulo de Hazel, de onde emergiu a mais bela, generosa e nobre das borboletas. Nunca antes percepcionei um amor assim, tão intenso e acolhedor, tão comovente e frágil, e essa, essa sim é a essência de todo este livro.

Há que sorrir face as enfermidades da vida. Persistir nos sonhos que escondemos dos outros. Acreditar que podemos ser melhor, que podemos ter esperança. Amar como se o amanhã não existisse, como se fosse o último instante no tempo e... viver. Principalmente, viver, mesmo quando a dor é demasiado forte, mesmo quando a doença leva de arrasto o que mais nos completa, mesmo quando continuar parece impossível...
A persistência de Hazel, a revolta de Isaac, a explosão de estrelas que é Augustus, em conjunto com o desespero dos pais, o abandono dos amigos, são somente alguns dos elementos que ficarão gravados no meu coração e, com certeza, também nos daqueles que se atreverem a dar uma oportunidade a este romance. Não pensem que este é um livro sobre cancro... acreditem que esta é uma história sobre sobreviventes, sobre um amor estelar, sobre amizades inestimáveis, sobre vidas cujo propósito é persistir, aceitar e amar.

Não consegui evitar chorar no decorrer desta leitura, assim como não consegui evitar sorrir, gargalhar. John Green é, verdadeiramente, um escritor especial, um escritor abrasivo, inteligente, perspicaz, e com um sentido de oportunidade e de humor tão «no ponto» que quase, quase, se torna irrisório ler o que seja após uma obra sua. À Procura de Alaska fez-me apaixonar e valorizar o conceito de amizade, A Culpa é das Estrelas deixou-me, simplesmente, de rastos. E, confesso ainda, que pela primeira vez fui assolada por uma vontade irresistível de voltar a percorrer as páginas e os contornos de um livro, deste livro... algo que nunca antes aconteceu.

Uma aposta sublime, inesquecível, enternecedora por parte da Livros com Sentido, num autor que não só é um fenómeno, como escreve sobre temas importantes, temas profundos sobre e para pessoas. Para mim, um dos melhores romances do ano... num livro deveras impressionante e que, dificilmente, irei esquecer. Brilhante.

5 comentários:

Anónimo disse...

Só boas críticas a este livros! Aliás, muitíssimo boas! Tenho mesmo que adquirir este livro!

bjs*

Pedacinho Literário disse...

Tens mesmo, Crazy. Mesmo, mesmo. Green é um génio da palavra e consegue, de uma forma impressionante, retratar casos complicados de vida com um humor e um sarcasmo brilhantes. Tens de correr até uma livraria, na próxima semana! Beijinhos*

Rita disse...

Ando em pulgas para ler este livro. :) As opiniões são fantásticas,o que me está a deixar mesmo curiosa e expectante. Tentarei que seja das minhas próximas aquisições, pois acho que não aguento a curiosidade. :P

Beijinhos*

Pedacinho Literário disse...

Olá, Rita
Não sei se entretanto já o leste, mas espero que sim. E, mais ainda, que tenhas gostado. =) Beijinhos

Anónimo disse...

Concordo totalmente! Também adorei este livro!

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