Título Original: Devil May Cry
Autoria: Sherrilyn
Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 299
Tradução: Ester
Cortegano
Sinopse:
Sin, um
antigo deus Sumério, era um dos mais poderosos do seu panteão... até à noite em
que Ártemis lhe roubou a divindade e o deixou a um passo da morte. Durante milénios,
o ex-deus convertido em Predador da Noite procurou recuperar os seus poderes e
vingar-se de Ártemis. Mas agora tem peixes mais graúdos - ou demónios mais graúdos
- com que se preocupar. Os letais gallu, que tinham sido enterrados pelo seu
panteão, começam a despertar e estão famintos de carne humana. O seu objectivo:
destruir a humanidade. Sin é o único que os pode deter... se uma certa mulher não
o matar primeiro. E para quem apenas conheceu a traição, agora Sin terá de
confiar numa pessoa que não hesitará em o entregar aos demónios. Ártemis pode
ter roubado a sua divindade, mas outra mulher roubou-lhe o coração. A única
pergunta é: irá mantê-lo... ou dá-lo a comer aos que o querem morto?
Opinião:
Seja atlante, grego ou
sumério, um deus é sempre sinónimo de respeito e poder, de bravura e um certo
egoísmo. Mas quando esse mesmo deus se vê destituído dos dons que acompanham o
seu estatuto imortal, o seu intelecto sobrenatural, nada o impedirá de procurar
vingança, de desejar a morte aos que se interpuseram no seu caminho. Poucos são
os corajosos que enfrentam um ex-deus furioso, marcado por um passado de
terror, mas ainda menos são os que se permitem apaixonar perdidamente por um.
O diabo também chora retrata toda uma série de acontecimentos, pormenores e características de
um grupo de personagens e panteões que, com o avançar da saga, veio responder a
algumas perguntas deixadas para trás. Sin pode ser o protagonista deste
romance, o homem que se forçará a abrir o coração quando a traição é um
sentimento ainda tão recente, ainda tão doloroso no seu peito, mas com Katra
como companheira, é inevitável não abordar uma das criaturas mais misteriosas e
curiosas de todo o universo fantástico – Acheron.
Sherrilyn Kenyon é uma
escritora exímia, de inconfundível talento. O modo como consegue manter o seu
leitor expectante, numa agonia aprazível pela chegada do próximo volume da
saga, da próxima história predatória, é intensamente maravilhosa no sentido em
que o interesse e o empenho em se querer saber mais está sempre lá.
O protagonismo a duas
vozes está presente, é sentido ao longo de toda a narrativa. Sin e Katra formam
um casal indubitavelmente carismático e inesperado, onde a troca de comentários
irónicos e trocistas são a base estável para um relacionamento comum mais
profundo, assim como uma componente altamente desfrutável para deleite próprio do
leitor. Mas também as aparições secundárias são de grande importância e
magnetismo. Cada elemento tem o seu papel na demanda pela salvação humana e,
aqui, não só Acheron alcança feitos extraordinários como Ártemis, Zakar e até
os «maus da fita» são capazes de embalar o leitor numa aventura sem igual.
O que mais impressiona,
no entanto, o que mais cativa ao percorrer estas páginas, não são propriamente
os obstáculos malévolos que as personagens têm de defrontar, mas sim as
batalhas pessoais às quais não mais podem fugir. Alguns segredos são revelados,
alguns comportamentos são compreendidos e um ou outro amor é deixado a pairar
no ar... juntamente com uma réstia de esperança, de que, no futuro, tudo se
revolta pelo melhor e mais justo.
Do volume anterior para
este, muito do cenário paradisíaco se viu submerso nas águas idílicas de uma Grécia
irresistível, mas ainda que algumas personalidades errantes se tenham mantido à
tona, a transformação foi tão grande e total que, do paraíso paisagístico, o
leitor foi transportado para o éden do pecado, do vício. E é essa metamorfose
de locais, essa facilidade com que Kenyon move os seus peões e,
consequentemente, os seus leitores, um dos elementos de maior interesse de todo
o enredo pois, dessa forma, fica perceptível, pelo lugar onde se encontram,
parte da personalidade que perfaz cada uma das personagens a ser retratada. O que,
por sua vez, resulta numa ligação mais fácil e compacta tecida entre
interveniente e espectador.
No que a mim diz
respeito, confesso ter uma adoração extrema por esta saga. E admira-me,
profusamente, a capacidade da autora em conseguir agarrar o leitor à sua história
«sem fim», mantendo o enredo sempre fresco, sempre apetecível. A sua escrita é
quase cinematográfica, focando-se na essência que envolve o relacionamento
entre as personagens, e nas descrições de detalhes imprescindíveis à trama e,
por isso, sente-se uma fluidez e naturalidade incríveis aquando da leitura.
Esta é uma saga que
aconselho a qualquer aficionado por fantasia urbana com um certo toque de
sensualidade. Uma aposta indispensável e verdadeiramente apaixonante por parte
da Chá das Cinco, uma chancela bem feminina da reconhecível Saída de Emergência.
Gostei muito.
1 comentário:
Adoro esta série, já comprei este livro mas ainda estou a ler outras anteriores. =)
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