segunda-feira, 2 de abril de 2012

Estarás Sempre Comigo, Anna McPartlin [Opinião]



Título Original: Pack Up the Moon
Autoria: Anna McPartlin
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 356
Tradução: Maria Correia


Sinopse:

Emma tem vinte e seis anos - bonita, inteligente, feliz e vive com o namorado de infância, John, num agradável apartamento em Dublin. O seu maior problema é a mãe não parar de insistir para que se casem já. Emma e John sentem-se o casal perfeito, com um futuro cheio de possibilidades. Mas, de repente, John morre num terrível acidente, e Emma mergulha no desespero. Amava-o mais do que à própria vida - e agora a morte tirou-lho.
À medida que emerge da dor, Emma tem de encontrar uma nova forma de viver, e os amigos leais unem-se para tentar ajudar. Clodagh, amiga de sempre de Emma, com quem ela partilhou tudo, desde bolos de lama a namoros desastrosos. Anne e Richard, mais ou menos bem casados e a debaterem uma mudança para o campo. O irmão de Emma, Noel, o jovem padre católico que vê a sua própria fé testada enquanto tenta confortar Emma. Seán, o belo mau rapaz das mil e uma namoradas, desconfortavelmente ciente da sua crescente ligação a Emma.
De forma espirituosa, mordaz e, às vezes simplesmente chocante, Emma documenta as histórias dos amigos e a sua própria recuperação da dor com uma franqueza que envolve o leitor desde a primeira página.


Opinião:

Um acontecimento trágico e marcante delineia a vida de seis pessoas que, ora unidas ora em separado, procuram encontrar o caminho para a aceitação. A dor e o sofrimento são sentimentos muito presentes, assim como a culpa e o ressentimento. Existe amor, existe amizade e, acima de tudo, existe recuperação... mas tudo tem um preço, tudo gera uma consequência e tudo precisa que alguém, ou algo, dê um primeiro passo.

Estarás Sempre Comigo trata-se de um romance com uma carga emocional muito forte, protagonizado por um conjunto de personagens extremamente reais e palpáveis que, no meio de um turbulento role de sentimentos contraditórios, tentam emergir de um lago sombrio onde, devido à morte de um amigo incondicional e de um amante querido, a superfície parece uma meta impossível de atingir.
Anna McPartlin é uma excelente contadora de histórias – e isso pode ser comprovado com este livro – mas, acima de tudo, esta autora possui o dom da experiência e como tal, é impossível ao leitor distanciar-se do padecimento e dificuldades que as personagens deste envolvente enredo enfrentam. Tudo está à flor da pele – a mágoa, a impossibilidade de avanço, o enclausuramento, a culpa, a saudade... – e tudo é sentido em cada situação, cada envolvimento, cada desabrochar mas, mais do que isso, tudo pode ser ultrapassado e se há mensagem que esta obra permite transmitir é a de que ao fundo do túnel existe sempre uma luz, e mesmo que se esteja num lugar sombrio, sem réstia de esperança, a felicidade é algo que pode ser alcançado... e a vida é algo que tem, obrigatoriamente, de continuar.

Na voz de Emma, o leitor vê-se embarcar numa viagem alucinante pelos campos da dor e da felicidade, da nova descoberta do amor e também da preciosidade que são os amigos. Esta personagem tão emotiva e sensível é um encanto de se ler. Delicadamente feminina, um bocadinho rebelde e com uma profunda necessidade de libertação emocional, Emma é um doce na medida em que, com um tom super realista e comovente, mostra ao leitor não só o que é sofrer mas igualmente alguns dos passos essenciais para a recuperação de uma perda insubstituível. E embora a saudade esteja sempre presente, o amor é o sentimento reinante e o modo como este nunca se desvanece, mesmo ao fim de tantos anos é, decididamente, algo muito bonito e comovente de se ler.

A par com esta personagem espantosa, encontra-se um grupo de amigos exuberantes e com personalidades incrivelmente distintas. Clodagh é a eterna alheada que, talvez devido à sua profissão, nem sempre se dá conta das barbaridades que solta cá para fora. Desesperada por encontrar um companheiro mas azarada nas escolhas que faz, esta personagem fará as delicias do leitor ao oferecer alguma descontracção e divertimento a um enredo que, só por si, se mostra bastante forte. Anne e Richard representam o casal de desentendidos – ele é um homem que não repara em nada e ela uma mulher que, ao não ser capaz de expressar os seus sentimentos, acaba sempre por ceder na relação. No entanto, muitos serão os obstáculos a enfrentar, principalmente na demanda por um bebé e, por isso, a sua veracidade transmite-se nos problemas reais por que passam. Seán é um galanteador nato. Bonito, solteiro e apaixonado pelas coisas boas da vida, esta personagem crescerá muito ao longo do livro, mostrando-se uma pessoa íntegra e fiável – e simplesmente adorável. Por fim, temos Noel. Este interveniente devoto a Deus é uma maravilha de se ler. As suas convicções, dúvidas e sentimentos repentinos acabam por o transformar numa pessoa do mundo e num exemplo a seguir. Juntos, este leque de personagens é imperdível. 

Parte do meu fascínio por este livro reside na essência verídica com que este é relatado. Inúmeras são as situações problemáticas que tropeçam nas vidas destas personagens e é o ultrapassar dessas questões e o encarar de tantas outras que torna esta obra tão especial. Desde a dificuldade de um casal em gerar um bebé, passando pela crueza do aborto, a não aceitação de uma morte jovem, as consequências do álcool e da droga, do confronto com a culpa e, até, da procura de um novo amor, muitos são os temas reais retratados nestas páginas e, verdade seja dita, se assim não o fosse, este romance não teria nem metade da sua importância e vitalidade.

Confesso sentir uma certa dificuldade em expressar-me relativamente a Estarás Sempre Comigo. Penso que tal se deva ao facto de ter sido uma leitura que mexeu muito comigo, que me fez reviver alguns momentos menos felizes do passado – embora me faça olhar o futuro com um renovado sorriso nos lábios – mas que, de certa forma, conseguiu ainda assim fazer-me viajar para outro mundo. Adorei sentir todas as emoções, pensamentos e actos das personagens, adorei o estilo simples e fluido da autora mas, acima de tudo, adorei o pequeno pormenor desvendado no final. Gostei imenso das passagens sonhadoras e desse contacto constante com uma personagem que acabou por se perder logo no início e fiquei delirante com a sensação de estar sempre com o coração nas mãos, de sofrer com as personagens, de sorrir e chorar com elas e de ver como, no final, tudo se resolveu da melhor maneira possível.

Para mim, um romance que me deixou de lágrima ao canto do olho logo ao fim das primeiras páginas, que me cativou de imediato e que, finita a sua  leitura, me aqueceu o coração e me fez sorrir. Um livro que recomendo a qualquer tipo de público mas que, sem dúvida, assentará muito bem aos românticos inveterados que não têm receio de o admitir. Uma excelente aposta da Quinta Essência, em mais um livro que agradará especialmente a camada feminina dos leitores mas que, certamente, qualquer homem também poderá desfrutar. 

4 comentários:

Mil Folhas disse...

Eu chorei baba e ranho com este livro logo ao inicio e no fim! É tão lindo, faz realmente uma pessoa pensar naqueles que ama, e em dar-lhes um pouquinho mais de valor, porque amanhã podem já cá não estar! =)

Filipa disse...

olá :)

Li a sinopse e deliciei me completamente. porém quando finalizei de ler a tua opinião...oh meu deus, tenho de ter este livro. amei e como sou uma romântica que não tem receio de o admitir...

obrigada mais uma vez pela sua opinião

Pedacinho Literário disse...

Nexita,
Este é daqueles livros de chorar as pedras da calçada! É pura e simplesmente um doce de se ler e concordo contigo, faz o leitor reflectir no quão importante são as pessoas à sua volta. :D

Daniela,
O livro é muito, muito bom! E pelo que sei, está quase a sair um novo da autora, que também promete! Todos os românticos vão adorar este livro. :D

Filipa disse...

com o comentário da nexita e com o teu, eu tenho mesmo de o ter e de entrar nesse mundo em que ambas entraram:)

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