segunda-feira, 21 de março de 2016

O Filho Dourado, Pierce Brown [Opinião]




Título Original: Golden Son 
Autoria: Pierce Brown
Série: Red Rising, #2
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea, N.º 131
N.º Páginas: 480

Sinopse
Nascido Vermelho, Darrow trabalhava nas minas de Marte, suportando a dureza do trabalho enquanto sonhava com um mundo mais justo, uma sociedade livre da intriga e dos jogos de poder.
Os Dourados, que escravizam e oprimem os restantes, só podem ser derrotados por uma rebelião das castas. Mas para que tal aconteça foi necessário que Darrow se tornasse num Dourado e, uma vez infiltrado, promovesse a revolta.
Neste tão esperado segundo volume da trilogia Alvorada Vermelha, Darrow, agora um Dourado, vê-se confrontado com novos desafios.
O seu sucesso atrai inimigos terríveis que usam a intriga e a política como arma. Porém, Darrow está determinado a defender o amor e a justiça, ideais seguidos por Eo, apesar de se saber rodeado por adversários sem escrúpulos que pretendem eliminá-lo.


Opinião
Oh. Meu. Deus. 
Uau. Simplesmente – uau! 
Não me lembro da última vez que um livro me deixou em absoluto desespero – incapaz de encontrar as palavras certas, incapaz de coerência, incapaz de pensar sequer; somente sentir, sentir na pele o medo, e a ânsia, e a surpresa, e o desassossego de um futuro que se escreve por linhas tortas e onde a morte, e o sangue, e a intriga política, e a incerteza reinam. Neste momento, tanto odeio Pierce Brown – por todo o sofrimento, pelo arrojo e destreza constantes – como o amo, profundamente, e em igual medida, precisamente pelas mesmas razões. É de génio. Toda a obra é de génio e o suspense final, aquele instantes quebrados no tempo, em que tudo pareceu impossível, é de levar qualquer leitor à loucura – a minha insanidade é tanta, e tão profunda, que tive de me atirar, de imediato, a Morning Star. 

Por se tratar de uma sequela, não vou entrar em pormenores sobre os desenvolvimentos retratados em Golden Son, até porque, e mais uma vez, continuo crente na máxima de que os livros de Pierce Brown são melhor saboreados quando devorados sem grandes ideias quanto ao seu conteúdo. No entanto, posso dizer que a história retoma dois anos após os acontecimentos de Red Rising – e quase como se tivesse caído bem no centro de algo que já tomou consistência proporcionando assim uma abertura explosiva ao mundo espacial de Brown. 
Ao contrário de Red Rising que, a meu ver, tem uma veia mais fantástica, Golden Son mostra uma ficção científica devastadora e intricadamente trabalhada. Grande parte do livro tem lugar no espaço, dentro de naves espaciais, e em modo batalha, e isso foi, não só, uma agradável surpresa como um crescimento narrativo e pessoal – do autor – que me deu imenso prazer folhear. 

As personagens continuam a alma viva desta trilogia. 
Darrow, que outrora foi venerado e colocado num pedestal luminoso e dourado, vê-se em Golden Son fruto de situações que o tornam mais humilde, e mais corajoso, e mais centro da sua mortalidade – ainda que a face imortal seja forte, e aliciante. Gostei bastante de ver o seu desenvolvimento enquanto protagonista, e das várias facetas, nuances e rasgos de personalidade que vai mostrando ao longo das páginas. A sua evolução não é linear, muito pelo contrário, e talvez por isso mesmo me sinto tão fascinada por ele, pela sua constante lembrança de Eo, pela sua robusta crença em se viver por mais, em se quebrar as correntes, e em acreditar que até os Dourados possuem lealdade, e amizade. 

Roque deu lugar a Sevro como o brilho dos meus olhos e esse favoritismo tomou proporções gigantescas com Golden Son. As suas tiradas são brilhantes – do melhor que vi neste género em termos de diálogo –, as suas origens de apertar o coração e a sua relação com Darrow, transcendente. Continuo meio que encantada por Roque mas neste momento o que quero descobrir, sobre a sua pessoa, é o que raio se lhe passou pela cabeça! E Victra – também gosto muito de Victra e estou meio que a fazer figas para que algo extraordinário e surpreende – bem ao estilo de Brown – aconteça no que a ela diz respeito. E ainda o Adrius – nunca pensei vir a simpatizar com personagem tão misteriosa e genuinamente malévola mas raios que o Brown deixou-me a sentir-me pequenina para depois me arrancar o coração do peito. 

A verdade é que poderia escrever páginas, e páginas, e mais páginas de texto sobre Golden Son. Adorei cada momento, cada reviravolta, cada murro no estômago. Pierce Brown é excelente na palavra escrita mas o seu verdadeiro dom reside na perspicácia que confere aos seus enredos. Red Rising foi excepcional e arrasador, com revelações inesperadas e intrigas políticas bem trabalhas, mas Golden Son alcançou todo um outro nível. Em termos de cenários, confesso que prefiro as terras áridas – e não só – de Marte, mas no que diz respeito a trabalho de enredo, e construção da narrativa, Golden Son é ouro – ouro puro. Não vale a pena teorizar sobre estes livros – Brown é assustadoramente genial na construção do seu enredo e tendo em conta o final de Golden Son, tendo em conta as linhas que encerram este livro, assim como os pequenos pormenores sobre o segredo de Eo, e as origens de Sevro, e a identidade de Ares, e a loucura do Adrius (The Jackal) – não resisti a prosseguir viagem com Morning Star. Aviso de amiga: Golden Son  é impróprio para cardíacos por isso preparem-se. Preparem-se!

Para adquirir O Filho Dourado, clique aqui

Sem comentários:

2009 Pedacinho Literário. All Rights Reserved.