terça-feira, 24 de julho de 2012

Maze Runner - Correr ou Morrer, James Dahsner [Opinião]




Título Original: The Maze Runner
Autoria: James Dashner
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea, N.º 105
Nº. Páginas: 396
Tradução: Marta Mendonça


Sinopse:

Quando desperta, não sabe onde se encontra. Sabe que o seu nome é Thomas, mas é tudo. Quando aquela caixa metálica pára, Thomas percebe então que se encontra num elevador e não tarda a descobrir que chegou a um lugar estranho e que o enche de pânico. Lá fora, uma pequena multidão de adolescentes como ele. Os rapazes puxam-no para fora e as suas vozes saúdam-no numa linguagem que lhe parece estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que sabem a respeito daquele mundo. E existe o Labirinto, para além dos muros da Clareira. Mas acontece algo inesperado - a chegada da primeira e única rapariga, Teresa. E ela traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo. 


Opinião:

Uma caixa claustrofóbica, inundada pela escuridão, petrificada pelo medo, pela pouca memória sólida que resta e por um futuro que se apresenta incerto, é o início de uma aventura sem igual, num local remoto, escondido do mundo, profundamente estranho e habitado por seres, jovens sem idade, incompreendidos, desesperados. O fim está próximo, muito próximo, não muito para lá das Portas, da segurança momentânea, mas antes disso, antes de tudo terminar, muito há a descobrir, muito há a temer...

Maze Runner – Correr ou Morrer trata-se de uma obra revolucionária no seu género, trazendo até nós, meros espectadores, o receio de uma viagem instável, atribulada e emotiva, que abalará o nosso íntimo, a nossa sanidade. Provocadora, inesperada e contemplativa, esta é uma narrativa recheada de adrenalina e acção, sem pontos mortos, onde o conhecimento, o saber, são a palavra-chave de um enigma, um puzzle, que porá em risco a sobrevivência de uma comunidade que, aos poucos, foi aprendendo a viver no obscuro, no oculto.
James Dashner escreve com emoção, com a alma. São palpáveis os sentimentos vividos pelas personagens, os tormentos por que passam, as decisões forçadas, os instantes de medo, mas é também o factor do «desconhecido» o que verdadeiramente impera um ritmo de leitura agradável, corrosivo.
Eu senti medo. Não somente por mim, por um futuro que poderia ser real, uma distopia que facilmente deixaria de pertencer unicamente ao papel e à tinta, mas principalmente pelas personagens, pelas vidas inexperientes de um leque de intervenientes emocionalmente volúveis, desgastados.

Ambientalmente, estas são personagens marcadas por uma amnésia profunda, uma sede de conhecimento abismal, e uma necessidade primária de descoberta, de erradicada salvação. Personagens cuja razão, cuja lembrança ocasionalmente se manifesta através de uma picada dolorosa, sofrida, e em tudo evitada. Mas nem assim, nem com vislumbres de um passado tortuoso, destruído, a recordação encontra o seu lugar de pertença e, tal como aparece, rapidamente é sugada para a névoa que camufla toda a sugestão de algo mais.
Thomas é o elemento de excelência, a personalidade que instiga à revolta, à acção precária, irracional, perigosa. Aquele que está disposto a correr riscos, a agir por impulso, a correr atrás de uma salvação imposta pelo desconhecido. Inteligente, curioso e especial, esta é uma personagem que cria empatia, que estabelece uma relação estreita com o leitor e que lhe pede, em jeito de amizade, que o acompanhe nesta saga, nesta jornada sem clareza, sem certeza. Um interveniente admirável mas certamente invulgar na total capacidade intelectual que alberga, habilidades que se vão manifestando com o decorrer da narrativa, nas mais variadas e surpreendentes formas.

A Clareira e o Labirinto devem ser dos cenários mais interessantes, misteriosos e, ao mesmo tempo, assustadores que tive o prazer de folhear. O trabalho árduo transposto em cada matança, em cada anotação, em cada melhoria num estilo de vida simples e próximo da Natureza são uma dedicação, uma tarefa que tem de ser imposta, seguida à risca, de modo a manter a ordem, a manter a mente ocupada e afastada daquilo que não sabe mas que procura desesperadamente saber. Mas a imprevisibilidade do Labirinto, a mutabilidade do seu espaço faz com que o medo de algo mais, de algo que esteja oculto, escondido nas ervas, para lá das Portas, seja uma constante. E é essa mistura de emoções, de ansiedades, o elemento que motiva as personagens a agir e o leitor a prosseguir.

Numa perspectiva pessoal, Maze Runner foi uma leitura que me seduziu mas da qual esperava um pouco mais. Talvez mais calidez, mais maturidade, e uma certa brevidade em alguns momentos descritivos e de diálogo que, a meu ver, não necessitavam de tanta atenção, de tanto cuidado. Acima de tudo, esta foi uma narrativa de paciência, de descoberta lenta. Enquanto leitora, por vezes desesperei por respostas, e embora esse seja um sentimento bom, construtivo, a verdade é que, desde o início, desde as primeiras páginas, senti que muitas personagens sabiam mais do que eu, e, inevitavelmente, isso frustrou-me. Contudo, a curiosidade está cá, assim como a vontade – se não mesmo a necessidade – de saber como se vai processar a fase dois, o plano seguinte, tendo em conta um desfecho tão alucinante quanto arrepiante como o deste primeiro volume.

Um livro que, com certeza, será do agrado de um público vasto, simpatizante de boa fantasia, de histórias que pontuam pela diferença e pela constância do medo, do que irá acontecer a seguir. Uma muito boa aposta por parte da Editorial Presença, num género por mim extremamente apreciado e que acredito ter espaço de evolução, de crescimento, dentro do mercado português.

Para mais informações sobre a obra, consulte aqui!

2 comentários:

Vasco disse...

Foi uma das minhas +ultimas compras...

Vasco
http://vascoricardo.blog.com

Pedacinho Literário disse...

Então espero que seja uma leitura ao teu gosto. :) Não achei que fosse um livro fácil, pelas razões que apontei, mas o conceito está muito giro e diferente.

Boas leituras!

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