Título Original: The Maze Runner
Autoria: James Dashner
Editora: Editorial
Presença
Colecção: Via Láctea,
N.º 105
Nº. Páginas: 396
Tradução: Marta
Mendonça
Sinopse:
Quando
desperta, não sabe onde se encontra. Sabe que o seu nome é Thomas, mas é tudo.
Quando aquela caixa metálica pára, Thomas percebe então que se encontra num
elevador e não tarda a descobrir que chegou a um lugar estranho e que o enche
de pânico. Lá fora, uma pequena multidão de adolescentes como ele. Os rapazes
puxam-no para fora e as suas vozes saúdam-no numa linguagem que lhe parece
estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que
sabem a respeito daquele mundo. E existe o Labirinto, para além dos muros da
Clareira. Mas acontece algo inesperado - a chegada da primeira e única
rapariga, Teresa. E ela traz uma mensagem que mudará todas as regras do
jogo.
Opinião:
Uma caixa
claustrofóbica, inundada pela escuridão, petrificada pelo medo, pela pouca
memória sólida que resta e por um futuro que se apresenta incerto, é o início
de uma aventura sem igual, num local remoto, escondido do mundo, profundamente
estranho e habitado por seres, jovens sem idade, incompreendidos, desesperados.
O fim está próximo, muito próximo, não muito para lá das Portas, da segurança
momentânea, mas antes disso, antes de tudo terminar, muito há a descobrir,
muito há a temer...
Maze Runner – Correr ou Morrer trata-se de uma obra revolucionária no seu género, trazendo até nós, meros
espectadores, o receio de uma viagem instável, atribulada e emotiva, que
abalará o nosso íntimo, a nossa sanidade. Provocadora, inesperada e
contemplativa, esta é uma narrativa recheada de adrenalina e acção, sem pontos
mortos, onde o conhecimento, o saber, são a palavra-chave de um enigma, um puzzle, que porá em risco a
sobrevivência de uma comunidade que, aos poucos, foi aprendendo a viver no
obscuro, no oculto.
James Dashner escreve
com emoção, com a alma. São palpáveis os sentimentos vividos pelas personagens,
os tormentos por que passam, as decisões forçadas, os instantes de medo, mas é
também o factor do «desconhecido» o que verdadeiramente impera um ritmo de
leitura agradável, corrosivo.
Eu senti medo. Não
somente por mim, por um futuro que poderia ser real, uma distopia que
facilmente deixaria de pertencer unicamente ao papel e à tinta, mas
principalmente pelas personagens, pelas vidas inexperientes de um leque de
intervenientes emocionalmente volúveis, desgastados.
Ambientalmente, estas
são personagens marcadas por uma amnésia profunda, uma sede de conhecimento
abismal, e uma necessidade primária de descoberta, de erradicada salvação.
Personagens cuja razão, cuja lembrança ocasionalmente se manifesta através de
uma picada dolorosa, sofrida, e em tudo evitada. Mas nem assim, nem com
vislumbres de um passado tortuoso, destruído, a recordação encontra o seu lugar
de pertença e, tal como aparece, rapidamente é sugada para a névoa que camufla
toda a sugestão de algo mais.
Thomas é o elemento de
excelência, a personalidade que instiga à revolta, à acção precária,
irracional, perigosa. Aquele que está disposto a correr riscos, a agir por
impulso, a correr atrás de uma salvação imposta pelo desconhecido. Inteligente,
curioso e especial, esta é uma personagem que cria empatia, que estabelece uma
relação estreita com o leitor e que lhe pede, em jeito de amizade, que o
acompanhe nesta saga, nesta jornada sem clareza, sem certeza. Um interveniente
admirável mas certamente invulgar na total capacidade intelectual que alberga,
habilidades que se vão manifestando com o decorrer da narrativa, nas mais
variadas e surpreendentes formas.
A Clareira e o
Labirinto devem ser dos cenários mais interessantes, misteriosos e, ao mesmo
tempo, assustadores que tive o prazer de folhear. O trabalho árduo transposto
em cada matança, em cada anotação, em cada melhoria num estilo de vida simples
e próximo da Natureza são uma dedicação, uma tarefa que tem de ser imposta,
seguida à risca, de modo a manter a ordem, a manter a mente ocupada e afastada
daquilo que não sabe mas que procura desesperadamente saber. Mas a
imprevisibilidade do Labirinto, a mutabilidade do seu espaço faz com que o medo
de algo mais, de algo que esteja oculto, escondido nas ervas, para lá das
Portas, seja uma constante. E é essa mistura de emoções, de ansiedades, o
elemento que motiva as personagens a agir e o leitor a prosseguir.
Numa perspectiva
pessoal, Maze Runner foi uma leitura
que me seduziu mas da qual esperava um pouco mais. Talvez mais calidez, mais
maturidade, e uma certa brevidade em alguns momentos descritivos e de diálogo
que, a meu ver, não necessitavam de tanta atenção, de tanto cuidado. Acima de
tudo, esta foi uma narrativa de paciência, de descoberta lenta. Enquanto
leitora, por vezes desesperei por respostas, e embora esse seja um sentimento
bom, construtivo, a verdade é que, desde o início, desde as primeiras páginas,
senti que muitas personagens sabiam mais do que eu, e, inevitavelmente, isso
frustrou-me. Contudo, a curiosidade está cá, assim como a vontade – se não
mesmo a necessidade – de saber como se vai processar a fase dois, o plano
seguinte, tendo em conta um desfecho tão alucinante quanto arrepiante como o
deste primeiro volume.
Um livro que, com
certeza, será do agrado de um público vasto, simpatizante de boa fantasia, de
histórias que pontuam pela diferença e pela constância do medo, do que irá
acontecer a seguir. Uma muito boa aposta por parte da Editorial Presença,
num género por mim extremamente apreciado e que acredito ter espaço de
evolução, de crescimento, dentro do mercado português.
Para mais informações sobre a obra, consulte aqui!
2 comentários:
Foi uma das minhas +ultimas compras...
Vasco
http://vascoricardo.blog.com
Então espero que seja uma leitura ao teu gosto. :) Não achei que fosse um livro fácil, pelas razões que apontei, mas o conceito está muito giro e diferente.
Boas leituras!
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