segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Resultado do Passatempo Autor do Mês de Setembro - Menna Van Praag

Caros seguidores e leitores,

Antes de anunciar o/a vencedor/a do passatempo Menna Van Praag, quero agradecer-vos a paciência e simpatia prestada tanto a mim como ao blogue. Como podem imaginar, as participações aos passatempos do mês são inúmeras e uma vez que tendem a ser bastante mais elaboradas (tal como é pretendido) escolher um vencedor torna-se incrivelmente complicado. É preciso tempo para se ler tudo como deve de ser, ponderar um vencedor e fazer o anúncio do mesmo e embora “a minha vida não seja só isto”, tento, ao máximo, disponibilizar o devido tempo a este cantinho e, consequentemente, a vocês. Assim, e uma vez mais, obrigado pelo apoio, pela paciência e, claro, por todas as maravilhosas participações!

Agora, a escolha do vencedor deste passatempo foi um pouco difícil. Embora a ideia inicial tenha sido criar uma iniciativa gira e divertida, houve uma participação que me tocou particularmente e, como tal, não consegui evitar escolhê-la como a vencedora. A meu ver, foi uma resposta certeira e que soube exemplificar e transmitir a verdadeira essência do que é importante na vida. Assim, é com imenso deleite que a pessoa que irá receber em casa o pack Menna Van Praag composto por um exemplar dos livros Homens Dinheiro e Chocolate e Fama Amor e Dinheiro, gentilmente cedido pela Quinta Essência, é:

Andreia Cristina (...) Marques

Muitos parabéns e felicidades à feliz contemplada! Deixo-vos com a resposta vencedora.

«Tento pensar que a resposta será sempre a mesma, mas acho que a indiferença de muitos reforça a ideia de outros.
Um dia pensei que a beleza da vida era o que via, hoje, sei que a beleza está naquilo que se sente e não naquilo que se vê.
Irei contar uma história. Talvez, um romance agradasse mais aos olhos de quem lê, mas não aos dos que viveram.
Era uma menina, vivia e pensava que a vida não passaria de um mero paraíso. Perdi o meu pai aos doze anos! Lembro-me de chorar mas não saber se de alegria se de alívio. O meu pai teve cancro! O sofrimento dele impedia-me de o deixar partir, talvez por egoísmo talvez por amor.
Olho para trás e parece que ainda hoje o vejo sorrir olhando-me como se me conseguisse proteger do mundo. Inicialmente, acordava e adormecia a escrever-lhe cartas com esperança que algum dia ele as lesse. Depressa descobri, que chorar ou escrever não iria fazer com que ele voltasse e me abraçasse, nem que fosse só por mais uma vez. Sei também, que por muito dinheiro que tivesse a sua essência teria um fim. Quando sinto saudades dele, olho bem fundo, lá no céu.
Hoje, com vinte e dois anos descobri que o dinheiro não o preservou e também não me preserva.
Sou doente crónica de Behçet. Consigo ter um dia-a-dia, o que já é bastante benéfico. Quando fiquei sem andar, uma das primeiras vezes, pensei que o mundo me voltara costas, afinal, sei que o que por vezes nos parece ser nem sempre o é. Alarguei horizontes. Vivo e caminho com o amor da minha mãe, da minha irmã e do meu marido.
Ainda tenho dias que choro, não por pensar no meu pai, mas por ver as lágrimas a brotarem nos olhos lindos da minha mãe por mim.
Uma das vezes que fiquei internada, pensei que a minha vida iria ser curta. Diagnosticaram-me leucemia, podem crer que não tive medo. O medo nunca me atemorizou quando seriam os outros a perderem-me, mas não posso referir-me do mesmo modo quando sou eu a perder alguém.
Hoje olho para a minha mãe, vejo-lhe nos olhos amor. Não consigo aclarar, ela olha-me e lembro-me do meu pai.
Dizem que tenho mais medo de perdê-la do que a mim mesma.
Agora, olho para o céu e sorriu. Tento todos os dias dizer o quanto a amo para não cometer o mesmo erro que um dia cometi com o meu pai.
Poderia fazer da minha história um livro, mas já como escrevia Hermann Hesse “A fama não conhece virtudes…”.
Será que vale a pena ser-se conhecido por quem não nos conhece? Seria traçar um papel de ilusões na história da humanidade.
Tenho dinheiro para chocolate, mas o mesmo não me torna no que sou.
Tenho dinheiro, mas ele não me dá saúde nem me faz sorrir.
Tenho um Homem, mas ele não seria perfeito nem suficiente se não preenchesse um pouco do meu ser.
Talvez a minha capacidade para ser escritora seja meramente insignificante ou talvez o meu mundo cor-de-rosa seja baseado nas minhas estantes lá de casa.
Vivo um dia contemplando o que vem a seguir, porque tenho esperança. O amor da minha mãe faz um caminho, a força do meu pai dá-me pernas, a minha irmã dá-me ar para respirar e o meu marido veste-me para que não tenha frio.
Não consigo amar sem viver, mas será que vale viver sem amar?
“Tudo na vida tem a sua beleza mas nem todos o conseguem ver” (Confúcio)»

Parabéns, boas leituras e boas festas. 

2 comentários:

Andreia Marques disse...

Bom dia

Somente tenho a agradecer, amo os meus livros e estes dois vão fazer parte daqueles, que de certeza,vou ler com muita dedicação e carinho.



Andreia Marques

Pedacinho Literário disse...

Olá, Andreia

Obrigada eu por ter enviado o seu texto e ter encontrado a forma perfeita de mostrar e exemplificar o quão importante é o amor, na vida de uma pessoa. :) Não tenho qualquer dúvida de que vai adorar estes livrinhos espectacularmente inspiradores e de que os vai tratar com carinho... :)

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