segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Acácia - Ventos do Norte, David Anthony Durham



Título Original: Acacia – The War with the Mein
Autoria: David Anthony Durham
Editora: Saída de Emergência
Nº. Páginas: 339
Tradução: Maria Correia


Sinopse:

Leodan Akaran, rei soberano do Mundo Conhecido, herdou o trono em aparente paz e prosperidade, conquistadas há gerações pelos seus antepassados.
Viúvo, com uma inteligência superior, governa os destinos do reino a partir da ilha idílica de Acácia. O amor profundo que tem pelos seus quatro filhos, obriga-o a ocultar-lhes a realidade sombria do tráfico de drogas e de vidas humanas, dos quais depende toda a riqueza do Império. Leodan sonha terminar com esse comércio vil, mas existem forças poderosas que se lhe opõem.
Então, um terrível assassino enviado pelo povo dos Mein, exilado há muito numa fortaleza no norte gelado, ataca Leodan no coração de Acácia, enquanto o exercito Mein empreende vários ataques por todo o império. Leodan, consegue tempo para colocar em prática um plano secreto que há muito preparara. Haverá esperança para o povo de Acácia? Poderão os seus filhos ser a chave para a redenção?


Opinião:

Apaixonei-me por Acácia – Ventos do Norte ainda antes de lhe ter pegado, pela primeira vez. Segui, avidamente, as publicações da Saída de Emergência no Facebook e procurei opiniões e comentários que intensificassem ainda mais a minha vontade de me debruçar em tão promissora história. Ao virar da última página, posso dizer que a espera valeu bem a pena.
David Anthony Durham soube construir o seu mundo e as suas personagens, apresentando nesta primeira parte do primeiro volume da trilogia, um universo complexo, bem pensado e estruturado, com uma base sólida de apresentação e localização. Ficando o leitor a conhecer os vários povos que habitam um pouco por todo o reino, torna-se muito mais fácil para este seguir as passadas das personagens que perfazem esta obra e o próprio decorrer da narrativa. Escrito com entusiasmo, dedicação e amor, Acácia pode não ser totalmente “algo de novo” dentro do género mas uma coisa é certa, o aborrecimento ao longo da leitura está longe de aparecer e a curiosidade em saber no que é que todas as pequenas e (quase) insignificantes acções e pormenores criadas pelas personagens irão dar permanece activa do principio ao fim.

O conceito que rege a história não é complicado. Temos um Império que é governado por um rei que de soberano pouco tem – de mãos e pés atados em várias frentes, quase nada é aquilo que ele pode efectivamente mudar. Concentrando-se assim no tempo que tem de despender com os filhos e nas longas horas de relaxamento, Leodan Akaran sofre pelas possíveis consequências que as suas acções (ou falta delas) poderão originar no futuro. Os filhos, esses, vivem na inocência face os horrores que estabelecem a base da economia sobre a qual o império prospera, vivendo unicamente para o pai e para o destino que os aguarda. Porém, um perigoso assassino encontra-se a caminho da bela Acácia com o objectivo de assassinar o rei e, com ele, leva a promessa de uma guerra premeditada e assombrosamente avassaladora. Conseguirá este homem chegar junto do rei? E se a guerra despoletar, o que será de Acácia e dos seus amados filhos? Os ventos sopram vindos do norte... e não auguram nada de bom.

Um dos pontos fulcrais que estimula o interesse em redor desta obra é, claramente, a qualidade histórica e social do mundo que David A. Durham retrata, tornando este não só uma leitura intricada como chamativa. A apresentação dos locais, povos, costumes e crenças religiosas permite que o leitor vá juntando, aos poucos, as várias peças que constituem este tão intrigante enredo assim como, em parte, se vá apercebendo das semelhanças que este mundo épico tem com o nosso actual. Estas dádivas, oferecidas em primeira mão pelas personagens, fazem parte de um interesse comum em querer conhecer os muitos pilares sobre os quais os vários intervenientes foram moldados assim como entender o porquê da necessidade do Mein em destruir Acácia, o que, em suma, é a maior fatia do bolo nesta primeira parte.

A forma como o livro está organizado é outro dos aspectos positivos. Com capítulos curtos e dedicados, em exclusivo, a cada uma das personagens de maior reverência, a fluidez da leitura é permanente, o que ajuda o leitor no período inicial de habituação ao cenário onde se desenrola a acção, tal como à tomada de consciência das motivações, pensamentos e sentimentos que movem as personagens e que, mais cedo ou mais tarde, irão influenciar o decorrer da narrativa.

Relativamente às personagens em si, embora estejamos perante um primeiro volume introdutório, começam já a surgir algumas questões e ambiguidades em redor das mesmas. A vontade em conhecer mais sobre elas e sobre o futuro que as espera, principalmente em relação aos quatro irmãos Akaran, é gigantesca e isso sucede maioritariamente devido ao véu que ainda permanece muito rente ao chão e que, por isso, não permite que se conheça o impacto que os recentes acontecimentos verdadeiramente teve em quem os viveu – de perto ou de longe.
Dou destaque a Leodan pelos conflitos interiores que vive ao longo da primeira metade do livro e que serve de tormento ao próprio leitor, fazendo-o sentir-se impotente e inútil; Thaddeus pela duplicidade que desempenha confundido o leitor e levando a que este constantemente se questione sobre a autenticidade das acções da personagem; Hanish pela revolta que sente, em sintonia com o seu povo, e pela audácia em engendrar um plano maquiavélico cujo intuito se cinge em derrubar Leodan do trono; e, um pouco mais a nível pessoal, Dariel pelo crescimento e espírito rebelde e destemido que acaba por o atingir com a idade e Corinn pelo lado sombrio que, lentamente, começa a vir ao de cima.

Para terminar e numa vertente negativa, não posso deixar de referir a infelicidade que foi ver o primeiro volume de Acácia dividido em duas partes, principalmente por o livro terminar quando a “verdadeira” história começa a ganhar forma. Pelo número de páginas que cada uma das partes terá, penso que não faz grande sentido esta divisão, contudo, espero que este factor não seja motivo para que muitos leitores amantes deste género não se deixem levar pelas maravilhas de um reino que muita brutalidade ainda terá pela frente. Eu, adorei este livro. A capa é espectacular, as personagens são interessantes e o conteúdo deixa grandes promessas no ar. A meu ver, mais uma excelente e promissora aposta da Saída de Emergência, a não perder. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Fico muito satisfeita que também tenhas gostado!=D
Adorei este livro!

Vitor Rosário disse...

Olá miga :)

Estou bastante curiosa em relação a este livro. Só não sabia que tinha sido dividido em dois, não gosto nada quando isso acontece.

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