terça-feira, 18 de outubro de 2011

Darling Jim - O lado negro da sedução, Christian Mørk



Título Original: Darling Jim
Autoria: Christian Mørk
Editora: Editorial Presença
Coleccção: Grandes Narrativas, N.º 515
Nº. Páginas: 312
Tradução: Manuela Madureira


Sinopse:

Darling Jim é um romance de estreia soberbo, que entretece com mestria thriller psicológico, suspense romântico, mistério policial, terror, lendas de cariz popular e contos de fadas e sobrenaturais num enredo coeso e fascinante. Tudo começa com o aparecimento dos cadáveres de duas irmãs e da tia de ambas, assassinadas numa casa de Malahide. O mistério que envolve a sinistra descoberta parece insolúvel, mas quando Niall, um jovem carteiro, descobre o diário de uma das irmãs e decide fazer uma investigação por conta própria, a verdade começa a ver à luz do dia. Uma história de amor trágica e um bardo dos tempos modernos parecem ter estado na origem dos crimes. Malicioso e irresistível, um romance que nos fala dos perigos de nos apaixonarmos pela pessoa errada. 


Opinião:

Uma narrativa sedutora, uma história perturbante – em palavras simples, é deste modo que caracterizo Darling Jim, obra de estreia do autor dinamarquês Christian Mørk.
Dotado de uma linguagem lírica e cativante, ainda que, por vezes, o autor se deixe levar pelo entusiasmo que a própria escrita de um romance origina no seu criador, Darling Jim é uma obra com todo o potencial para entreter um leque diversificado de leitores, pois, nas suas páginas, podemos encontrar um pouco de todos os géneros, desde a infinita busca por um assassino até às incompreensões e devoções de um amor impossível. Dividido em perspectivas e diários, é o modo como está escrito que verdadeiramente apela à curiosidade do leitor que, ao debruçar-se no enredo, não pode deixar de constantemente se questionar sobre os caminhos percorridos por tão carismáticas personagens femininas e predadores homens.

Tudo começa com o aparecimento de duas irmãs e respectiva tia, mortas. Terá sido suicídio? Talvez assassinato? O que terá acontecido?
A dúvida e receio pelo pior instalam-se logo ao fim dos primeiros parágrafos quando, tão perfeita e delicadamente, é apresentada uma vila pacífica onde é comum o carteiro entrar nas casas das pessoas para um cafezito matinal. No entanto, dentro dessa suposta normalidade, reside uma pequena contrariedade na pele de uma mulher “estrangeira” que se faz passar por cordeiro quando, o mais provável, é ser... um lobo.
Pelas principais vozes de Fiona e Róisín, o leitor vai descobrindo lentamente as peças que perfazem este inquietante puzzle de imenso poder psicológico, em que não só três vidas foram ceifadas e muitas perguntas ficaram para responder no que diz respeito ao motivo de tal atrocidade como, de igual modo, se esconde a palavra-chave de todo o crime, num segredo terrível sobre lendas, mitos e um homem sedutor de nome Jim.

O ponto forte do enredo reside no poder e força das duas protagonistas. Os seus diários são estonteantemente sufocantes, tanto no discurso dos perigos sentidos como do ambiente familiar e de união pelo qual passaram e, consequentemente, sofreram. É também nos diários que a verdadeira acção do livro se desenrola, sendo assim, e obrigatoriamente, estas as duas componentes que, sem dúvida, mantém o leitor preso à leitura.
Relativamente a outras personagens, e a nível pessoal, fiquei consideravelmente agradada com Aoife. O seu espírito rebelde e o facto de não se importar, nem um pouco, com o que os outros pensam, foi um dos aspectos que mais me atraiu. Contudo, confesso não ter ficado completamente satisfeita com o seu desfecho. A expectativa era para algo grandioso, impossível de acontecer, inacreditável... infelizmente, ficámo-nos por uma situação complicada, sim, mas algo previsível tendo em conta os acontecimentos passados.
Gostei igualmente das irmãs Fiona e Róisín, principalmente desta última visto possuir um espírito irreverente e algo inquieto, colocando-se, inúmeras vezes, à beira do próprio abismo. Finalmente, também fiquei minimamente deleitada com Jim, nomeadamente no que diz respeito à sua emocionante habilidade de contador de histórias.

Fica também um destaque merecido para a capa que, com o vermelho misturado nos tons sépia, capta a atenção do leitor com relativa facilidade. Em junção com um título sugestivo e uma sinopse apelativa, Darling Jim seduz duplamente pela critica estrangeira e promete apelar não só à consciência de quem se atrever a debruçar-se pelas suas páginas como, igualmente, abalar o íntimo até do mais calmo dos leitores.

Quero ainda agradecer à Editorial Presença pelo convite e oportunidade de ler este livro bem antecipadamente da sua data de lançamento, assim como pelo convívio e troca de ideias, comentários e opiniões possibilitados pela página criada especificamente para a publicação e orientação do pequeno leque de leitores desta obra. Só tenho pena que a iniciativa não tenha tido o melhor desfecho, visto algumas das normas colocadas pela editora não terem sido plenamente cumpridas. 


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