Autoria: Carolina Aguirre
Editora: Caderno
Nº. Páginas: 238
Tradução: Tânia Sarmento
Sinopse:
Lúcia já entrou na casa dos trinta, tem uns quilitos a mais, vive sozinha e tem azar no amor. Como se não bastasse, a sua irmã mais nova, Irina “a perfeita”, acaba de anunciar à família que se vai casar. Nesse dia fatídico, Lúcia ouve uma conversa entre a perversa da mãe e a filha favorita: “Aposto que a tua irmã vai ao casamento sozinha, gorda e vestida de preto. Mas se for com um namorado, e um namorado a sério, pago o copo d’água!”
Furiosa, Lúcia promete a si mesma que vai estragar os planos da mãe, dê por onde der. E começa à procura do seu príncipe encantado. Será o Marcelo? Bom rapaz, mas feio que dói... Ou o Matias? Esse tem pinta, mas fama de mulherengo...
Numa alucinante sucessão de encontros, ao longo de 227 dias, Lúcia vai procurar o Sr. Certo. E, quem sabe, encontrá-lo mesmo ao virar da esquina...
Opinião:
Sete meses e meio para encontrar um namorado pertence àquele restrito grupo de livros cujo título automaticamente capta a atenção do leque feminino de leitores num simples piscar de olhos. Arranjar um namorado? Em sete meses e meio? Ui, deve ser divertido! –, e não é que é mesmo?
Carolina Aguirre, com um tom verdadeiramente humorístico e optando por um estilo de confidências num diário, apresenta-nos uma protagonista resignada com a sua condição de solteira aos trinta anos e que, para piorar ainda mais a situação, se vê subitamente envolvida numa aposta descabida entre a sua irmã mais nova e a mãe de ambas – uma aposta que, supostamente, ela não deveria de saber mas que tem tudo a ver com o seu futuro.
Lúcia é aquele tipo raro de mulher que se sente bem consigo mesma embora não tenha namorado, seja mal paga no emprego e carregue uns quantos quilinhos a mais. Contudo, tudo isso muda ao escutar uma conversa “secreta” em que o assunto principal recai na sua presença aquando do casamento de Irina – a mãe de ambas predispõe-se a pagar a boda por inteiro se Lúcia aparecer com um companheiro a sério e vestida de qualquer cor menos de preto. Escusado será dizer que, a partir desse momento, Lúcia leva a peito uma vingança pessoal contra a mãe em que, inclusive, se submete a encontros inesquecivelmente desastrosos e a paixonetas escabrosas. Porém, uma coisa Lúcia promete e isso é entreter os seus leitores com a mais inebriante das comédias!
Seria impossível este livro começar de melhor forma e digo isto porque, logo na primeira frase, conseguiu arrancar-me uma forte gargalhada... que se prolongou por muitas mais páginas. Essa é a chave mestra deste romance – a sua componente cómica e relaxada, intensamente feminina.
É fascinante a descontracção com que o leitor segue as aventuras de Lúcia pelo mundo dos encontros às cegas – através de alguns sites na Internet –, das atenções inesperadas e das saídas sociais de solteiros com alguns colegas do trabalho. A juntar-se ao iminente desastre que insiste em desabar nos ombros de Lúcia, temos a sua luta psicológica com os complexos físicos que se perpetuam na mente de sua mãe, com as indecisões e atitudes surpresa da sua irmã face o casamento próximo e da sua própria busca pelo amor e por uma dieta que seja capaz de seguir do princípio ao fim.
Dividido em meses e dias, Lúcia transporta o leitor para o seu mundo através de uma linguagem hilariante e até, por vezes, algo extasiada e desprovida de vergonha. Com os seus desabafos, o leitor vai ora divertindo-se com tiradas irónicas respeitantes a colegas do emprego, à família ou simplesmente aos homens em geral, ora sentindo-se esgotado face a incessante procura por algo que deveria de ser bastante simples de encontrar: um par minimamente decente para a acompanhar ao casamento de Irina.
A recta final é maravilhosa e, numa abordagem meramente pessoal, Lúcia escolheu o mais perfeito dos acompanhantes e que se mostrava como tal desde o começo.
Sete meses e meio para encontrar um namorado retrata, com exactidão, os dilemas, medos e pensamentos de muitas mulheres nos dias de hoje e talvez seja por isso que, instantaneamente, as leitoras se sentem agarradas e impulsionadas a descobrir os encontros e desencontros da jornada de Lúcia.
Um excelente livro para levar até uma esplanada e ler ao sabor do vento, ou simplesmente para desfrutar o conforto do sofá. Uma leitura divertida, leve e muito, muito indiciada ao sector feminino. Quanto aos homens... penso que esta seria uma obra interessante de lerem nem que fosse unicamente para ficarem a perceber um pouco mais da complexidade que embala a mente feminina.
Uma leitura que recomendo fervorosamente.
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