Título Original: Sheer Mischief
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 344
Tradução: Isabel C. Penteado
Sinopse:
Não é que Janey não tenha ficado feliz por ver a irmã, mas ser acordada às sete da manhã por Maxine, trajada de noiva e com escolta policial, não foi bem a maneira como planeara começar o seu domingo. Contudo, a vida nunca é entediante quando Maxine está por perto e Janey, a reconstruir a vida após o desaparecimento do marido, fica encantada com o regresso da irmã. As coisas só começam a aquecer quando Maxine põe a vista em Guy Cassidy, um fotógrafo de moda tão competente quanto deslumbrante – é que Janey sabe que não há limites para as tropelias que a irmã vai fazer para destruir a concorrência. O que elas não sonham é que a concorrência está mais perto de casa do que imaginam...
Opinião:
Uma florista estagnada pelo súbito desaparecimento do marido, uma aspirante a actriz que procura a oportunidade da sua vida e que se refugia face um relacionamento infrutífero, um fotógrafo marcado pela morte prematura da sua esposa e com a responsabilidade de cuidar, sozinho, de dois filhos menores. Após se acrescentar um gerente de restaurante extremamente mulherengo, uma artista de relativa idade que insiste na sua independência perante tudo e todos e uma modelo que tem tanto de arrogante como de narcisista, claramente se chega à conclusão que Jill Mansell voltou a fazer das suas, ao criar um enredo intricado e recheado de personagens curiosas e divertidas, que levarão o leitor ao mais hilariante dos delírios.
Das várias obras que li da autora, esta é, sem sombra de dúvida, a minha favorita. É realmente surpreendente a forma como Mansell conseguiu conjugar toda uma série de encontros e desencontros, dúvidas e acções, amores e vinganças que acabaram por desencadear as situações e consequências mais cómicas possíveis e imagináveis. Embora seja um livro sensível, que aborda temas susceptíveis e até algo pesarosos, como é o caso da morte de um membro querido ou do abandono por parte de alguém que se ama, essa camada mais lúgubre e séria da narrativa acaba por ser camuflada e acompanhada por incontáveis momentos de gargalhada pura, o que não só aligeira o ambiente como transforma Pura Malícia num romance de entretenimento puro.
As personagens são incríveis. Centrando-me naquelas que tomam as rédeas do protagonismo, Janey é única na forma como se agarra a um passado querido e se sente incapaz de avançar para um futuro onde a solidão e a mágoa sejam sentimentos aceites e ultrapassados. Por isso mesmo, é a interveniente que mais cresce e se desenvolve, tanto emocional como mentalmente, acabando por encontrar, com muito esforço pelo meio, o verdadeiro caminho rumo à felicidade.
Maxine, por outro lado, tem forçosamente de ser das personagens femininas mais maliciosas, desinibidas e de coração mole que tive o prazer de conhecer até então. Mesmo tendo uma lista de objectivos bem traçada e uma personalidade excêntrica e de mulher livre, é somente quando aceita trabalhar para Guy Cassidy que o seu “melhor lado” vem ao de cima, adoptando (quase) os ideais da irmã mais velha de um casal de irmãos menores, só que, distintamente, pior do que os dois juntos, o que contribui para o divertimento inerente que esta obra alberga em si, visto que os próprios jovens em questão, Josh e Ella, são também eles inocentemente espirituosos.
O que me leva a Guy Cassidy – um homem que teve a infelicidade de procurar alento para o seu sofrimento no glamoroso mundo que capta através da objectiva da máquina fotográfica que o acompanha de profissão. Talvez por isso mesmo acabe por, constantemente, se deixar levar pelas opções erradas, descuidando-se perante aquelas que lhe poderiam trazer grande alegria e prosperidade. Mas nunca é tarde para se dar mais uma hipótese ao amor... e cabe a Guy, desta vez, fazer a escolha certa.
Juntamente com três protagonistas vívidos e dotados de garra, outras personagens de menor comparência mas igual influência mostram-se pontuando Pura Malícia com um humor e naturalismo que nunca antes havia presenciado num romance da autora. É verdadeiramente especial o tom que Mansell conferiu a esta trama em particular, deixando que as atribulações em si se fossem desenrolando de forma espontânea e, irrevogavelmente, credível.
Acredito que até mesmo quem conheça ou siga o trabalho da autora, a uma determinada altura, acabe por se sentir surpreendido face a mestria com que esta escreveu Pura Malícia. E aos que ainda não experimentaram, se, pessoalmente, tivesse de escolher um título de recomendação, este seria o eleito. Assim, nada mais me resta que aconselhar não só a escritora como esta obra em particular que, para mim, se destaca das demais pela sua singularidade e hilaridade. Mais um excelente romance de Jill Mansell, editado pelas mãos da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência.
1 comentário:
Fico babando pelas capas e pelos excelentes lançamentos ai de Portugal!!!
Aqui no Brasil estão lançando apenas os mesmos tipos de livros :(
Bjs
Bia
www.amormisterioesangue.com
Enviar um comentário