terça-feira, 23 de junho de 2015

Um, Dó, Li, Tá, M. J. Arlidge [Opinião]





Título Original: Eeny Meeny 
Autoria: M. J. Arlidge
Série: Helen Grace, #1
Editora: Topseller 
N.º Páginas: 336

Sinopse
Uma jovem rapariga surge dos bosques após sobreviver a um rapto aterrador. Cada mórbido pormenor da sua história é verdadeiro, apesar de incrível. Dias mais tarde é descoberta outra vítima que sobreviveu a um rapto semelhante.
As investigações conduzem a um padrão: há alguém a raptar pares de pessoas que depois são encarcerados e confrontados com uma escolha terrível: matar para sobreviver, ou ser morto.
À medida que mais situações vão surgindo, a detetive encarregada deste caso, Helen Grace, percebe que a chave para capturar este monstro imparável está nos sobreviventes. Mas a não ser que descubra rapidamente o assassino, mais inocentes irão morrer?


Opinião
Não sei como colocar em palavras o quão extraordinária, alucinante e tão, tão viciante esta viagem pelo mundo do crime britânico foi para mim. Pouco, muito pouco tempo passou desde o virar da última página, mas intensa e vibrante é a imagem que mantenho presa na mente – momentos de grande tensão que abraçaram um desenlace final quase, quase perfeito. 
Confesso que policiais não é, de todo, o meu género de eleição, nem tão pouco um estilo narrativo que tenho por hábito folhear. Mas de quando em vez lá aparece um título que suscita, por demais, a minha curiosidade, e é nesses momentos que esta alma de leitora ávida não consegue resistir e se deixa levar por uma sinopse cativante e altamente prometedora – o veredicto final?, esse é, sem dúvida, bastante positivo. 

A premissa é muito simples – duas pessoas são colocadas em cenários profundamente radicais, desprovidas de comida, líquidos, higiene, ar fresco... na sua essência, duas pessoas são enclausuradas num panorama anómalo com posterior conhecimento de que somente uma delas sairá em liberdade. Um telemóvel e uma arma com uma única bala são a pouca companhia que recebem, e o stresse, desespero e angústia os sentimentos que rapidamente afloram e inundam as páginas deste romance do policial. 

Com uma base narrativa como esta, muitos são os caminhos pelos quais M. J. Arlidge poderia optar levar a sua história, mas nenhum poderia, alguma vez, soar mais acertado que aquele que o autor, efectivamente, desenhou. Desde os capítulos extremamente curtos – que levam a uma leitura voraz –, às múltiplas perspectivas presentes no enredo – tanto de personagens principais como de secundárias –, passando pelos pequenos mas importantíssimos pormenores que Arlidge vai focando aqui e ali, tudo nesta trama se desenrola em prol de um todo bem estruturado, bem pensado e muito bem escrito. Arlidge cativou-me de imediato, pois não só Helen Grace é uma protagonista de peso, complexa na sua personalidade e belissimamente forte na sua postura, como a própria narrativa levou-me a que quisesse descobrir mais sobre a pessoa por detrás de tão macabras mortes – assim como a tipografia dos cenários em si. 

Dizer que estou absoluta e perdidamente maravilhada com este mundo criminoso, tão intensamente retratado em Um, Dó, Li, Tá, é quase uma forma inócua de descrever todas as emoções, todos os momentos de alta tensão e todas as especulações vividas ao longo de mais de trezentas páginas. E como se todos esses sentimentos não fossem, por si só, intrigantes o suficiente, também as temáticas e toda a cadeia de sensações experienciadas pelas personagens, trespassadas para o leitor de forma crua e, por vezes, violenta, tornam esta obra ainda mais rica, e distinta, e tão, tão especial. 

A título de curiosidade, o motivo do meu quase perfeito prende-se, exclusivamente, com o desfecho dado a um dos intervenientes desta narrativa – figura que acabou por ganhar a minha simpatia e que infelizmente sofreu um final um pouco indigno do seu real potencial – e da minha vontade pessoal de a ver em futuros volumes da série. As razões e intenções envolventes desse desenlace são as mais nobres possíveis, mas não posso deixar de sentir uma certa pena por ver tão carismática, perturbada e altamente competente personalidade ver os seus dias chegarem ao fim... Ainda assim, adorei por completo esta experiência e mal posso esperar por devorar À Morte Ninguém Escapa, o segundo volume de uma série que de mim já ganhou uma fã. 

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