sexta-feira, 19 de junho de 2015

Erebos - É um Jogo. Ele Observa-te., Ursula Poznanski [Opinião]




Título Original: Erebos
Autoria: Ursula Poznanski
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea, N.º 121
N.º Páginas: 384


Sinopse
Numa escola de Londres um misterioso e viciante jogo de computador circula entre os estudantes, mas ninguém fala disso abertamente. As regras do jogo são extremamente rígidas. Cada jogador tem apenas uma oportunidade e se perder nunca mais pode entrar no jogo; deve estar sempre sozinho e não pode falar a ninguém sobre o seu jogo. Quem violar estas instruções é também eliminado. O jogo é inteligente e interage com o jogador como se o vigiasse constantemente. As missões atribuídas devem ser concretizadas no mundo real.
Quando Nick Dunmore começa a jogar, sente-se de imediato absorvido, aprende as regras e avança rapidamente; contudo, vê-se forçado a questionar as implicações deste jogo perigoso. Qual o verdadeiro objectivo? E que segredo esconde?

Opinião
Nunca tive o hábito de ocupar o meu tempo livre com videojogos – com excepção do The Sims que ainda hoje suscita em mim um certo interesse e, ocasionalmente, vira o centro das minhas atenções (bem posso culpar as tecnologias por este vício!). Talvez por isso o mundo criado por Ursula Poznanski se tenha apresentado fascinante, e até algo excêntrico, aos meus olhos ao focar-se numa temática praticamente por mim ignorada e num mundo de vício e perda de controlo que somente conheço de outras fontes. Ou talvez não. Tudo o que sei é que Erebos – É um Jogo. Ele Observa-te. trata-se de uma leitura que em nada se assemelha às páginas que tenho vindo a folhear ultimamente, percorrendo, assim, caminhos imaginativos e por vezes tão, tão reais que as suas palavras chegam a ser aterradoras.

Um CD sem nome circula, de modo obscuro, pelos corredores de uma escola em Londres. Dizem que nele se encontra um jogo revolucionário, diferente de tudo o que existe no mercado, e absolutamente secreto. As regras são simples – cada jogador dispõe somente de uma vida, uma oportunidade, e essa oportunidade deve ser explorada solitária e silenciosamente. Erebos pode, então, aparentar ser meramente um videojogo, inofensivo, como tantos outros, mas o seu conhecimento e poder vão muito para além do ecrã do computador, desvendando particularidades de cada um dos seus intervenientes, exigindo aventuras e demandas no mundo real, manipulando as vidas que deliberadamente atraiu para a sua áspera e medieval teia. Erebos observa-te. Erebos sabe quando uma missão é cumprida e quando não é. E Erebos não vai aceitar nada menos do que aquilo que pede.

A premissa que envolve este romance com laivos de ficção científica é deveras apelativa e em tudo excepcional. As singularidades que a compõem levam o leitor a reflectir sobre a realidade que conhece, sobre as pessoas que sabe viverem intensamente estes mundos virtuais – filhos, primos, tios, pais, amigos – e sobre os perigos que tantas vezes dessas ficções podem advir. Poznanski ilustra esse lado mais negro da fantasia de forma exímia, retratando jovens comuns em situações extraordinárias, face a face com um vício quase impossível de matar, ao mesmo tempo que aborda questões primárias de segurança, obsessão, reclusão e até prioridades numa ambiência palpável e nada imaginária.

Quanto às personagens, estas desempenham um papel fulcral no desenrolar da história, nomeadamente enquanto grupo, ou não fossem elas o motivador principal do universo de Erebos. Nick adquire um certo destaque, um certo protagonismo de modo a criar ligações com o leitor – que se vê impossibilitado do contrário – e tanto a sua interveniência no mundo real como a sua figura no videojogo são de uma complexidade imensa e suficientemente forte e atractiva de modo a manter o leitor interessado.
Em igual medida, a escrita de Poznanski, atenta ao detalhe e às descrições de grande intensidade, ajuda na criação concreta e quase corpórea de tanto a mundo londrino quanto o de Erebos, permitindo ao leitor desfrutar de uma consistência contínua num enredo que se divide entre duas realidades muito distintas.

Os ingredientes estão presentes e bem assentes na narrativa de modo a criar uma obra única, povoada por personagens intrigantes, acontecimentos sombrios e temáticas importantes. Porém, penso tratar-se de uma história que não agradará a todos... Aos que gostam de livros detalhados, onde as sensações estão à flor da página, e as descrições recriam uma ambiência realista então esta é a obra perfeita para se ler ao final do dia ou numa manhã de praia. Se procuram algo leve e despretensioso, que ocupe a vossa mente mas não vos faça pensar muito, então aguardem por uma melhor altura e aí atirem-se a Erebos – É um Jogo. Ele Observa-te.

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