terça-feira, 3 de setembro de 2013

A Hora Secreta, Scott Westerfeld [Opinião]





Título Original: The Secret Hour
Autoria: Elin Hilderbrand
Editora: Topseller
Nº. Páginas: 227
Tradução: Raquel Fidalgo


Sinopse:

Jessica Day chega a Bixby contrariada por deixar Chicago para trás, e as primeiras impressões não são positivas. A pequena cidade é muito quente, a água tem um sabor estranho, e Jessica não demorará a descobrir que este não é o único aspecto peculiar de Bixby.
Logo na primeira noite ela desperta de um sonho esquisito, que lhe revela que é a única pessoa que existe e que o mundo está suspenso no tempo. Rapidamente se aperceberá de que não se trata apenas de um sonho, e nesse momento o seu mundo muda para sempre.
Jessica descobre um restrito grupo de jovens, chamados Midnighters, que consegue mover-se livremente numa hora da noite que não existe para mais ninguém: a 25.ª hora. Durante anos, os Midnighters e as criaturas das trevas partilharam esta hora tentando evitar-se mutuamente. Mas tudo isso muda com a entrada em jogo de Jessica e dos seus poderes secretos.


Opinião:

Quando um romance do fantástico agrega, em si, inovação imaginativa e componentes sobrenaturais absolutamente deslumbrantes, mostrando, ainda, um potencial gigantesco logo no primeiro volume de uma trilogia que promete surpreender, não há como não fazer de mim uma leitora feliz, satisfeita. E embora este fosse um autor já meu conhecido, de outras séries/mundos que tive o prazer de folhear anteriormente, confesso-me maravilhada pela criatividade que, desde cedo, fez por mostrar ao mundo literário actual, com estes seus midnighters.

A Hora Secreta é um momento especial, numa cidade como Bixby. Assombrando os seus habitantes nocturnos, cujas aptidões extraordinárias adquirem novos contornos e potencialidades, com uma atmosfera de luz azul e a presença de criaturas aterrorizadoras, esta, que é a 25.ª quinta hora do dia, traz ao presente tudo aquilo que o passado tentou eliminar. E quando Jessica Day, a rapariga nova, se apercebe de que algo de muito errado se está a passar em tão pequena localidade americana, o que de calmo houve até então, na chamada hora azul, não mais voltará a existir.
Scott Westerfeld é um contador de histórias nato. Existe algo na sua sabedoria enquanto escritor que capta a total atenção dos leitores que experimentam as suas narrativas, e uma vez iniciada uma trilogia ou um universo alternativo ou futurista, esse é um conceito textual que tem de ser descoberto até ao fim. Em Midnighters, particularmente, não creio que toda a sua real capacidade descritiva seja mostrada, levando o leitor a rapidamente viciar-se nas suas palavras, mas sendo esta uma das primeiras obras do autor, a verdade é que também não poderia pedir muito mais.

A forma como a história se inicia, e o modo como Westerfeld a estrutura temporalmente, é muito interessante, principalmente porque, com o desenrolar dos vários acontecimentos que têm lugar, este vai dando ênfase ao que é, realmente, importante—a acção decorrente da hora azul. Ou seja, sendo esta uma trilogia para um público mais jovem adulto, seria de esperar algum realce significativo da vida escolar, nomeadamente por Jessica ser uma recém-chegada e, em acréscimo, ser ainda uma das personagens principais da obra. No entanto, o autor apresenta um pouco desse mundo e, com rapidez e bastante naturalidade, salta a acção para a meia-noite dos dias subsequentes, criando um universo místico e paranormal decididamente único e muito, muito assustador.
Também as personagens, no seu conjunto, são fruto de particularidades de exigência criativa. Cada uma delas guarda em si um segredo, um dom que a distingue de todos os outros colegas inteiramente humanos e que, por isso, lhes permite deambular durante a hora azul. Juntas, elas são uma força possante contra as criaturas que as pretendem destruir, ou, pelo menos, aniquilar Jessica, mas é preciso aprenderem a trabalhar em equipa e, mais importante, a aceitarem-se tal e qual como cada uma delas é—o que, desde logo, é caracterizado como sendo algo difícil, se não mesmo improvável.

Em termos narrativos, Westerfeld escreveu uma história intricada, repleta de momentos de alta tensão e de uns tantos outros que representam a amizade no seu melhor, entre os jovens. Embora com alguns laivos mais românticos, este é, claramente, um texto que visa expor, ao máximo, a camada sobrenatural da trilogia, explorando as várias criaturas e metamorfoses que estas geram entre si, e os elementos que cada uma das figuras de maior destaque possui—factores como a matemática e a pureza dos metais são, somente, alguns conceitos curiosos que podem ser encontrados no interior destas páginas. No final, é deixada em aberto uma questão deveras impertinente... e que, certamente, deixará qualquer leitor em pulgas para saber o que irá acontecer de seguida.
Pessoalmente, A Hora Secreta foi uma história que me surpreendeu muito pela sua qualidade e atenção aos detalhes, não deixando nada ao acaso e instigando, consecutivamente, a curiosidade do leitor quanto ao que cada personagem é capaz de fazer. Gostei especialmente da atmosfera sombria da hora azul e de todas as matizes que esse tempo extra traz consigo, assim como da amizade, forte e pura, que poderá advir da união que estes intervenientes terão, obrigatoriamente, de forjar entre si.
Uma leitura muito jovem e cativante, que facilmente agradará ao público juvenil que procura algo diferente do habitual, nesta que é uma excelente aposta TOPSELLER, uma chancela da 20|20 Editora.

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