Título Original: The Secret Hour
Autoria: Elin Hilderbrand
Editora: Topseller
Nº. Páginas: 227
Tradução: Raquel Fidalgo
Sinopse:
Jessica Day chega a Bixby
contrariada por deixar Chicago para trás, e as primeiras impressões não são
positivas. A pequena cidade é muito quente, a água tem um sabor estranho, e
Jessica não demorará a descobrir que este não é o único aspecto peculiar de
Bixby.
Logo na primeira noite ela desperta
de um sonho esquisito, que lhe revela que é a única pessoa que existe e que o
mundo está suspenso no tempo. Rapidamente se aperceberá de que não se trata
apenas de um sonho, e nesse momento o seu mundo muda para sempre.
Jessica descobre um restrito grupo
de jovens, chamados Midnighters, que consegue mover-se livremente numa hora da
noite que não existe para mais ninguém: a 25.ª hora. Durante anos, os
Midnighters e as criaturas das trevas partilharam esta hora tentando evitar-se
mutuamente. Mas tudo isso muda com a entrada em jogo de Jessica e dos seus
poderes secretos.
Opinião:
Quando um romance do fantástico agrega, em si, inovação imaginativa e
componentes sobrenaturais absolutamente deslumbrantes, mostrando, ainda, um
potencial gigantesco logo no primeiro volume de uma trilogia que promete
surpreender, não há como não fazer de mim uma leitora feliz, satisfeita. E
embora este fosse um autor já meu conhecido, de outras séries/mundos que tive o
prazer de folhear anteriormente, confesso-me maravilhada pela criatividade que,
desde cedo, fez por mostrar ao mundo literário actual, com estes seus midnighters.
A Hora Secreta é um momento especial,
numa cidade como Bixby. Assombrando os seus habitantes nocturnos, cujas aptidões
extraordinárias adquirem novos contornos e potencialidades, com uma atmosfera
de luz azul e a presença de criaturas aterrorizadoras, esta, que é a 25.ª
quinta hora do dia, traz ao presente tudo aquilo que o passado tentou eliminar.
E quando Jessica Day, a rapariga nova, se apercebe de que algo de muito errado
se está a passar em tão pequena localidade americana, o que de calmo houve até
então, na chamada hora azul, não mais voltará a existir.
Scott Westerfeld é um contador de histórias nato. Existe algo na sua
sabedoria enquanto escritor que capta a total atenção dos leitores que
experimentam as suas narrativas, e uma vez iniciada uma trilogia ou um universo
alternativo ou futurista, esse é um conceito textual que tem de ser descoberto
até ao fim. Em Midnighters,
particularmente, não creio que toda a sua real capacidade descritiva seja
mostrada, levando o leitor a rapidamente viciar-se nas suas palavras, mas sendo
esta uma das primeiras obras do autor, a verdade é que também não poderia pedir
muito mais.
A forma como a história se inicia, e o modo como Westerfeld a estrutura
temporalmente, é muito interessante, principalmente porque, com o desenrolar
dos vários acontecimentos que têm lugar, este vai dando ênfase ao que é,
realmente, importante—a acção decorrente da hora azul. Ou seja, sendo esta uma
trilogia para um público mais jovem adulto, seria de esperar algum realce
significativo da vida escolar, nomeadamente por Jessica ser uma recém-chegada
e, em acréscimo, ser ainda uma das personagens principais da obra. No entanto,
o autor apresenta um pouco desse mundo e, com rapidez e bastante naturalidade,
salta a acção para a meia-noite dos dias subsequentes, criando um universo místico
e paranormal decididamente único e muito, muito assustador.
Também as personagens, no seu conjunto, são fruto de particularidades de
exigência criativa. Cada uma delas guarda em si um segredo, um dom que a
distingue de todos os outros colegas inteiramente humanos e que, por isso, lhes
permite deambular durante a hora azul. Juntas, elas são uma força possante
contra as criaturas que as pretendem destruir, ou, pelo menos, aniquilar Jessica,
mas é preciso aprenderem a trabalhar em equipa e, mais importante, a
aceitarem-se tal e qual como cada uma delas é—o que, desde logo, é
caracterizado como sendo algo difícil, se não mesmo improvável.
Em termos narrativos, Westerfeld escreveu uma história intricada, repleta
de momentos de alta tensão e de uns tantos outros que representam a amizade no
seu melhor, entre os jovens. Embora com alguns laivos mais românticos, este é,
claramente, um texto que visa expor, ao máximo, a camada sobrenatural da trilogia,
explorando as várias criaturas e metamorfoses que estas geram entre si, e os
elementos que cada uma das figuras de maior destaque possui—factores como a
matemática e a pureza dos metais são, somente, alguns conceitos curiosos que
podem ser encontrados no interior destas páginas. No final, é deixada em aberto
uma questão deveras impertinente... e que, certamente, deixará qualquer leitor
em pulgas para saber o que irá acontecer de seguida.
Pessoalmente, A Hora Secreta foi
uma história que me surpreendeu muito pela sua qualidade e atenção aos
detalhes, não deixando nada ao acaso e instigando, consecutivamente, a
curiosidade do leitor quanto ao que cada personagem é capaz de fazer. Gostei
especialmente da atmosfera sombria da hora azul e de todas as matizes que esse
tempo extra traz consigo, assim como da amizade, forte e pura, que poderá advir
da união que estes intervenientes terão, obrigatoriamente, de forjar entre si.
Uma leitura muito jovem e cativante, que facilmente agradará ao público
juvenil que procura algo diferente do habitual, nesta que é uma excelente
aposta TOPSELLER, uma chancela da 20|20 Editora.
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