Título Original: Where She Went
Autoria: Gayle Forman
Editora: Editorial
Presença
Colecção: Noites Claras,
N.º 19
Sinopse:
Passaram três anos desde que o amor de Adam ajudou Mia a
recuperar após o trágico acidente que vitimou a sua família – e três anos desde
que Mia decidiu afastá-lo da sua vida sem lhe dar explicações. Quando uma noite
os seus caminhos se cruzam na cidade de Nova Iorque, ambos têm a oportunidade
de se confrontar com os fantasmas do passado e de abrir o coração ao futuro.
Mas conseguirão perdoar-se um ao outro antes de cada um ter de regressar à vida
tal como a deixaram?
Opinião:
Quando se ama, se ama
verdadeiramente alguém, com todo o nosso ser, com tudo o que possuímos e tudo o
que somos, ficamos eternamente marcados, eternamente ligados a essa pessoa,
aconteça o que acontecer, quando acontecer. Mas assim que a separação dá de si
e o fio se estria, se quebra, o vazio sentido é, sempre, por demais e a única
solução com vista à estabilidade física e emocional passa, muitas vezes, pelo
esquecimento, pelo seguir em frente, mas sem nunca perder a ínfima esperança de
reaver o que outrora foi nosso, o que outrora fez parte de nós. Aqui, temos a
perspectiva de Adam, sobre aquele que foi—e será—o grande amor da sua vida.
Espera por mim é, muito
provavelmente, das continuações, por mim, mais aguardadas do ano,
principalmente tendo em conta o quanto me identifiquei com Se eu Ficar, e o quanto ansiava conhecer, mais a fundo, uma
personagem que tanto me marcou, Adam. Sobre perdas e rupturas, sobre desilusões
e decisões difíceis, reencontros inesperados e sentimentos que não se
extinguem, esta é uma história absolutamente incrível, e pulsante, sobre um dos
temas mais delicados de se escrever—o amor.
Gayle Forman tem uma
das escritas mais bonitas e envolventes que conheço, principalmente tendo em
conta o género em que escreve, cativando, assim, continuamente o seu leitor a
querer, não só, descobrir mais dos seus mundos, mas, e também, mais das suas
personagens. Com rapidez, esta é uma autora que cativa pelas descrições simples
e intimas, pessoais, dos escritos na primeira pessoa, e que deslumbra pelos diálogos
naturais e, muitas vezes, divertidos e românticos.
A dor é um dos
sentimentos mais palpáveis, mais bem retratados neste romance, a par com o enorme
desespero de Adam, a sua sensação de impotência, de vazio, de tormento, de
ruptura psicológica. Mas também o perdão é algo que impera, um fio de esperança
no meio da solidão, da multidão que nada nos diz, que não nos é nada. E esse
perdão, esse vislumbre de salvação, de felicidade, é o ponto catalisador que
embala o leitor nesta viagem de um só dia (no presente), e de tantas outras
vidas (no passado), de duas personagens que, depois de Se Eu Ficar, já nos são imensamente queridas. Por inúmeras vezes
torci por elas, pelo reencontro que lhes fugiu por entre os dedos, pelo amor
que se viu camuflado, escondido face um futuro em separado. Incontáveis foram,
também, os momentos em que a agonia de Adam foi a minha angústia e em que a
vontade de Mia foi o meu desejo.
Muito para lá da
emocionante história que envolve estas duas personagens singulares, estão
pequenos pormenores descritivos e de enredo que, na minha perspectiva pessoal,
fazem toda a diferença. Estruturalmente falando, Forman dividiu a trama em dois
momentos distintos no tempo—o passado, onde o leitor tem a oportunidade de
rever e obter mais detalhes, mais informações sobre o período comatoso de Mia
na perspectiva de intervenientes externos; e o presente, onde o leitor segue as
passadas famosas de Adam, agora uma estrela da rock, num mundo, universo, que não
o completa—, estando a real beleza da criatividade da autora presente nos
excertos das letras do álbum Collateral Damage, escritas por Adam e profundamente dedicadas às emoções que o atingiram
durante a ausência de Mia, e que, a cada capítulo par, vai abrindo os
horizontes do leitor para a avalanche de sentimentos e ressentimentos
existentes no decorrer da acção.
Houve qualquer coisa
neste romance em particular que simplesmente me seduziu, e me manteve cativa
durante toda a narrativa, ainda que esta tenha sido algo breve. Inicialmente,
confesso que tive uma certa dificuldade em voltar a ambientar-me ao mundo de
Adam e Mia, pois muitas das situações chave de Se Eu Ficar estavam, na altura, meio apagadas e confusas e própria
história não fornece informação retrospectiva suficiente para ajudar o leitor a
enquadrar-se, mas a personalidade de Adam, o rancor que o percorre, a raiva
contida, o sarcasmo inocente foram tão
apelativos, tão fascinantes, que rapidamente me vi apaixonar por um intelecto
sofredor que se viu rejuvenescer uma vez reencontrada a sua amada. Muitos foram
os pormenores que me enterneceram, e é, sem dúvida, com grande saudade que
abandono estas duas personagens que tanto me disseram, tanto me ensinaram a
viver.
Uma aposta magnífica
por parte da Editorial Presença, numa autora que escreve
maravilhosamente dentro do género YA
contemporâneo, e que espero, em breve, vir a conhecer mais profundamente.
Gostei muito. Mesmo.
Descubra mais sobre
este livro em: Espera por Mim
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