domingo, 21 de julho de 2013

Emoções Proibidas, Jess Michaels [Opinião]




Título Original: Everything Forbidden
Autoria: Jess Michaels
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 254
Tradução: Maria Ponce de Leão


Sinopse:

Durante vários verões Miranda Albright viu - horrorizada, mas vergonhosamente excitada - o seu perverso vizinho Ethan Hamon, o notório conde de Rothschild, «entreter» uma sucessão de amantes nos terrenos da sua propriedade. Agora que o pai dela morreu, deixando para trás uma montanha de dívidas, Miranda deve fazer o impensável. Ethan prometeu apoiar as suas irmãs mais novas, financeira e socialmente, por um preço escandalosamente caro: Miranda deve oferecer-se completamente ao conde durante três meses, sem remorsos e sem restrições. Noventa dias e noites de sensualidade desenfreada esperam-na nos braços de um galã que vê a sua submissão como nada mais do que um grande jogo erótico. Porém, nem Miranda nem Ethan percebem que fogo arde por detrás de um rubor inocente. E assim que a paixão dela é desencadeada pelos lábios e pelo toque de Ethan, é a aluna que vai ensinar ao professor os caminhos do prazer proibido... e do amor.


Opinião:

Enquanto observadora em silêncio, por entre a brumosa vegetação de uma propriedade para si interdita, Miranda experienciou algumas das sensações mais excitantes e emocionantes da sua tenra vida, mas quando as imagens percepcionadas, de tão proibidas e escandalosas que são, representam uma constante na sua mente jovem e inocente que pouco ou nada sabe sobre o amor, a paixão ou a volúpia, o que fazer para apagar, amainar, o fogo crescente que lhe arde no peito?
Embora partilhar o seu corpo e a sua arte com mulheres sozinhas ou experientes seja algo que não só se mostra extremamente prazenteiro como absolutamente natural, para Ethan o mesmo já não se pode dizer quando é o coração o órgão a querer falar mais alto, talvez até com intenções de proclamar amor eterno e fiel a uma jovem cuja pureza se torna tão inebriante, tão escaldante, que resistir-lhe é tarefa impossível.

Emoções Proibidas é o terceiro romance que leio desta autora, que sabe, exactamente, como me encher as medidas com as suas histórias breves mas repletas de significado, emoção e sensualidade. Em poucas páginas, Jess Michaels tece algumas das mais belas teias envolvendo personagens egoístas no que diz respeito ao prazer, e sofredoras quanto ao passado que as embala em presentes pouco dignos e tortuosamente solitários.
Com uma escrita algo encantatória e poética, ao mesmo tempo que apresenta uma certa profundidade no desenvolvimento da relação entre o casal protagonista, Michaels pontua, ainda, o seu enredo com descrições curtas e assertivas dando, assim, primazia aos diálogos que são, muitas vezes, divertidos e sensuais e, claro, aos intensos momentos de efusão carnal espalhados um pouco por todo o romance.

Albright, a mais velha de quatro irmãs, é conhecida pela sua sensatez ao, muitas vezes, ser envergonhada, em público, por uma mãe que parece não saber as principais regras do decoro, e pelas inúmeras propostas de casamento que recusou, principalmente após a morte do seu pai e do acréscimo de responsabilidades face uma ruína precoce e inesperada e uma família que tira prazer no materialismo. Incapaz de se entregar a um matrimónio sem amor ou paixão, Miranda concentra-se no presente e no que terá de fazer para garantir uma oportunidade de felicidade a cada uma das irmãs, sobretudo a Penelope, que mais do que uma familiar é, também, a sua melhor amiga e mais querida confidente. O que Miranda nunca ousou imaginar é que as suas acções, por mais bem intencionadas que sejam, serão alvo das mais avassaladoras e desastrosas emoções...
Rothschild, um homem de reputação inigualável, embora aprecie a habitualidade e secretismo magnetizante da sua residência de verão e do que, dentro das suas paredes, se passa, depara-se, na actualidade narrativa, com um dilema de proporções desastrosas: deverá, ou não, seguir a sua vontade de não levar uma dama para o seu «palácio»? E caso o faça, o que deverá fazer durante todo o monótono período mais quente do ano? A resposta chega-lhe na forma de uma figura esbelta mas em desesperada necessidade de ajuda, no entanto, nada o poderia, alguma vez, ter preparado para as consequências do acto que aquela visita nada aguardada irá proporcionar...

Ainda que os detalhes sejam um factor de enorme importância para Michaels, neste romance em particular, notei uma atenção especial ao conceito de família, com distinta incidência no lado de Miranda, que me deixou, irrevogavelmente, maravilhada. Inserindo, assim, um pouco mais de essência e conteúdo a um enredo de forte componente íntima, a autora encanta, e embala, o seu leitor ao presenteá-lo com explícitos dilemas familiares que em muito marcarão o desenvolvimento da acção. Penelope, instintivamente, é um sólido exemplo disso mesmo. Embora seja uma personagem de cariz secundário, ao representar parte da razão de muitas das cedências de Miranda a um homem como Ethan, os alicerces que daí foram quebrados alteraram toda a dinâmica da trama, provocando, desse modo, toda uma série de situações intrínsecas nada fáceis de resolver. Tenhamos, nomeadamente, em conta a nota final de Emoções Proibidas. Como irá Penelope reagir agora que o seu casamento já não é mandatório? Forçar-se-á a uma aliança desprovida de amor?
Também a ambiência criada em torno deste primeiro volume da série Albright Sisters—da qual já conhecemos a história de Cassandra Willows (que tem uma pequena mas muito interessante aparição neste romance), e de Beatrice Albright—, mais sensual e intimidante que nunca, com constantes incidências de provocação nata, foi uma surpresa que me agradou sobremaneira. A propriedade de Rothschild, como principal pano de fundo, é como um cenário idílico do prazer, palco dos mais impensáveis actos de sensualidade possíveis, que contrasta peculiarmente com a opulência dos dois bailes presentes na narrativa, onde ditam as regras que os bons modos são essenciais.

Quanto a mim, adoro quando um livro tem o poder de me surpreender, mesmo quando julgo conhecer o estilo do seu autor, mesmo quando penso saber o caminho que as personagens irão trilhar. E são essas narrativas, histórias como esta—que de tão simples, de tão palpáveis e humildes pouco ou nada de novo se espera—que me dão real prazer folhear, pela componente familiar que o enredo oferece ao leitor experiente mas, ao mesmo tempo, pelo sobressalto, pela surpresa que espreita sempre ao virar da esquina. Michaels é uma autora que aprecio sobremaneira e cujas tramas me fazem vacilar entre o entretenimento puro e a sua brevidade característica. Gosto muito das suas personagens e as irmãs Albrigh eram já figuras, desde romances como Tabu e Força do Desejo, que aguardava, expectante, conhecer mais profundamente. Miranda foi, tal como imaginava, um prazer inesperado de descobrir, com uma devoção à família e uma vontade ingénua de sentir paixão, de ser amada, avassaladoras, mas também Ethan foi alguém que adorei desvendar, mesmo possuindo algumas especificidades comuns de uma personagem do seu calibre.

Uma aposta forte que continua a arrebatar corações, por parte de uma das nossas editoras mais femininas, Quinta Essência, adequada para apreciadores de autoras como Cheryl Holt e Elizabeth Hoyt, que conferem uma componente sólida de sensualidade aos seus enredos, ao mesmo tempo que desenvolvem uma narrativa de bailes e beijos roubados numa das mais belas épocas inglesas, a Regência.

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