Título Original: Blood Brothers
Autoria: Nora Roberts
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 269
Tradução: Fernanda
Semedo
Sinopse:
Na pacata cidade de
Hawkins Hollow, três amigos que partilham a mesma data de aniversário fogem
para os bosques para uma noite de divertimento. Mas o que era apenas uma
brincadeira rapidamente se transforma num pesadelo quando o juramento de irmãos
de sangue que fazem liberta uma maldição de trezentos anos.
Vinte e um anos depois,
Cal Hawkins e os seus amigos assistem a uma semana de tragédias inexplicáveis que
assombram a sua cidade, e que se repete a cada sete anos. Quinn, uma famosa
jornalista, está decidida a descobrir a maldição que paira sobre Hollow e,
apesar dos protestos de Cal, fará tudo para desvendar esse mistério. Mas quando
os primeiros sinais malévolos voltam a surgir, não é apenas a sua terra que Cal
tem que proteger, mas também o seu coração.
Opinião:
Quando o que começa
como uma simples brincadeira, como um acto de rebeldia e união entre irmãos, se transforma na libertação de
um mal há muito escondido, há muito guardado e há muito combatido, nada poderia
preparar nenhuma das três jovens crianças para o que daí adviria... e mesmo
vinte e um anos depois, sem respostas, sem certezas, sem quaisquer promessas de
segurança, o medo, a insânia e o forte sentido de protecção persistem ao longo
de sete dias... no sétimo mês de cada ano... de sete em sete anos...
Irmãos de Sangue trata-se de uma narrativa introdutória, de uma primeira parte de três
romances, onde se encontram descritas as várias consequências – e iniciais
batalhas – criadas em resposta a um gesto inocente partilhado entre três
jovens, em comemoração de um aniversário em conjunto. Embora seguindo, neste
volume inicial, e com maior ênfase, as pegadas de Cal, Nora Roberts não se coíbe
de mostrar duas histórias secundárias, dois caminhos que mais tarde se juntarão
num só, enquanto evidencia, instiga e desvenda alguns dos mistérios presentes
na maldição do rapaz dos olhos vermelhos.
Nora Roberts era, até
então, uma autora «desconhecida» no meu reportório pessoal, contudo, foi com
grande expectativa que parti para a leitura desta sua trilogia sobrenatural.
Dotada de uma escrita dinâmica e duplamente divertida, este primeiro contacto
traduziu-se numa surpresa agradável e, sem dúvida, constante. O seu humor e
leveza são notáveis, assim como o seu sentido de espaço, de acção e de tempo. E
ainda que não desenvolva, a meu ver, os sentimentos das personagens até ao máximo
das capacidades das mesmas, fica a curiosidade e a vontade de descobrir mais,
de ler mais, de saber mais.
Muitos são os rostos
que dão luz a este romance, e que perspectivam um futuro incerto e doloroso,
peculiar, mas nenhum é tão hilariante, gracioso e cativante quanto Quinn. Uma
experiente em assuntos do sobrenatural e do inexplicável, Quinn é atraída até
Hollow pela promessa de uma história verídica de enorme sucesso, mas nada
poderia prever que, no caminho de tal mistério, um amor imenso e inebriante
surgiria como fruto de uma relação intempestiva entre dois antepassados. E são
essas altercações que divisa com Cal, sempre recheadas de muito humor e ironia,
sarcasmo, o ponto forte de toda a narrativa. Uma autêntica mulher de armas,
Quinn foi a personagem que, para mim, mais se destacou. Como seu par, Cal é
igualmente forte e destemido, aventureiro e caloroso, mas não ao ponto de fazer
frente a uma protagonista deste
calibre.
Para segundo plano,
ficam figuras semelhantemente importantes mas que, devido ao foco da acção, não
desfrutaram de um tão intenso e activo «tempo de antena». Contudo, destaco Gage
pela sua personalidade estranhamente enigmática, e Cyb, pelo lado cigano e excêntrico,
protector, que a define. Quanto a Fox e Layla, que ainda assim tiveram um maior
realce que os dois anteriores, pouco há para dizer. Fox tem uma personalidade
interessante e que, de certo modo, cativa e atrai o leitor, mas o mesmo não
acontece com Layla. Um pouco apagada e sem grande espírito de iniciativa, esta é
uma interveniente que, por enquanto, muito deixa a desejar...
É um facto que o enredo
se apresenta um pouco previsível e linear nos acontecimentos narrados, mas os
diálogos perspicazes e as breves descrições são um trunfo inteligente que, em
certa medida, camufla e faz esquecer essa componente mais perceptível da trama.
Porém, é igualmente devido a essas exposições quase cinematográficas que, na
recta final, a história peca pela súbita rapidez com que se conduz. É que
aquele que deveria ser o grande momento de suspense
em Irmãos de Sangue, de luta e de
revolução, acabou por não só se ver afrouxado, como praticamente desprovido de
qualquer importância.
Outro aspecto que
considero bastante positivo centra-se na quantidade de informação e de
desenvolvimento em torno dessa pesquisa, dessas pistas e acontecimentos, um
pouco presente em todo o livro. Foi gratificante ver as personagens importarem-se com o que está a acontecer e em
procurar respostas e soluções para os problemas, ao invés de tudo lhes ser
entregue de mão beijada.
Quanto a mim, esta foi
uma leitura com o seu quê de novo e
de surpreendente, que fluiu com impecável naturalidade. Por diversas vezes me
senti atraída para a história, para Hollow, para o dia-a-dia destes protagonistas
atormentados pela presença do mal, e, mais, fui percorrida por um ou dois
arrepios devido ao conteúdo da mesma. Além de que, como se pode constatar,
Quinn foi uma personagem que me conquistou por completo e que, juntamente com
Cal – e com todos os outros, também – me faz rir e sorrir, aliviando assim o
ambiente mais negro e sombrio assente em Hollow.
Incrivelmente curiosa
com a continuação, esta foi uma boa aposta por parte da Chá das Cinco,
uma chancela Saída de Emergência, num romance que, embora tenha os seus altos e
baixos, acabou por se transformar numa aventura verdadeiramente sedutora,
fascinante. Gostei.
4 comentários:
Boa!Fico contente que tenhas gostado. :)
Adoro os livros da Nora Roberts!
Ainda não li este mas depois de ler a tua opinião fiquei uma enorme vontade de o fazer.
Achei curioso dizeres que a protagonista é a personagem mais forte do livro, não duvido! Já li vários livros da autora e, para mim, o ponto mais forte dos seus livros é precisamente esse: a garra da personagem principal feminina.
Roberts é das minhas autoras favoritas de romance contemporâneo. Já tinha adicionado este livro à minha wishlist e agora ainda fiquei com mais vontade de o ler.
Excelente crítica, já agora! ;)
Gostei sim, Anokas. Agora é esperar pelo próximo, eheheh, que não falta muito e está aí. =)*
Obrigada, Sónia, deixaste-me muito contente com o teu comentário. =) Espero que tenhas oportunidade de ler este livro em breve, é giro e a protagonista feminina é fenomenal!*
Boa, Niatara. Assim sendo, penso que vais apreciar bastante este livro. espero que sim. =) Obrigada!*
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