Não. Mais uma vez, a situação repete-se: ainda não li o livro, mas...
... se tiver um terço –
sequer! – do entusiasmo do filme, o melhor é deixá-lo ficar onde está. É que o
que começou por ter uma premissa assaz interessante e de entretenimento puro,
recheada de adrenalina pulsante e suspense
constante, acabou por se transformar numa desilusão de proporções
inimagináveis! A história em si, sem quaisquer devaneios pelo meio, é bastante
simples, e se, primeiramente, detinha todos os ingredientes certos para «vingar»
no seu género, talvez tenha sido pelas opções criativas do realizador, talvez
pelo talento – questionável, tendo em conta a experiência no ramo – dos
argumentistas, a verdade é que o produto final teve um resultado deveras fraco
e, atrevo-me a dizer, algo aborrecido
até.
Estruturalmente, esta é
uma cinematografia que não apresenta surpresas nem percalços no seu percurso. O
que mostra, e isso sim, é a garra e génio de um actor que tem vindo a agradar,
cada vez com maior intensidade, a um público mais diversificado – e refiro-me,
claro está, a Matthew Fox. Isolando-se na persona
de um maníaco sem escrúpulos, que retira prazer ao inflectir dor a terceiros,
ao presenciar o sofrimento de outros, esta é uma personagem que, para ser
credível, para ser sustentável, tinha, obrigatoriamente, de ter um actor, um
rosto, uma voz, que lhe desse força, que se deixasse levar pela loucura e pela
excentricidade do próprio Picasso. E Matthew Fox desempenhou, aqui, um papel
soberbo, impecável, criando, inclusive, um certo desconforto no espectador.
Quanto aos seus
co-protagonistas Alex Cross (Tyler Perry) e Thomas Kane (Edward Burns), a
decepção vai, em igual medida, para ambos – e isto já para nem falar, por
exemplo, da performace de Jean Reno.
É que se, num lado, temos um Alex Cross demasiado contrito, desmotivado, sem
grandes expressões emotivas ou vivacidade, no outro encontra-se um Thomas Kane
igual a si mesmo, com muita naturalidade e pouca – ou nenhuma –
espectacularidade, excelência. E ainda para mais, e isto sim não ajudou em nada,
a relação tecida entre as duas personagens – e os dois actores, por
consequência – surgiu imensamente forçada, com diálogos «estranhos» e afectados
e gestos bruscos e sem grande sentido.
Outro ponto a desfavor
– e dos grandes! – é a realização de Rob Cohen, o que foi factor que me apanhou
totalmente desprevenida. É que para quem não sabe, das mãos deste senhor saíram
sucessos como xXx, The Fast and the Furious (Velocidade Furiosa) e, o meu preferido, The Skulls (Sociedade Secreta), o que quer dizer, que seria de esperar escolhas
criativas arrojadas, cheias de acção e adrenalina, mas com movimentos limpos, e
isso foi tudo o que não encontrei. A típica hand-held camera, ou seja, câmara de mão, propícia a ser utilizada
em películas catastróficas, é aqui vista
em força e, pessoalmente, em momentos escusados pois a percepção que o
espectador adquire da acção corrente fica substancialmente reduzida. Sim, esta
é uma técnica muito usada para implementar audácia, pressa, perigo, mas, neste
caso em particular, neste filme em específico, não creio que tenha resultado.
Findo o filme, a
vontade que fica em ler o livro não é grande, confesso, pois o receio de que
seja «mais do mesmo» ou simplesmente um fiasco é gigantesco, mas cresce, e isso
sim, o desejo de que Matthew Fox, ou melhor, de que Picasso fosse/se tornasse
uma figura de destaque e de presença obrigatória em qualquer produção futura
desta série (?!). Infelizmente, não
correspondeu às expectativas, mas, em todo o caso, não deixou de ser a razão, o
motivo para um serão diferente.
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