quinta-feira, 1 de março de 2012

Mil Noites de Paixão, Madeline Hunter



Título Original: Lord of a Thousand Nights
Autoria: Madeline Hunter
Editora: ASA
Nº. Páginas: 334
Tradução: Ana Álvares


Sinopse:

Eles não têm absolutamente nada em comum. Lady Reyna é uma mulher virtuosa e erudita, que preferia morrer a quebrar uma promessa ou voto.
Ian de Guilford é um sensual mercenário, um cavaleiro errante cujo temperamento fogoso lhe valeu a alcunha de Senhor das Mil Noites.
Ela não conhecia a sua fama quando, fazendo-se passar por cortesã, transpôs as linhas inimigas com um plano desesperado para salvar o seu povo. Agora que está frente a frente com o guerreiro cujos encantos, diz-se, é impossível resistir, Reyna apercebe-se de que subestimou o seu inimigo. Ele está decidido a tudo para subjugar a sua virtude. A bem do seu povo, ela não pode ceder... e a sua audácia leva-a a fazer algo com que nunca sonhou: pôr em jogo o seu coração.


Opinião:

Numa época pontuada pelo desespero da guerra e pelo sangue das lutas, dois corações batem em uníssono. Enquanto um anseia pela glória da conquista e o conforto do dinheiro, o outro sofre pela incapacidade de proteger o seu povo e o seu castelo, ao mesmo tempo que os dois corações pulsantes, em frentes distintas, farão de tudo – até o inimaginável – para alcançar o seu propósito... sem nunca sonharem que, em conjunto, seriam a outra metade um do outro.

Mil Noites de Paixão é o avassalador regresso a uma autora que tanto admiro e estimo. Madeline Hunter faz parte do meu restrito leque de escritoras favoritas – e obrigatórias! – tanto mais pelo seu incomparável e insubstituível talento como pelos deliciosamente saborosos e genuínos enredos que partilha com os seus leitores e fãs. Para mim, esta é uma autora cujo estilo muito próprio e singular de escrita é capaz de me arrebatar por completo, levando-me a experienciar, quase em primeira mão, todos os conflitos, dúvidas e catástrofes amorosas e sociais – e não só! – pelas quais as suas personagens têm de encontrar um meio de escape e, por vezes, de aceitação face o inevitável. Um intricado narrativo espectacular e incrivelmente sólido, repleto de intensas surpresas e estupefactas reviravoltas alucinantes, de deixar o leitor totalmente rendido.

Ian de Guilford é o protótipo perfeito de um guerreiro inteligente e ávido por descoberta, que sabe comandar uma frente e vencer qualquer batalha. Destemido, corajoso e homem de um carisma e poder de sedução notáveis, com uma reputação que o precede, este é um lutador que não tem medo de correr riscos e de fazer por alcançar os seus objectivos. O problema começa quando uma jovem e algo atraente mulher decide fazer uso de uma experiência que não tem para o cativar – até matar – de modo a impedir os seus esforços em conquistar território escocês. Mas nem mesmo quando essa hipótese é eliminada, o coração de Guilford conseguirá algum descanso. É que esta mulher recusa-se a ser subjugada à vontade de um desconhecido e, acima de tudo, não aceita ser uma vítima. E muito devido a isso, toda uma corrente de sentimentos fortes e travessos tomarão algum do espaço livre bem dentro do peito de Ian, de forma a que este seja obrigado a confrontar-se com uma série de questões às quais esperava conseguir escapar imune.
Lady Reyna somente tem um receio – não ser capaz de oferecer segurança àqueles que tanto ama e que tanto fazem pelo seu castelo. Viúva precoce, cobiçada por uns e desdenhada por outros, ela é uma jovem mulher habituada à comodidade da solidão e aos livros que sempre a acompanham, uma pequena parte do legado deixado pelo seu marido que, aparentemente, muitos segredos escondeu. Contudo, quando se vê entre a espada e a parede, de mais do que um lado, escolhas precipitadas e impensadas terão de ser feitas... mesmo que, no final de contas, apenas lhe reste antagonizar o homem que, em última instância, lhe poderá conceder a liberdade de que precisa. Mas as questões do coração são demasiado complicadas e a sua mente tem, forçosamente, de estar centrada naquilo que pode fazer pela sua casa e a sua «família». Conseguirá Reyna reter a paixão que, gradualmente, insiste em a consumir?

Parte da beleza deste romance em particular reside no pormenor de Madeline Hunter presentear, numa constante, o seu leitor com aparecimentos, uns mais breves do que outros, de personagens que tomaram as rédeas do protagonismo em obras anteriores. E talvez por ser possível encontrar intervenções por parte dos casais de Casamento de Conveniência e de O Protector, a ligação tecida entre leitor e livro seja mais rápida e, também, bastante mais fervorosa e veemente. É que se não bastasse a própria descoberta e conhecimento das novas personagens que conferem «aquele» encanto muito especial à narrativa em si, o facto de o leitor ter oportunidade de matar algumas saudades faz com que a leitura sofra toda uma nova e incontrolável explosão de emoções e necessidade em prosseguir entre as páginas capaz de deixar, mesmo o mais impulsivo dos leitores, atordoado. E isso, só Hunter consegue fazer.

O enredo, muito ao estilo que a caracteriza, apresenta-se interessante e decididamente apelativo. Tendo em conta todas as disputas criadas entre os dois protagonistas, não há como fugir ao divertimento puro e à ânsia de ver quando é que o coração vai, finalmente, falar mais alto. A situação da guerra, dos ódios que atingem mais do que uma família e território, das segundas intenções que fazem mover peças importantes de um puzzle algo enigmático e de uma fortuna extremamente cobiçada, a par de um turbilhão de sentimentos românticos partilhados tanto entre os casais de viagens passados como por Ian e Reyna, perfazem de Mil Noites de Paixão um romance de época preenchido com todos os ingredientes certos. A acompanhar uma escrita agradável, maravilhosa e que impulsiona à leitura, não me restam dúvidas de que este é um livro obrigatório tanto para quem segue o trabalho da autora e/ou gosta deste género de histórias, como para quem nunca experimentou e pensa na hipótese de percorrer estas incríveis e apaixonantes páginas.

Pessoalmente, esta foi a obra que mais gostei de todo o reportório da autora que tive o prazer de ler até ao momento. Sente-se o cuidado, a atenção dos detalhes, da contextualização histórica, do crescimento das personagens e das ligações que levarão a um culminar de surpresas e paixão totalmente inesperado. Adorei Ian. Adorei Reyna. Adorei o enredo criado para estas personagens. E continuo a adorar Madeline Hunter. E vocês, do que estão à espera?
Mais uma aposta da ASA, que não poderão perder!

2 comentários:

São Freitas disse...

Já li, gostei e acho que quem leu "O casamento de conveniencia" e "o protector" vai adorar este livro porque nele entram todos os personagens dos dois livros anteriores com os respectivos desenvolvimentos das suas vidas.

Pedacinho Literário disse...

Precisamente, Maria. Acho que esse ponto em comum, com as personagens de romances anteriores, é muito giro e apela à descoberta do que lhes aconteceu e como esses acontecimentos vão influenciar – ou não – a história corrente. Adoro Hunter, é uma das minhas favoritas, principalmente neste género.

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